quinta-feira, 30 de setembro de 2010

DIA MUNDIAL DA MÚSICA CELEBRA-SE EM FAFE


Para comemorar o Dia Mundial da Música, esta sexta-feira, 1 de Outubro, o município de Fafe convidou a Orquestra Juvenil da Banda de Revelhe e a Academia de Música José Atalaya.
O espectáculo realiza-se no Teatro-Cinema de Fafe, com início marcado para as 21h30 e representa a celebração da música por valores emergentes da cidade.
Na primeira parte, actua a Orquestra Juvenil da Banda de Revelhe, sob a direcção do maestro Paulo Pereira e interpreta temas como Valencia passo doble (Gaetano Vinci), Mars – "The Planets" (Gustav Holst), The Phantom Of The Opera Medley (Andrew Lloyd Webber), Hallelujah (Arr: Frank Bernaerts), One Moment in Time (John Higgins), Carmen Miranda – Medley (Arr: Valdemar Sequeira) e Ravanello – Marsch (W. Joseph).
Na segunda parte intervém a Orquestra de Sopros Academia de Música José Atalaya, com direcção de Orquestra de Cristina Cunha e direcção de Coro de Carla Lopes e interpreta Lord of the Dance (R. Hardiman /Arr. Frank Bernaerts), TinTin – “Prisoners of the Sun” (D. Brossé / arr. J. Meij), Pirates of the Caribbean (K. Badelt / arr. John Wasson), The Blues Factory (Jacob de Haan), Easy Street Rag (Michael Green) e Hino à Música (Coro e Orquestra), de Ramiro Lopes.
Orquestra Juvenil da Banda de Revelhe

A Escola de Música da Banda de Revelhe teve como seu mentor o Sr. Albertino Silva (Lucas). Foi criada com o intuito de proporcionar aos jovens uma formação musical; incutir o gosto pela música e a apetência para a aprendizagem da mesma; promover intercâmbios com outras instituições; promover actividades circum-escolares; contribuir para o desenvolvimento artístico e cultural do concelho. Tem um corpo docente estável e qualificado, tendo como Director Pedagógico da Escola de Música o Prof. Paulo Pereira. Tirando partido dos alunos mais avançados, surgiu a Orquestra Juvenil, proporcionando assim aos jovens o contacto com outros músicos, desenvolvendo o trabalho de grupo bem como para mais tarde fazer parte dos quadros da Banda de Revelhe, tendo sido a sua estreia no dia 22 de Fevereiro de 2008 no Estúdio Fénix. É de salientar que este projecto só é possível porque o filho do mentor da Escola de música, José Albertino Silva, um conceituado empresário fafense, abraçou a ambição do pai, disponibilizando todos os meios necessários para o bom funcionamento da Escola.

Orquestra de Sopros da Academia de Música José Atalaya

Por seu turno, a Orquestra de Sopros da Academia de Música José Atalaya foi criada em 2004 sob a direcção do Professor Victor Matos.
Constituída maioritariamente por elementos ligados à Academia, este grupo tem sabido atrair para o seu seio jovens músicos de outras proveniências que muito têm contribuído para colmatar a falta de alguns instrumentos que a Academia só agora começou a leccionar - Trompete e Trombone - e outros que ainda não lecciona, como a Tuba ou a Percussão, curso muito procurado mas para o qual ainda não temos condições físicas.
Desde 2007 orientada pela professora Cristina Cunha, a Orquestra conta actualmente com cerca de 45 elementos e um repertório que lhe permite fazer concertos integrais, tendo sido bastante solicitada.
No ano lectivo 2008/2009, participou na iniciativa “1001 Músicos” que teve lugar no Centro Cultural de Belém.
Com muitas solicitações anuais, colabora, habitualmente, em iniciativas de carácter cultural e são vários os espaços onde tem actuado.

domingo, 26 de setembro de 2010

DEMAGOGIA FEITA À MANEIRA É COMO QUEIJO NUMA RATOEIRA

A conhecida cantora Lena D’ Água esteve no Teatro-Cinema desta cidade na noite do passado sábado, para uma plateia bem composta, embora fosse expectável uma lotação superior.
A artista reviveu alguns dos seus êxitos mais famosos, juntamente com o fabuloso guitarrista Tahina, que encheu a belíssima sala com o seu virtuosismo.
O Teatro-Cinema voltou a ser elogiado como uma das mais encantadoras casas de espectáculo deste país, o que só pode deixar orgulhosos todos os fafenses.
Aqui e agora apenas gostaria de deixar o poema de uma das músicas interpretadas pela cantora, da autoria (música e letra) de Luís Pedro Fonseca e que faz parte do álbum Perto de Ti (1982).
Os versos já têm quase trinta anos, como se verifica, mas a sua mensagem permanece inteiramente actual, pertinente e acutilante. Basta olhar à nossa volta.
É só ler (com olhos de ler…) e interpretar!


Demagogia

Dão nas vistas em qualquer lugar
Jogando com as palavras como ninguém
Sabem como hão-de contornar
As mais directas perguntas

Aproveitam todo o espaço
Que lhes oferecem na rádio e nos jornais
E falam com desembaraço
Como se fossem formados em falar demais

Demagogia feira à maneira
É como queijo numa ratoeira

P’ra levar a água ao seu moinho
Têm nas mãos uma lata descomunal
Prometem muito pão e vinho
Quando abre a caça eleitoral

Desde que se vêem no poleiro
São atacados de amnésia total
Desde o último até ao Primeiro
Vão-se curar em banquetes, numa social

MEMÓRIA DE CAMILO CASTELO BRANCO POVOOU A QUINTA DO ERMO


Depois do inegável êxito que constituiu a primeira edição (2009) dos Encontros do Ermo, realizados na Quinta do Ermo, em Paços, Fafe, no caso, sobre José Cardoso Vieira de Castro, teve lugar na tarde de sábado, 25 de Setembro, o II Encontro do Ermo, desta feita em torno de aspectos da vida e obra de Camilo Castelo Branco.
Participaram no evento cerca de oito dezenas de pessoas não apenas de Fafe, mas também do Porto e de outras cidades do norte.
A organização foi, como há um ano, da Câmara Municipal de Fafe e do actual proprietário da Quinta e que tão bem restaurou a casa, o Eng. Lourenço Castro.
Foi, assim, um evento voltado para os camilianistas e para os que adoram a mundividência literária do "Torturado de Seide", cuja memória sagrada povoa a encantadora quinta tipicamente minhota, onde o anfitrião e desgraçado José Cardoso Vieira de Castro acolheu, durante mais de um mês, o autor de Amor de Perdição, nos idos de 1860, quando este se encontrava foragido da justiça, pronunciado pelo crime de adultério na pessoa da sua paixão maior Ana Plácido.
Depois das boas vindas debitadas pelo actual dono da casa e pelo vice-presidente do município, Dr. Antero Barbosa, foi apresentada a obra colectiva Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco (Opera Omnia), organizada pelos professores universitários Sérgio Guimarães Sousa e José Cândido de Oliveira Martins, que se encarregaram de demonstrar aos presentes as virtualidades da mesma.
Seguiu-se um momento musical a cargo de um trio de clarinetes da Academia de Música José Atalaya, que, com um programa de música barroca, encantou a assistência.
O Encontro culminou com as comunicações alusivas a obras de Camilo.
O Professor J. Cândido Martins (Universidade Católica Portuguesa – Faculdade de Filosofia de Braga), abordou a faceta do “Camilo dramaturgo e a comédia de costumes”, ressaltando que o conhecido romancista escreveu mais de três dezenas de peças de teatro ao longo de 40 anos, muitas delas sucessivamente representadas. Deteve-se, mais aprofundadamente, em O Morgado de Fafe em Lisboa e em O Morgado de Fafe Amoroso, ou não estivéssemos nas terras do morgado e da “Justiça”…
A segunda comunicação esteve a cargo do Prof. Dr. Sérgio Guimarães de Sousa (Universidade do Minho) que dissertou sobre o tema: «Rir à custa de Calisto e rir com Calisto. Aspectos do cómico n’ A Queda dum Anjo», uma das mais divertidas e emblemáticas obras camilianas.
Finalmente, o Dr. João Paulo Braga, investigador do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica (Braga), falou sobre «Uma cena da tragédia humana no Livro de Consolação», chamando à colação a figura de José Cardoso Vieira de Castro, sobre cuja desdita se debruça a obra.
Finalmente, os presentes puderam conviver animadamente em torno de um verde de honra que encerrou a segunda edição do encontro, que vai ter continuação, não se sabe é com que periodicidade!...
De recordar que as comunicações apresentadas a este evento serão publicadas na próxima edição da revista cultural Dom Fafes, a editar pelo município nos próximos meses.

EM DEFESA DO ESTADO SOCIAL - ALICERCE Nº 1 DA CULTURA EUROPEIA

Hoje os dias gastam-se, fastidiosos e rotineiros, a falar do défice que não pára de crescer, do volume de endividamento que está a tornar o país irrespirável, para não dizer ingovernável, da previsível vinda ou da desnecessidade do regresso do Fundo Monetário Internacional de má memória para obrigar a colocar as nossas contas públicas em ordem, já que não nos revelamos capazes de o fazer pelos nossos próprios recursos.
Pelo meio, há quem acene, com algum oportunismo e absoluto irrealismo, com uma nova revisão constitucional, que peca basicamente pela extemporaneidade, ou seja, introduzir esse mecanismo no quotidiano político será como considerar importante um grupo folclórico a acompanhar um funeral.
Em causa está uma realidade que se costuma apelidar de “Estado Social”, que é equacionado nos debates, na imprensa, nas conversas, na rua, nos comícios, nos fóruns partidários. Ser a favor ou contra - eis a questão...
Mas o que é isso de “Estado Social”, que também leva o nome de “Estado Providência”, ou de “Welfare State” e que, curiosamente, para o economista e ex-governante Bagão Félix, “é o alicerce nº 1 da cultura europeia”?
É o contrário do que muitos teóricos chamam o “Estado Liberal”, uma realidade que vem do século XIX e que se caracteriza por um modelo em que a intervenção do Estado se reduz ao mínimo. Nesta acepção, o Estado não existe, apenas detém uma função reguladora, que, na prática, nada regula, como se sabe. Vigorou, historicamente, até à grande depressão económica dos anos 30 e sobretudo à Segunda Guerra Mundial. Quando as coisas deixaram de funcionar, o modelo faliu e deu lugar ao que se chama Estado de “Welfare”, ou de “bem-estar social”, que pressupôs, desde logo, o aumento substancial das funções do Estado, sobretudo na área das politicas sociais, como sejam a saúde, a educação e a segurança social. É óbvio que ao acréscimo das funções e do peso do Estado correspondeu o aumento da despesa pública e do número de funcionários. Nos nossos dias, segundo especialistas, cerca de 70% do pessoal da Administração Pública trabalha no âmbito das políticas sociais (professores, médicos, enfermeiros, assistentes e educadores sociais, etc.).
Daí que ressurjam vozes a clamar alternativas ao Estado do “Welfare”, assentando na ideia de um estado mais magro, para muitos, o Estado “mínimo”, em que as áreas sociais deveriam ser entregues à iniciativa privada. A revisão constitucional proposta pelo PSD vai nesse sentido de entregar aos privados a exploração de sectores sociais como a saúde e a educação, sobretudo se forem rentáveis, pois, como se adivinha e comprova, aos privados apenas interessam os negócios lucrativos. O resto que fique no “Estado Social”.
Na alma desta acepção do alegado “Estado mínimo” está a ideia de que o que tudo o que é público é ineficiente e que, portanto, há que fazer passar a maior parte das politicas sociais para a esfera particular, como se isso fosse panaceia universal. E não é, claramente.
Imaginemos, por um momento, um país em que o Estado se demitia das suas funções sociais nas áreas da saúde, da educação e da segurança social!...
Um país em que os pobres não têm direito de acesso aos cuidados de saúde, em que um doente terminal não tem lugar nos hospitais, um idoso não é operado a um cancro, porque sem esperança de vida, em que qualquer cidadão só pode ir a um médico se tiver dinheiro e a uma unidade de saúde se possuir um seguro.
Imaginemos um país em que para se frequentar o ensino obrigatório é necessário pagar propinas, sem apoios sociais, e no qual o ensino universitário é pago pelo bolso de cada estudante.
Imaginemos um país em que um desempregado não tem direito ao subsídio de desemprego; em que as famílias pobres não têm direito a qualquer apoio social de inserção ou em que os reformados, depois de uma vida de descontos, usufruem de míseras pensões, se não tiverem feito um seguro de vida.
O “Estado mínimo” é esta caricatura, mais coisa menos coisa, se levada às últimas consequências. É assim que se emagrece o Estado, se recuperam as finanças públicas. De preferência, exterminam-se os portugueses mais pobres, os desempregados, os que recebem prestações sociais e depois a classe média, sobrando apenas os Belmiros, os Mellos e os Berardos para darem sentido e consistência a um Estado forte, rico, produtivo, eficiente, desburocratizado, sem ameaças do FMI ou da porcaria das agências de “rating”. Pretensamente, este tipo de Estado supõe a emergência de uma sociedade forte e independente do Estado. Obviamente!...
Uma utopia, que não passa disso mesmo. Uma ilusão sem tempo nem lugar.

NB. Ficará para outras núpcias a bondade da iniciativa privada, sem tradição nem cultura neste país. Por hoje, gostaria de finalizar com uma nota: a nomeação de Paulo Bento como seleccionador nacional, para além de caricata, é como que acenar com uma bóia a um náufrago sem salvação. Ninguém acredita em Paulo Bento, que nunca ganhou coisa nenhuma, nem nesta selecção, ao ponto a que chegou. Não haveria pior opção? Os jogos que aí vêm vão ser seguramente um penoso exercício de autoflagelação nacional. Serão o paradigma do “Estado mínimo” do desporto português!...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

LENA D'ÁGUA VIAJA PELOS SEUS ÊXITOS MUSICAIS NO TEATRO-CINEMA DE FAFE


A cantora Lena D’Água apresenta uma viagem musical aos seus êxitos dos anos 80, no Teatro-Cinema de Fafe, este sábado à noite, 25 de Setembro, a partir das 21h30.
Um espectáculo de guitarra, acompanhada pelo guitarrista Tahina, e a voz doce de Lena, percorrerá os temas de maior sucesso que a cantora possui.
“Sempre que o amor me quiser”, “Perto de Ti”, "Vígaro cá, vígaro lá", entre outras, farão parte do alinhamento deste espectáculo, que dura cerca de uma hora e meia.
O espectáculo tem momentos de maior intimidade com o público, mas também com momentos de grande interacção, com arranjos musicais de temas para que toda a gente cante.
Um espectáculo a não perder para os amantes da música de qualidade!

BIOGRAFIA:

Helena Maria de Jesus Águas (
Lisboa, 16 de Junho de 1956), conhecida artisticamente como Lena D’Água, é uma cantora portuguesa, filha do antigo jogador de futebol José Águas.
Lena D’Água estreou-se como cantora em Maio de
1976 na festa de finalistas do Liceu de Sintra como vocalista dos Beatnicks, com os quais fez concertos ao vivo entre 1976 e 1978. A última actuação com a banda aconteceu no Coliseu dos Recreios de Lisboa em Março de 1978, a noite em que os Beatnicks fizeram a 1ª parte do concerto de Jim Cappaldi, o ex-vocalista dos Traffic.
Nesse ano de 1978 participa no Festival da Eurovisão em
Paris como coralista e conclui o Curso do Magistério Primário.
Em
1979 grava o single "O nosso livro/Cantiga da babá", Florbela Espanca e Cecília Meireles musicadas por Luís Pedro Fonseca. Grava o seu primeiro disco, para as crianças, "Qual é coisa qual é ela" com adivinhas de Maria João Duarte musicadas por Luís Pedro Fonseca e José da Ponte. Em 1980 é fundadora com Luís Pedro Fonseca e José da Ponte do grupo musical Salada de Frutas. O álbum "Sem Açúcar" é editado em Novembro de 1980 e em Maio seguinte o single "Robot/Armagedom" teve entrada directa para o 1º lugar TOP de vendas.
Forma a Banda Atlântida, em Outubro de 1981. O single "Vigaro Lá Vigaro Cá/Labirinto" sai em Novembro e o álbum "Perto de Ti" em
1982. Foi disco de prata. Em 1983 o single "Jardim Zoológico/Papalagui" tem gravação de videoclips para a RTP. O álbum "Lusitânia" sai em 1984 e foi disco de prata.
Em 1986 edita o álbum "Terra Prometida", que foi disco de prata. Dou-te um doce é o single escolhido. Em 1987 é editado "Aguaceiro", arranjado e produzido por
António Emiliano. Foi disco de prata. Em 1989, gravação e edição do álbum "Tu aqui". Inclui o dueto com Mário Laginha na canção "Essa Mulher", de Joyce e Ana Terra, celebrizada por Elis Regina e também cinco temas inéditos de António Variações.
Em 1993 grava "As canções do século" com Helena Vieira e
Rita Guerra, numa produção musical do maestro Pedro Osório. Foi disco de prata. Este espectáculo foi muito requerido e apreciado e rodou pelo país até finais de 1999.
Entre 1995 e 1996 divide o palco com
Adelaide Ferreira, numa série de concertos ao vivo em que as duas cantoras se fazem acompanhar por um septeto. Os arranjos são do maestro Pedro Osório.
Em 1996 integra pontualmente o grupo de música popular Gallandum em diversos espectáculos. Colabora com a
Brigada Victor Jara nos discos "Novas Vos Trago" de 1999 e "Ceia Louca", de 2005, que foi Prémio Zeca Afonso 2006.
Em 1999 estreia no
Hot Clube de Portugal um concerto dedicado ao repertório de Billie Holiday, que apresentou entre 2000 e 2003. Nesta fase aprofundou os seus conhecimentos musicais no contacto em palco com os músicos da cena jazzística portuguesa.
Em 2000, colaborou na versão da sua canção emblemática “Sempre Que o Amor Me Quiser” gravada pelo grupo angolano
SSP. Também nesse ano gravou com Jorge Palma o tema “Laura”, a canção principal do telefilme da SIC “A Noiva”, incluída no álbum “Perdidamente, as Canções de João Gil“.
Ao fim de 15 anos de auto-exílio da indústria discográfica regressa num registo ao vivo no
Hot Clube de Portugal: "Lena D’Água SEMPRE".
Em 2006 produz a festa de comemoração dos seus 50 anos no Cabaret Maxime. Este espectáculo em três actos foi gravado em DVD.
Dedica-se à ecologia, aos animais de companhia, à pedagogia, à escrita e à pesquisa histórica, e prepara a sua autobiografia.

DISCOGRAFIA

2008Perto de ti (CD)
2007Sempre, ao vivo no Hot Clube (CD e DVD)
2004Terra Prometida/Tu Aqui (CD)
1996Demagogia (colectânea)
1996Sempre Que o Amor Me Quiser - O Melhor de Lena D’Água (colectânea)
1993As Canções do Século – Ao Vivo no Casino Estoril (com Helena Vieira e Rita Guerra)
1992Ou Isto ou Aquilo (para as crianças) (LP e CD)
1989Tu Aqui (LP e CD)
1987Aguaceiro (LP)
1986Terra Prometida (LP)

Com a Banda Atlântida
1984Lusitânia (LP)
1983Papalagui/Jardim Zoológico (single)
1982Perto de ti (LP)
1981Vígaro cá, vígaro lá/Labirinto (single)

Com a Salada de Frutas

1981Robot/Armagedom (Single)
1980Sem Açúcar (LP)

A solo

1979Qual é Coisa, Qual é ela? (LP para as crianças)
1979 - O nosso Livro/ A cantiga da Babá (Single)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

POVO DE BRANDOS COSTUMES

Não há dúvida que somos um país de brandos, brandíssimos, costumes. Deixamos que nos calquem, que nos calem, que decidam da nossa vida e das nossas expectativas e não reagimos.
A não ser que se trate de assuntos religiosos ou futebolísticos, que mexem com as mais fundas emoções, e por vezes com a mais primária irracionalidade, os portugueses deleitam-se na maior apatia, no maior comodismo, num conformismo que chega a ser exasperante, paradoxal e absurdo. Será do fado, do destino, da saudade, do que se queira ou não queira. Mas não é coisa que se recomende…
Vejamos.
Há uns dias atrás, mais de um milhão de franceses saiu à rua para protestar contra a subida da idade de reforma dos 60 para os 62 anos, decidida pelo presidente Nicolas Sarkozy e que naturalmente o atira para o seu ponto mais baixo de popularidade. Com Mitterrand, os franceses viram a idade de reforma descer para os 60 anos. Mas o projecto do actual governo ameaça essa conquista social e quer que os cidadãos passem a só poder deixar a vida activa depois dos 62 anos. O plano tem uma execução prevista até 2018 e o argumento é o de sempre, seja em terras gaulesas, seja na Cochinchina: a sustentabilidade do sistema de segurança social e a redução do défice público.
Em Portugal, pelo contrário, as decisões são bem mais gravosas, por parte de um governo que não cumpre promessas eleitorais e que resolveu, contra ventos, marés, promessas eleitorais e direitos adquiridos, aumentar a idade de reforma para os 65 anos, frustrando expectativas de milhares de trabalhadores e inviabilizando a entrada na vida activa de imensa juventude, mais evoluída e qualificada.
Que fizeram os portugueses? Manifestações nas principais cidades? Greves gerais? Cortes de vias-férreas? Marchas de protesto pelo país abaixo? Suicídios? Ameaças de bomba?
Não, que nós somos civilizados. Até de mais. Atropelam-nos os direitos, transformam-nos em títeres nas mãos de interesses não explicados, submetem-nos a decisões que não compreendemos e nós continuamos mudos, serenos e quedos, como se nada fosse connosco, como se a nossa identidade e o nosso modo de ser português fosse chutar a bola para canto e assobiar para o ar. É o nacional-porreirismo no seu esplendor.
Fecham escolas por tudo quanto é aldeia, empobrecendo o território; encerram centros de saúde e serviços essenciais; faltam médicos e desertifica-se o interior, e todos achamos que se trata de uma inevitabilidade, de um custo daquela coisa indefinida chamada “desenvolvimento”, ou “gestão de recursos”, como se governar um país de 10 milhões de habitantes fosse uma questão de régua e esquadro, ou de triunfo da calculadora electrónica. E não é. Porque um país deveria ser, em primeiro lugar, as pessoas. Em segundo, as pessoas e assim sucessivamente, como gostam de proclamar os políticos. Tudo o resto, deveriam ser instrumentos visando a qualidade de vida e a felicidade das pessoas. Mas não é: tem sido para as tiranizar, dominar e deprimir.
Mas nós somos civilizados e não reagimos. Quando muito, debitamos protestos e reclamações no círculo de amigos ou no anonimato da blogosfera.
Adoramos as festas de Verão, as férias, os feriados, os cafés, o futebol, as peregrinações e não estamos para nos ralar com mesquinhas questões de direitos, liberdades e garantias. Coisas de somenos.
Os franceses revoltam-se, manifestam-se, protestam? Problema deles. Nós somos gente de bem, de brandos costumes e não temos nada com que nos preocupar. Por isso, tratamos da nossa vidinha, se possível com muita poesia, neste país que é de loucos e de poetas, como sabemos.
Deixem-me terminar com o poeta Alexandre O’Neill que morreu há duas dezenas de anos e continua a ter tudo a ver com o Portugal de hoje em dia:

Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,(...)

Ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!(...)

Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

CENTENÁRIO DO PROFESSOR CARLOS TEIXEIRA COMEMORADO EM FAFE E VIEIRA DO MINHO

O Professor Carlos Teixeira, que dá hoje nome a uma escola EB2,3 da cidade e ao respectivo agrupamento de escolas, foi um insigne e respeitado cientista português do século XX, na área da geologia, nascido em Aboim (Fafe), em 1910. O centenário do nascimento daquele vulto maior de intelectual fafense vai ser comemorado nos municípios de Fafe (17 a 23 de Setembro) e de Vieira do Minho (1 a 8 de Outubro). Afinal, as terras de nascimento e de descanso – neste caso, a freguesia de Rossas, encostada a Aboim – de Carlos Teixeira.
O
agrupamento de escolas Prof. Carlos Teixeira, com o apoio dos municípios de Fafe e de Vieira do Minho, Junta de Freguesia de Fafe, Academia de Música José Atalaya e outras entidades, chamou a si (e muito bem) a realização de um programa comemorativo condigno para celebrar o centenário do nascimento do seu emérito patrono.
É o que acontece nas próximas duas semanas, segundo o programa que aqui se deixa esboçado:


17 de Setembro (6ª feira):

Casa Municipal de Cultura de Fafe, 21h30
- Inauguração da exposição “Carlos Teixeira – Uma vida ao serviço da Geologia
- Comunicações:
Doutor Jorge Pamplona (professor do Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho)
Dr. Manuel Ferreira (advogado)

18 de Setembro (Sábado):

Escola EB2,3 Professor Carlos Teixeira, 10h00
- Palestra sobre a Geologia na região de Fafe, seguida de percurso geológico
- Comunicação e orientação: Professor Doutor Fernando Noronha (Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)

23 de Setembro (5ª feira):

Escola EB2,3 Professor Carlos Teixeira, 09h00
- Exposições, jogos e actividades dirigidas aos alunos

Biblioteca Municipal de Vieira do Minho, 10h30
- Homenagem ao Professor Carlos Teixeira

Rossas, 11h15
- Romagem ao cemitério, colocação de uma coroa de flores na sepultura do Professor Carlos Teixeira

Teatro-Cinema de Fafe, 15h00
- Sessão comemorativa do Centenário do nascimento do Professor Carlos Teixeira
- Comunicações:
Dr. Avelino Barroso (advogado)
Doutora Teresa Salomé Mota (Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa)
Professor Doutor João Pais (Departamento de Ciências da Terra - Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa)
Professor Doutor Rogério Rocha (Departamento de Ciências da Terra - Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e Presidente da Direcção da Sociedade Geológica de Portugal)

17h30
- Concerto musical comemorativo do centenário por alunos da Academia de Música José Atalaya

1 de Outubro (6ª feira):

Casa das Lamas (Casa da Cultura), Vieira do Minho, 21h30
- Inauguração da exposição “Carlos Teixeira – Uma vida ao serviço da Geologia
- Comunicação:
Doutor Jorge Pamplona (professor do Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho)

2 de Outubro (Sábado):

Casa das Lamas (Casa da Cultura), Vieira do Minho, 10h00
- Palestra sobre a Geologia na região de Vieira do Minho, seguida de percurso geológico
- Comunicação e orientação:
Doutor Jorge Pamplona (professor do Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho)

8 de Outubro (Sexta-feira):

Auditório Municipal de Vieira do Minho, 21h30
- Concerto musical comemorativo do centenário por alunos da Academia de Música José Atalaya – Fafe

Biografia do Professor Carlos Teixeira

Professor catedrático, cientista eminente, principal impulsionador dos estudos geológicos em Portugal, investigador e publicista, Carlos Teixeira nasceu em Aboim, neste concelho, em 23 de Setembro de 1910 e faleceu em Lisboa, em 07 de Junho de 1982. De uma extensa biografia que o credencia como figura eminente da Geologia Portuguesa da segunda metade deste século, deixam-se algumas linhas.
Baptizado na igreja de Aboim, foi educado catolicamente e fez a instrução primária em Redondelo, na escola de Casas Novas (Chaves). Frequentou os liceus de Chaves e de Braga, entre 1922 e 1929 e matriculou-se neste último ano na Universidade do Porto, na licenciatura em Ciências Histórico-Naturais, que concluiu em 1933, com elevadas classificações. A sua vocação inicial era a medicina e só não a seguiu por motivo das grandes dificuldades económicas da família. Na Universidade de Coimbra tirou o curso de Ciências Pedagógicas. Em 1934, foi nomeado assistente extraordinário de Botânica da Faculdade de Ciências do Porto e, entre 1937 e 1946, exerceu o cargo de Naturalista do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Faculdade de Ciências do Porto, onde desenvolveu intensa actividade científica, sobretudo na área da paleobotânica. Estes estudos atingiram projecção internacional, reconhecida pelas formas novas que lhe foram dedicadas, tais como, Teixeiridium Rossicum Novojilov e Protodocarpoxylon teixeiras. Doutorou-se em 1944 em Ciências Histórico-Naturais na Universidade do Porto, tendo apresentado como dissertação um trabalho intitulado O Antracolitico Continental Português (Estratigrafia-Tectónica). Dois anos depois, foi contratado como primeiro assistente da Universidade de Lisboa onde realizou, em 1948, provas de agregação, apresentando como dissertação o estudo sobre “A Flora Mesozóica Portuguesa”. Em 1950, após concurso de provas públicas, foi nomeado Professor Catedrático da mesma universidade. Dois anos após, Carlos Teixeira foi eleito Sócio Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e decorridos três anos Sócio Correspondente da Real Academia de Ciências Exactas e Naturais de Madrid. Em 1960, foi eleito Sócio de número da Academia de Ciências de Lisboa, sucedendo na cadeira n.º 20 ao seu Mestre e amigo Prof. Mendes Corrêa, de quem fez o elogio académico, em notável discurso proferido em 1964. Foi ainda sócio de outras sociedades científicas nacionais e estrangeiras, sendo de mencionar a sua actividade de difusão e ensino das ciências naturais através da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, de cujos corpos directivos fez parte.
A obra científica do Professor Carlos Teixeira é imensa, sempre realizada com entusiasmo, humildade e total dedicação à Ciência. Desenvolveu notável actividade em prol da geologia e da profissão de geólogo, continuando o movimento de renovação dos estudos geológicos começado no Porto pelo Mestre e Professor Carrington da Costa. Estudou a fundo os terrenos do Carbónico continental, que serviu para a tese de doutoramento. Cedo começou a procurar ter visão global da Geologia Portuguesa. Como professor de Geologia, como colaborador dos Serviços Geológicos e como vogal da Junta de Energia Nuclear realizou imensa obra no domínio da Geologia, Paleontologia, Paleobotânica e Cartografia Geológica. Neste domínio, é de realçar a publicação, em 1972, da 4ª edição da Carta Geológica de Portugal, na escala 1/500 000. Para ter uma ideia da importância desta realização para o progresso do país, basta dizer que a última edição do referido mapa datava de 1899, ainda Carlos Teixeira não havia nascido.
Em 1940, em colaboração com outros geólogos, fundou a Sociedade Geológica de Portugal. Em 1956, conseguiu a criação do Centro de Estudos de Geologia da Faculdade de Ciências, ficando como Director até 1975.
O Professor Carlos Teixeira levou uma vida de autêntico sacerdócio, inteiramente dedicada ao estudo, à investigação, à docência e preparação de futuros geólogos e professores, através do patrocínio dado a numerosos doutoramentos. Foi um dos mais perfeitos conhecedores da geologia e da flora do seu país, que percorreu em grande parte a pé, visitando quase todos os locais mais recônditos e mal conhecidos, não se poupando a esforços no afã de pisar o solo. Já nos últimos anos da sua vida, em que perdeu a vista, continuou a trabalhar com a ajuda de amigos que iam visitá-lo, ditando artigos que queria publicar em jornais ou elaborando com eles trabalhos diversos de geologia e paleontologia.
Deixou obra científica valiosíssima e extensa, iniciada em 1934 e representada por cerca de 500 trabalhos sobre temas diversos, sendo que os tratados com maior insistência se relacionam com a geologia dos tempos antemesozóicos, a paleobotânica, a estratigrafia e a cartografia geológica. Igualmente, abordou a Pré-História, a Arqueologia, a Etnografia e a Antropologia, entre outros domínios. Uma das suas obras de maior fôlego, intitula-se Geologia de Portugal, em dois volumes. A maioria dos trabalhos publicados por outros autores estrangeiros sobre geologia de Portugal cita, no texto ou na bibliografia, as obras deste renomado cientista fafense. Merece igual referência, o facto de com Carlos Teixeira a língua portuguesa ficar mais enriquecida, sobretudo, pela introdução de terminologia portuguesa para designar os diversos fenómenos geológicos. Fica-se-lhe a dever a valorização do vocabulário geológico português, através de iniciativas várias e também da sua colaboração em enciclopédias, por exemplo, a Luso-Brasileira Verbo, de que foi um dos principais director e colaboradores, com dezenas de artigos. Colaborou ainda nas publicações Anais da Faculdade de Ciências do Porto, Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, Arquivo do Alto Minho, Boletim da Academia de Ciências de Lisboa, Memórias da Academia de Ciências de Lisboa, Latina, Naturália, Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, Prisma, Revista de Guimarães, Revista de Filosofia
e Brotéria, entre outras, bem como em jornais diários com artigos da sua especialidade.
Além de uma extensa, rica e profunda obra científica publicada, o Professor Carlos Teixeira legou uma escola que continua a desenvolver a obra por ele iniciada e que tanto tem prestigiado o país.
Fafe orgulha-se de o ter como filho, apesar de tão desconhecido até há poucos anos. E quem já o conhece?
(In Dicionário dos Fafenses, de Artur Ferreira Coimbra,
2ª edição, 2010, pp. 282-285)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

TEATRO DE COMÉDIA NA REABERTURA DO TEATRO-CINEMA

"Remédios Santos, sem Princípios Activos", pela Peripécia Teatro, é a comédia que marca a reabertura da programação do Teatro-Cinema de Fafe e que acontece esta sexta-feira, 17 de Setembro, pelas 21h30.
Com a duração de cerca de 80 minutos e classificação para maiores de 12 anos, a peça é uma criação e tem interpretação de Ángel Fragua, Noelia Domínguez e Sérgio Agostinho, com citações de George Orwell e excertos de Miguel Jara.
Remédios Santos, sem Princípios Activos” assume-se como “um olhar ácido, humorístico e inquietante sobre a indústria farmacêutica”, nas palavras do director Hernán Gene.
O espectáculo foi estreado no Teatro de Vila Real em 15 de Abril de 2010.
A não perder, pelos amantes do teatro!

Sinopse:

Quem nos cura? São os remédios ou os santos? Será a Nossa Senhora dos Remédios?
“Os santos são uns dos mais antigos efeitos pla­cebo da história da medicina” diz o Guarda-Mor da Morgue dos Mortos de Marca.
O que são os Remédios Santos? Remédios do povo, que vão curando ao longo de gerações, sem estarem sujeitos a qualquer tipo de patente. “É Remédio Santo!” disse a S’Joaquina do Outeiro ao dar a receita do remédio para tirar os cravos das mãozinhas do José Maria.
“É remédio santo!” diz o técnico de vendas de uma farmacêutica sobre o seu medicamento para a epilepsia.
Existirão princípios activos na indústria farma­cêutica?
Para tentar responder, três actores desdobram-se em múltiplas personagens e situações inspiradas em factos verídicos, construindo uma narrativa fragmentada, onde cabem histórias como a do José Maria e sua obsessão pelos cravos nas mãos, e a da Bayer e sua relação com perso­nagens heróicos do séc. XX, como A. Hitler ou a Heroína, a substância.
De santo não tem nada, mas o Riso continuará a ser mesmo o melhor remédio.

Ficha artística:

Criação* e interpretação: Ángel Fragua, Noelia Domínguez
e Sérgio Agostinho
*com citações de George Orwell e excertos de Miguel Jara
Iluminação: Paulo Neto
Sonoplastia: Borja Fernández
Adereços e Cenografia: Zétavares
Produção executiva: Sara Ramalheira
Co-produção: Teatro de Vila Real
Direcção: Hernán Gené

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

NÚCLEO DE ARTES E LETRAS DE FAFE PROMOVE CURSO LIVRE SOBRE A I REPÚBLICA




No âmbito das celebrações do Centenário da República e dos vinte anos da sua própria fundação, o Núcleo de Artes e Letras de Fafe (NALF), em colaboração com o Município de Fafe, organiza o Curso Livre de História Local, sob o tema “O concelho de Fafe durante a Primeira República (1910-1926)” e que arranca no próximo dia 7 de Outubro.
O curso decorrerá semanalmente às quintas-feiras, até 18 de Novembro, das 18:30h às 20h, no Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe, sendo aberto a toda a comunidade. Terá um custo simbólico de 5€ para associados do NALF e 10 € para não associados.
Será passado um certificado de frequência, para o qual é exigida a presença em, pelo menos, cinco sessões. O número limite de inscrições será de 50 pessoas. O prazo de inscrições decorre até 30 de Setembro.
As inscrições podem ser efectuadas mediante o preenchimento de uma ficha apropriada e que pode ser remetida para a Casa Municipal de Cultura de Fafe, ao cuidado do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, entregue pessoalmente no mesmo local ou efectuada para o endereço electrónico
nalf@sapo.pt.
São responsáveis pelo curso os licenciados em História Artur Ferreira Coimbra (presidente do NALF), Daniel Davide Bastos (Vice-presidente) e Artur Magalhães Leite (associado do NALF).
Com este curso, o Núcleo de Artes e Letras de Fafe pretende proporcionar ao público em geral um melhor conhecimento sobre um período histórico fundamental na afirmação e desenvolvimento do concelho de Fafe. Como afirma A.H. de Oliveira Marques, nunca «se poderá conhecer perfeitamente a história do país durante a I República, qualquer que seja o aspecto considerado, sem penetrar na problemática regional e local, observar a vida das freguesias, dos concelhos, dos distritos e das grandes regiões».
Nesse sentido, o curso, numa óptica local e pluridisciplinar, procura ser ainda um espaço de actualização e reflexão crítica sobre a realidade do concelho na I República.
Abordará, assim, temas como as raízes do republicanismo no concelho, a implantação do regime, a relação de Fafe com a I Guerra Mundial, a reacção monárquica em Fafe, os rostos da I República, a educação e o legado do regime implantado há cem anos.

PROGRAMA
1.º Módulo: Daniel Bastos: “As raízes do republicanismo em Fafe”
07 de Outubro (Quinta-Feira) / 18:30 – 20h00 - Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe
2.º Módulo: Artur F. Coimbra: “A implantação da República em Fafe”
14 de Outubro (Quinta-Feira) / 18:30 – 20h00 - Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe
3.º Módulo: Daniel Bastos: “Fafe e a I Guerra Mundial”
21 de Outubro (Quinta-Feira) / 18:30 – 20h00 - Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe
4.º Módulo: Artur F. Coimbra: “ A reacção monárquica em Fafe”
28 de Outubro (Quinta-Feira) / 18:30 – 20h00 - Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe
5.º Módulo: Daniel Bastos: “ Os rostos da I República em Fafe”
04 de Novembro (Quinta-Feira) / 18:30 – 20h00 - Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe
6.º Módulo: Artur Leite: “ A Educação em Fafe durante a I República”
11 de Novembro (Quinta-Feira) / 18:30 – 20h00 - Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe
7.º Módulo: Artur F. Coimbra: “O legado da República no concelho de Fafe”
18 de Novembro (Quinta-Feira) / 18:30 – 20h00 - Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe
Setembro é um mês triste. Não pode deixar de o ser, quando é o mês do popular "regresso", da chamada "reentrée", que é um retorno mais chique: ao trabalho, para quem tem a fortuna de hoje em dia ter um emprego; às aulas, para que os jovens não se esqueçam de que para serem alguém na vida têm de aprender, nem que sejam as operações mais triviais de "ler, escrever e contar", se bem que nada disso esteja garantido se o sistema educativo for avante com aquela ministerial bizarria de todos passarem de ano, estudem ou não, empenhem-se ou não liguem a mínima, faltem ou primem pela assiduidade; enfim, a anual volta à "porca da vida" das novelas, da política, do futebol, do escárnio e do maldizer.
Setembro é um mês triste porque se segue imediatamente a outro em que tudo se combina para correr bem. Em Agosto, concentram-se as férias de quem a elas tem direito. O Algarve peja-se de gente, que ocupa praias, hotéis, apartamentos e restaurantes, como se a crise fosse uma miragem. Mas também o Alentejo, a Figueira da Foz, a Póvoa de Varzim, Caminha e Moledo. E também o sul de Espanha, o Brasil e Cabo Verde.
Sinal de que ainda há poder de compra para alguns dias de descanso, ainda que cada vez menos, que estabeleçam uma rotura com o quotidiano, em ambiente descontraído, sem horários, sem relógios, sem a pressão dos restantes onze meses do ano. As férias têm ainda uma coisa de bom: todos os dias são domingo…
Em Agosto as cidades e as aldeias pululam de emigrantes que animam as terras de onde são naturais, com os seus coloridos falares e a sua presença amiga, nas esplanadas, nas ruas, nas estradas, em viaturas cada vez mais topo de gama. São um elemento indispensável na paisagem do Verão desta região e do país, os nossos emigrantes.
Agosto é também mês incontornável de festas e romarias por tudo quanto é aldeia e vila, com direito a procissão de velas, a espectáculos musicais, sermão e procissão e naturalmente ao habitual foguetório. Um misto de sagrado e de profano, que se mesclam e valorizam mutuamente, nas manifestações festivas por excelência. Em Fafe, realizam-se dezenas delas, praticamente em todas as paróquias, sendo as mais importantes (sem menosprezo pela pertinência de todas elas) a de S. Salvador de Armil, em meados do mês, a da Senhora das Neves, na Lagoa e a da Senhora das Graças, no último fim de semana de Agosto. É o auge e praticamente o final das festividades de Verão neste município.
Agosto é, assim, o lugar apolíneo da existência humana, a sua margem positiva, de satisfação, de alegria, de solidariedade.
Mas Agosto tem também o seu lado negro. Terrivelmente escuro. E este ano, tal como nos anteriores, voltou a marcar a sua presença abrasadora. Referimo-nos aos milhares de incêndios que voltaram a flagelar as povoações de norte a sul do país, aproveitando as altas temperaturas, a ausência de humidade, a negligência dos cidadãos e a falta de limpeza das propriedades públicas e privadas.
Nas piores semanas, registaram-se mais de 2500 fogos florestais, à média de 400-500 por dia, que voltaram a fazer as aberturas dos telejornais e as manchetes da imprensa durante a maior parte do mês, com cenas lancinantes de desespero e angústia. Cenário, desafortunadamente, que se prolonga no mês do triste Setembro… Em Fafe, também as coisas estiveram muito más, com centenas de ocorrências, um pouco por todo o concelho. Não passou praticamente um dia sem que as nuvens de fumo se elevassem sobre o anel do concelho, aqui, ali, acolá, como se um dedo invisível programasse o acendimento das chamas quase em simultâneo… Basta olhar para a desolação que são as nossas montanhas, um pouco por todas as freguesias… Falamos de uma catástrofe ambiental que destruiu mais de 70 mil hectares de floresta e mato, só até 15 de Agosto, o que representa um milhão de toneladas de CO2 expelido para a atmosfera, a mesma quantidade que seria produzida por 29milhões de automóveis a circular entre o Porto e Lisboa, segundo a Quercus. Um absurdo sem sentido que denuncia os assassinos que andam à solta pelo país e que não olham a meios para desertificar o território, em função de interesses os mais diversificados. Não passam de criminosos abjectos e indesculpáveis, estejam ao serviço de empresas de venda de material de combate aos fogos, sejam lavradores que querem arranjar pastos para o seu gado, sejam especuladores imobiliários, sejam, na melhor das hipóteses, apenas cidadãos negligentes.
No seu combate estiveram e estão os heróis (e os mártires, tantas vezes) da nossa contemporaneidade, os bombeiros voluntários que arriscam a sua vida em holocausto pela defesa da vida e dos bens alheios. Eles merecem o nosso maior reconhecimento e gratidão, merecem todas as estátuas, todas as rosas, todas as palavras mais belas dos dicionários!... É por eles que vale a pena estar vivo!
Já entrámos em Setembro, um mês triste. Prenúncio de Outono, das folhas a cair, o sol longilíneo, a paisagem a tingir-se de melancolia, após a festa de Verão. Mês do retorno das estéreis e caricatas guerrilhas dos responsáveis políticos, agora que se aproximam as eleições presidenciais (não seria melhor os políticos continuarem de férias, se possível indefinidamente?); mês em que o processo "Casa Pia" teve já a sua sentença condenatória, a sua alegada mão pesada, certamente para mostrar que a Justiça em Portugal "funciona" (alguém acredita?); mês de duro arranque da selecção de futebol, enredada em querelas mesquinhas, em questiúnculas que fazem corar de vergonha quem gosta de Portugal. Dois penosos jogos; um incrível ponto, em seis possíveis. Que mais nos irá acontecer?!...
Mas não há como escapar ao destino. As estações do ano são inelutáveis. Há que fazer o melhor para lhes sobreviver!
Foto: Manuel Meira Correia

domingo, 5 de setembro de 2010

II “ENCONTRO DO ERMO” (FAFE) DEBATE CAMILO C. BRANCO EM 25 DE SETEMBRO

Depois do inegável êxito que constituiu a primeira edição dos Encontros do Ermo, realizados na Quinta do Ermo (Paços, no município de Fafe), que pertenceu no século XIX ao notável tribuno José Cardoso Vieira de Castro (a primeira edição, realizada em 10 de Outubro de 2009, foi exactamente sobre Vieira de Castro e teve a presença de mais de uma centena de pessoas, maioritariamente da região do Porto), a Câmara Municipal de Fafe e o actual proprietário da Quinta, Eng. Lourenço Castro, vão levar a efeito a segunda edição do evento, desta feita em torno de aspectos da vida e obra de Camilo Castelo Branco.
É, assim, um evento voltado para os camilianistas e para os que adoram o "Torturado de Seide".
Os II Encontros do Ermo realizam-se no próximo dia 25 de Setembro (sábado), a partir das 15h00.


O programa é o seguinte:

15H00 - Recepção aos convidados

15H30 -
Início do Encontro
Algumas palavras de boas vindas pelo actual proprietário da Quinta do Ermo, Eng. Lourenço Castro
Saudação pelo Presidente da Câmara de Fafe, Dr. José Ribeiro.

16H00 - Momento musical a cargo dos alunos da Academia de Música José Atalaya (Fafe)

16h30 -
1ª Comunicação
Orador: Prof Dr. J. Cândido Martins (Universidade Católica Portuguesa – Faculdade de Filosofia de Braga)
Tema: “Camilo dramaturgo e a comédia de costumes”

16H50 - 2ª Comunicação
Orador: Prof. Dr. Sérgio Guimarães de Sousa (Universidade do Minho)
Tema: «Rir à custa de Calisto e rir com Calisto. Aspectos do cómico n’ A Queda dum Anjo»

17H10 -
3ª Comunicação
Orador: Dr. João Paulo Braga (Investigador do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica (Braga)
Tema: «Uma cena da tragédia humana no Livro de Consolação»

17H30 - Encerramento do 2º Encontro do Ermo
Verde de Honra

No âmbito do encontro será apresentada a obra colectiva Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco, organizada por Sérgio Guimarães Sousa e José Cândido de Oliveira Martins, oradores no evento.

Os interessados em participar no II Encontro do Ermo devem fazer a sua inscrição na Casa Municipal de Cultura, ou pelo endereço electrónico:
decd@cm-fafe.pt.


CURRICULOS DOS ORADORES:

José Cândido de Oliveira Martins (1965), doutorado em Teoria da Literatura, é docente e investigador da Universidade Católica Portuguesa (Braga). Nesta instituição, tem leccionado várias disciplinas: Teoria do Texto Literário; Literatura Portuguesa (Moderna); História da Arte Moderna; e Retórica e Argumentação. Tem ainda colaborado com outras universidades ao nível da graduação e da pós‑graduação (mestrado e doutoramento), em Portugal e noutros países (Espanha, França, Brasil, Polónia, etc.).
Além de artigos vários para revistas da especialidade, de participação em congressos e colóquios, e de colaboração em diversas obras colectivas, publicou alguns livros: Teoria da Paródia Surrealista (Braga, 1995); Para uma Leitura de ‘Maria Moisés’ de Camilo Castelo Branco (Lisboa, 1997); Naufrágio de Sepúlveda. Texto e Intertexto (Lisboa, 1997); Para uma Leitura da Poesia de Bocage (Lisboa, 1999); Para uma Leitura da Poesia Neoclássica e Pré‑Romântica (Lisboa, 2000); Fidelino de Figueiredo e a Crítica da Teoria Literária Positivista (Lisboa, 2007); e Viajar com... António Feijó (Porto, 2009).
No campo da publicação de autores da literatura portuguesa, organizou a edição de vários autores, com fixação do texto e introdução crítica: Camilo Castelo Branco, Eusébio Macário / A Corja (Porto, 2003) e Novelas do Minho (Porto, 2006); António Feijó, Poesias Completas (Porto, 2004) e Poesias Dispersas e Inéditas (Porto, 2005); Teófilo Carneiro, Poesias e Outros Dispersos (Guimarães, 2006); Diogo Bernardes, O Lima (2009).

Sérgio Guimarães de Sousa, doutorado em Literatura Portuguesa, com uma tese intitulada «Entre-Dois. Desejo e Antigo Regime na Ficção Camiliana», é Professor na Universidade do Minho, onde lecciona Literatura Portuguesa e Cinema. Para além de diversos artigos em revistas da especialidade e de participar em vários colóquios e congressos, publicou, na qualidade de co-autor ou de autor, os seguintes livros, Matéria de Leituras. Recepção, Hermenêutica, Literatura, Cinema, Braga: Cadernos do Povo-Ensaio, 2000, Breve Teoria da Literatura Infantil, Braga: Cadernos do Povo-Ensaio, 2000, Relações Intersemióticas entre o Cinema e a Literatura: a Adaptação Cinematográfica e a Recepção Literária do Cinema, Braga: Centros de Estudos Humanísticos/Universidade do Minho, 2001, Ensaios Garrettianos, Braga: Cadernos do Povo-Ensaio, 2001, Último Eça, O Romance & O Mito, Braga: Cadernos do Povo-Ensaio, 2001; 2.ª ed.: 2003 (em co-autoria com Américo António Lindeza Diogo), Literatura & Cinema. Ensaios, Entrevistas, Bibliografia, Coimbra: Angelus Novus Editora, 2003, Crimes EcoLógicos. Natureza e Cultura nos Policiais de Tony Hillerman, V. N. de Gaia: Editora Ausência, 2003 (em co-autoria com Américo António Lindeza Diogo), Dicionário sobre a Obra de António Lobo Antunes, Lisboa: IN-CM, 2 volumes, 2008; e Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco, Guimarães: Opera Omnia, 2010 (em parceria com J. Cândido Martins).

João Paulo Braga, Mestre em Humanidades (Literatura Portuguesa - Época Barroca), pela Faculdade de Filosofia da Universidade Católica (Braga), com uma tese sobre os sermões do Padre António Vieira, publicada em 2000.
Investigador do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica (Braga), onde prepara, sob orientação do Prof. Aníbal Pinto de Castro, uma tese de doutoramento sobre A Construção da Narrativa Camiliana.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

EXTRAVAGÂNCIAS REAIS NOS FINAIS DA MONARQUIA

A edição da conceituada revista Sábado, de 19 de Agosto, tem como tema de capa os hábitos e as extravagâncias nas férias da família real portuguesa, em finais da monarquia.
Porque estamos em plena comemoração do centenário da implantação da República (1910-2010) e porque a dicotomia monarquia/república tem sido bastas vezes invocada por ambos os lados, para ataque ou para defesa, deixamos de seguida – para aqueles que não tiveram acesso àquela publicação semanal – algumas linhas do que se escreve na revista dirigida por Miguel Pinheiro e que, por princípio, nos deixa, em alguns casos, boquiabertos.
Ainda na capa é referido que “O Rei D. Carlos passava quatro meses por ano entre caçadas, mergulhos no oceano e viagens de iate. Tinha 150 criados e, num ano, decidiu iluminar as praias entre o Estoril e Cascais com 13 mil lanternas de azeite e nove mil balões”. Um estrondo!...
No interior, ao longo de dez suculentas páginas de texto e fotos, assinadas pelo jornalista Pedro Jorge Castro, são referidas algumas curiosidades, que gostaríamos de partilhar com os leitores:

- No final da monarquia, a família real dividia as férias entre Sintra, Cascais, Mafra e Alentejo (Vidigal e Vila Viçosa). Eram quatro meses de festas, caçadas, explorações marítimas, durante a Páscoa, o Verão, os meses de Dezembro ou de Janeiro;
- Ao serviço de suas majestades o rei D. Carlos, a rainha D. Amélia e os infantes D. Luís e D. Manuel estavam 282 pessoas, com diversíssimos cargos e funções, que começavam por 13 oficiais-mores e acabavam nos referidos 150 empregados (criados, músicos, porteiros, capelães, etc.);
- D. Carlos comprou três carros num só dia, em 1906, na inauguração do stande da Peugeot, na presença do próprio fundador da marca, Armand Peugeot, que veio de França para cumprimentar o seu melhor cliente em Portugal (o monarca, que chegou a ter sete viaturas daquela marca);
- O aniversário dos Reis (faziam anos no mesmo dia, 28 de Setembro) era decretado como feriado em todas as repartições públicas e os militares tinham direito a um rancho melhorado;
- Em 1901 foi publicado o primeiro Código da Estrada, que impunha o limite máximo de 10 km por hora. Por excesso de velocidade, o irmão do rei D. Carlos, o infante D. Afonso, teve um acidente (em Agosto de 1906), do qual ficou com “uma costela quebrada”;
- D. Carlos tomava banho no seu fato de malha às riscas, que cobria os ombros e chegava aos joelhos. Depois de dar as suas braçadas, numa altura em que a maioria das pessoas não sabia nadar, saía do mar e ia até à barraca real mudar de roupa. Sempre que o Rei estava na praia, era hasteada a bandeira nacional;
- A Rainha-mãe, D. Maria Pia, a figura mais extravagante da família, ofereceu relógios de ouro a todos os fidalgos quando nasceu o primeiro neto e obrigava os serviçais a transportar do palácio da Ajuda para as férias em Mafra os fogões de sala, as braseiras e o piano, que era carregado por oito homens que faziam a pé a viagem de 40 km;
- D. Carlos comprou seis iates, quatro dos quais baptizados com o nome de Amélia, em homenagem a sua mulher;
- O Rei tinha como principal passatempo a exploração dos mares, cujas campanhas podiam demorar meses, sempre com D. Carlos em alto mar, o que levava boa parte do país a ver no monarca um esbanjador despreocupado, que tinha encontrado mais uma forma de diversão e de alheamento dos problemas do país;
- D. Carlos ganhava um subsídio do Estado anual de 365 contos de reis, o que representava 0,7% da despesa do Estado. Daqui tinha de pagar todas as despesas de funcionamento da casa real. Ganhava claramente menos do que gastava, o que lhe provocou vários dissabores políticos;
- O jornalista republicano João Chagas escreveu que, para o Rei, reinar era “S. Carlos, o Coliseu, o Trindade, quermesses, bailes, touradas, caçadas”. Uma doidice, um delírio, uma pândega, alegavam os republicanos.

Mais de um século depois e pela leitura acima, é hora de tirarmos as necessárias conclusões. Vistas, naturalmente, à luz da época, como não pode deixar de ser. A História é para se compreender, não para julgar.
De todo o modo, também dá para percebermos o funcionamento de uma monarquia (como a que tivemos) e de uma república (como a que temos): as suas diferenças, as suas convergências, as virtualidades de cada uma delas.