segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Programação de Novembro do Teatro-Cinema de Fafe dominada pelo concerto dos UHF

Os lendários UHF regressam a Fafe
É já conhecida a programação do mês de Novembro do Teatro-Cinema de Fafe, da iniciativa dos serviços culturais da autarquia.
O destaque vai para a realização de um grande concerto pelos UHF, no dia 26, que inclui a gravação do espectáculo para edição em CD. A banda de António Manuel Ribeiro regressa assim à mítica sala de espectáculos fafense, cerca de um ano depois de aqui ter protagonizado um concerto memorável para uma sala completamente lotada.
Na semana anterior, fará aqui a sua primeira apresentação a banda Pólen, liderada pelo apresentador de televisão Hélder Reis e que canta totalmente em português, numa sonoridade que vai do jazz, ao pop e à música tradicional deste país.

Banda Pólen, liderada por Hélder Reis
A programação do mês arranca com a apresentação da comédia “O Morgado de Fafe Amoroso”, de Camilo Castelo Branco, pela Nova Comédia Bracarense, já este sábado à noite.
Para o dia 12, está agendado o concerto comemorativo do 79º aniversário do Grupo Nun’Álvares, no qual intervêm  o Coral Santo Condestável, o Coro da Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa de Águeda e a Classe de Guitarra Clássica do GNA.

domingo, 30 de outubro de 2011

"Confissões de um fumador de tabaco francês" no Teatro Cinema de Fafe: fotogaleria


O conhecido actor e encenador Filipe Crawford trouxe a Fafe a adaptação teatral da novela de Roland Dubillard Confessions d'un fumeur de tabac français. Durante mais de uma hora, com o apoio do saxofonista e actor João Sousa e da actriz e bailarina Nádia Santos, Filipe Crawford “construiu” um denso e tenso monólogo sobre os malefícios e os benefícios do acto ou da abstenção de fumar, da filosofia que preside a cada uma das opções, das liberdades e escravidões que qualquer delas implica.
Um espectáculo diferente, altamente profissional, a que dezenas de fafenses tiveram o privilégio de assistir!
Aqui fica um florilégio de imagens, da autoria competente e talentosa de Manuel Meira Correia, para memória futura.











Incertezas e perplexidades

1. Nunca, como por estes dias aziagos, os portugueses experimentaram tão seriamente a prova inclemente da incerteza e do medo. Pelo menos, que me recorde, desde que a democracia foi reinventada em Portugal, após o 25 de Abril de 1974.
Os portugueses, mais pobres ou mais remediados, sobretudo no universo da classe média, vivem hoje momentos de angústia e temor, que é indisfarçável, perante o quotidiano e o futuro.
As certezas que foram construindo as suas perspectivas e cimentando os seus planos de vida começam a desabar, como baralhos de cartas, sem que eles tenham alguma responsabilidade pelo que está a passar-se.
A “roubalheira colossal” que este governo anunciou, para 2012 e 1013, pelo menos, com os cortes cegos e drásticos nos subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores da função pública, a radical diminuição das deduções à colecta em matéria fiscal para as famílias da classe média, a violentação assumida do chamado “Estado Social”, traduzida em cortes incorrigíveis em áreas sensíveis como a educação, a saúde e a segurança social, além dos desbragados aumentos da electricidade, do gás, dos transportes e dos bens essenciais, acaba por traduzir-se no acréscimo de um sentimento de insegurança, de hesitação e de desconfiança.
O mundo que até estes dias nos dava razões para estarmos confiantes, pela sua estabilidade, em que cada português podia fazer as suas contas e delinear o seu futuro e o dos seus, em função dos rendimentos expectáveis, acaba de sofrer um abanão de difíceis repercussões.
A gravíssima crise que os portugueses comuns não provocaram mas que vão pagar com língua de palmo, queiram ou não, leva a que ninguém saiba com algum realismo com o que contar. Os portugueses temem hoje seriamente e com fundadas razões pelo dia de amanhã: pelo seu emprego (os que conseguem ter um emprego), pelo seu vencimento, pelo futuro dos seus filhos, pelo sistema de saúde, sobretudo o SNS, tendencialmente gratuito, pela sua reforma, pelo que lhes pode acontecer depois de uma vida de trabalho e dedicação ao emprego e ao país.
Tudo hoje é incerteza e insegurança, o que é dramático, para a imensa maioria dos portugueses, por razões que têm a ver com decisões políticas erradas e altamente lesivas dos interesses nacionais, tomadas por uma meia de governantes irresponsáveis que cortam e pregam a seu bel-prazer, para ganharem votos, hipotecando as gerações vindouras com decisões criminosas como a compra dos submarinos que não servem para nada, a salvaguarda de um BPN que foi um covil de gananciosos, as tristemente célebres parcerias público-privadas que vão afundar os orçamentos futuros e o “buraco” da Madeira, de que se desconhece a dimensão. Todos os quadrantes político-partidários do centro-esquerda, mais ou menos, estão comprometidos com esta bandalheira de país, com uma soma incomensurável de desperdício e de decisões que deixam cada vez menos futuro ao futuro dos portugueses, afinal, os menos culpados do que está e vai passar-se. E deveriam pagar por isso, não tenho a mínima dúvida. Sou dos que entendem que as responsabilidades políticas são para serem assumidas claramente e que os recursos públicos têm de ser gastos com a maior parcimónia, para que não entremos (como já entrámos há muito), numa espiral de retrocesso social e civilizacional, de empobrecimento rápido de todo um povo que não tem culpa da incapacidade e da inépcia de muitos dos políticos que se nos oferecem às eleições e que deveriam estar, não em S. Bento, mas no Limoeiro!...
São eles que estão a descredibilizar e a destruir a democracia!

2. As perplexidades vão em vários sentidos. Desde logo, no sentido daqueles governantes e políticos que, tendo habitação em Lisboa, não são capazes de abdicar de um subsídio mensal que chega a mais de 1400 euros. É legal? Pode ser, porque são os políticos que o decidem, para os seus interesses. É imoral? Completamente, numa altura em que os portugueses se vêem confrontados com imensas dificuldades, cortes de subsídios e subvenções. Porque é que os governantes ou os deputados têm de ter direito àquele subsídio, e um professor ou um médico que se desloquem para 400 quilómetros da sua habitação, têm de alugar casa ou quarto e não recebem nem mais um cêntimo para fazer face a essa renda?
Ainda bem que alguns dos beneficiados, sobretudo ministros, abdicaram daquele direito. Estão de parabéns! Pena que não sejam todos os que deles beneficiam…
Perplexidade é também o aumento salarial que o director nacional e outros dirigentes da PSP concederam a si próprios no ano passado, o que apenas agora foi conhecido, sem que o ministro, ou quem quer que seja, tenha atalhado essa vergonha! …
Como é perplexidade ter-se conhecimento de que o corte nos subsídios não é para todos, para além dos funcionários públicos e pensionistas. Os funcionários da banca estão em negociações para manterem os subsídios, alegando cláusulas contratuais inerentes aos fundos de pensões. Os pensionistas do Banco de Portugal também não querem ser penalizados, alegadamente por a instituição integrar o Eurosistema e ter sistemas diferentes. Também os trabalhadores da TAP deverão escapar aos cortes, por uma aldrabice conseguida no ano anterior, em que foram autorizados pelo então governo para, em vez de baixar os salários em 5%, aplicar essa redução nos subsídios de Natal e de férias.
Perplexidade máxima: saber-se que o capital, os rendimentos especulativos e as altas fortunas não são compelidos ao “esforço solidário” de ajustamento orçamental de que tantos nos saturam os ouvidos!...
Este país, alegadamente justo, equitativo e equânime, é um alfobre de injustiças e de fugas. Onde as leis gerais se fazem para que se institucionalize a excepção. Um país de “chico-espertismo” no seu esplendor.
Um país onde só os trabalhadores por conta de outrem ou os pensionistas cumprem as suas obrigações: o resto, é o regabofe de quem mais tenta escapar ao fisco, à segurança social, ao cumprimento dos seus deveres, àquela coisa básica que se chama “justiça”!...

(Texto publicado na coluna "Escrita em Dia" do semanário Povo de Fafe, de 28/10/2011)

sábado, 29 de outubro de 2011

Paulo Teixeira juntou dezenas de amigos na apresentação do seu livro

A Biblioteca Municipal de Fafe foi palco, esta quinta-feira, 27 de Outubro, à noite, da apresentação da obra Escola/Comunidade – Perspectivas e Racionalidades (edição Labirinto), do investigador Joaquim Paulo Lopes Teixeira, docente da Escola Secundária de Fafe.
Trata-se da edição em livro da dissertação de mestrado do autor em Administração Educacional pelo Instituto Superior de Educação e Trabalho do Porto, em 2011.
A obra tem 200 páginas de texto e divide-se em quatro capítulos com os títulos “A Escola como organização educativa”, “Os interesses, os consensos e os conflitos na administração das Escolas”, “A comunidade local nas escolas públicas: entre a legislação e a prática” e, finalmente, “Um estudo das Escolas do concelho de Fafe”.
A Biblioteca encheu-se de colegas da Escola Secundária e de outros estabelecimentos de ensino, familiares e amigos do autor, uma figura conhecida e prestigiada dos meios locais (Fafe e Regadas, de onde é natural).
A anteceder a sessão interveio um trio de saxofonistas, constituído pelo professor Rui Reis e pelos alunos Simão Silva e Eduardo Teixeira.
Seguiu-se a apresentação formal da obra. Antero Barbosa, vice-presidente da Câmara e professor, dissertou sobre questões do ensino e disse da sua alegria e da amizade que o liga a Paulo Teixeira. A conhecida professora Manuela Teixeira, dirigente da FNE há alguns anos atrás e orientadora do mestrado de Paulo Teixeira, apresentou a obra, reconhecendo o “enorme trabalho que esteve por detrás das 200 páginas do livro” e testemunhando “o privilégio de ter orientado o Paulo”.

Divagou sobre a obra e o sistema de ensino, culminando por o seu “sonho”, como Luther King, de ver ”a escola ao serviço da comunidade e a comunidade envolvida na vida escolar”.
Paulo Teixeira fez as despesas da noite, começando com imensos agradecimentos e terminando a reflectir sobre a problemática da escola, do sistema de ensino e da gestão escolar. Sobre a autonomia escolar, considerou que “é muito ténue”.
Em diapositivos, apresentou as conclusões do seu trabalho, em que, entre outros vectores, faz prevalecer a figura do director da escola ou do agrupamento, como porta-voz das orientações do Ministério da Educação, imagem e molde da vida do estabelecimento, para professores e alunos.
Também o editor João Pinto se mostrou satisfeito com o trabalho produzido, felicitou o autor pelo seu primeiro livro e dissertou sobre o projecto de afectos que é a Labirinto e que já tem doze anos.
Um livro a ler com atenção e interesse, mesmo para os leitores que não sejam professores. É que todos temos algo a ver com a escola: como pais ou familiares de alunos, professores ou membros da comunidade escolar.
Pode parecer que não, mas a escola faz parte do nosso dia a dia. De um modo ou de outro. Queiramos ou não. Por isso é importante debater estas questões, mesmo de uma perspectiva der observador comunitário.
Daqui vão as nossas felicitações ao amigo Paulo Teixeira pelo seu trabalho, pelo seu dinamismo e por este seu primeiro livro.
Aqui ficam as fotos da sessão em que foi estrela, da autoria (mais uma vez e sempre) do amigo e colaborador Manuel Meira Correia.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

“Confissões de um fumador de tabaco francês”: espectáculo de teatro de qualidade este sábado no Teatro Cinema de Fafe



Sábado, 21h30
Preço: 3 €
Duração: 90’
Classificação: M/16

Conhecido actor e encenador Filipe Crawford pela primeira vez em Fafe

A programação do Teatro-Cinema de Fafe prossegue este sábado à noite com mais um grande espectáculo de teatro, de uma companhia lisboeta, a FC Produções Teatrais, do conhecido actor e encenador Filipe Crawford.
Desta feita, os fafenses vão assistir à adaptação teatral da novela de Roland Dubillard Confessions d'un fumeur de tabac français.
Trata-se de uma abordagem poética e surrealista do acto de fumar. Um fumador inveterado tenta a experiência de deixar de fumar e resolve descrever a sua experiência por escrito. As suas reflexões, metáforas e associações, enquanto se encontra privado do tabaco, levam-no a um estado de desespero profundo, chegando ao ponto de encarar os seus fracassos sentimentais e sexuais como uma consequência da abstinência.
Por fim resolve voltar a fumar, mas a reflexão sobre o tabaco irá continuar, desta vez fumando, levando o fumador a um estado de delírio permanente, entre o sonho e a realidade, pretexto para mais reflexões existenciais absurdas, cómicas e grotescas.
Filósofo de formação, Roland Dubillard é um dos mestres mais originais da corrente do Teatro do Absurdo Francês. Foi pela primeira vez apresentado em Portugal pela FC Produções Teatrais, através de vários espectáculos dedicados à sua obra Les Diablogues, que em Portugal foram apresentados com o título Os Monstros Sagrados, continuando esta saga em espectáculos posteriores da companhia sempre com os Monstros Rui Paulo e Filipe Crawford. Da sua obra, a FC apresentou também a peça Andorinhas Ingénuas. Agora com este projecto pretende-se criar um espectáculo para um actor, uma bailarina e um músico que reúna os registos do teatro do Absurdo e da Stand up Comedy, com encenação e interpretação do famoso Filipe Crawford.

E depois não venham dizer que não souberam de nada: a não perder, meus caros! Não façam como costumam. Não deixem que a cultura lhes passe ao lado!





Ficha Técnica:

Autor: Roland Dubillard
Adaptação e Encenação: Filipe Crawford
Cenografia e Figurinos: Ana Brum
Música: João Sousa
Coreografia: Leonor Beltran
Assistência de Encenação: Raúl Cruz
Design Gráfico: Carlos Francisco
Fotografia: Raúl Cruz
Execução de cenário: Ricardo Trindade
Desenho e Operação de Luz e de Som: Sérgio Melo
Interpretação: Filipe Crawford, Nádia Santos e João Sousa

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Proposta de abolição de feriados

Nos últimos tempos, sobretudo depois das eleições de Junho passado (parece que já foi há décadas, tão rápidas e rodopiantes são as vicissitudes ocorridas em escassos quatro meses…), tem-se ventilado as questões da abolição de alguns feriados e a mudança de outros para as sextas ou as segundas-feiras, de modo a evitarem as benfazejas “pontes”. Que não são apenas “construídas” (ou “destruídas”) por engenheiros, mas também por políticos.
Pela internet, circula uma proposta interessante, que queremos partilhar com os nossos leitores.

Nesta perspectiva, e cronologicamente, o 25 de Abril deveria ser só considerado tolerância de ponto entre as 00H00 e as 6H00 da manhã! A partir daí, é um dia normal e que querem desvalorizar!...
Depois, vem o 1º de Maio, que bem podia ser abolido, uma vez que estamos praticamente com a maioria dos trabalhadores no desemprego! Deixa de fazer sentido falar de trabalhadores!...
O 10 de Junho – Dia de Portugal – deveria ser eliminado, uma vez que quem manda nisto é a troika! Independência é coisa que já não se lobriga por cá!...
Outro feriado a ser anulado deve ser o 25 de Dezembro, pois sem o respectivo subsídio não faz sentido comemorar tristezas!

Contudo, devemos manter-nos inflexíveis na defesa do 1 de Novembro, pois é o dia de todos os santos e véspera dos fiéis defuntos.

domingo, 23 de outubro de 2011

Worbey and Farrell em Fafe: um espectáculo do outro mundo


O Teatro-Cinema de Fafe foi palco este sábado à noite, dia 22 de Outubro, de um espectáculo do outro mundo: “Quatro mãos num piano”, pelo duo inglês Worbey and Farrell.
Tratou-se de um espectáculo de gabarito internacional, ao alcance unicamente de duas localidades portuguesas: apenas estiveram em Arcos de Valdevez (sexta à noite) e em Fafe, no dia seguinte.
Worbey and Farrel (anteriormente conhecidos como Katzenjammer) é um duo de piano que marca pela diferença: diversão, comicidade, enorme talento, virtuosidade. Fazem um espectáculo como nenhum outro. Tocam temas que todos conhecemos, clássicos ou modernos, com alegria, com divertimento, com prazer – características que transmitem em permanência ao público, com o qual vão dialogando no início de cada composição.
Lamentável, mais uma vez, a ausência de público. Estiveram cerca de cinco dezenas de espectadores, mas um espectáculo com esta dimensão merecia muitíssimo mais gente na plateia.
Afirma-se, mais por descargo de consciência, que Fafe é uma “terra de músicos”. A verdade, se somarmos os integrantes das bandas filarmónicas, dos grupos corais, dos ranchos folclóricos, dos grupos musicais de toda a espécie, a eles acrescentando os professores e alunos das escolas de música e até dos estabelecimentos de ensino público, é que são às centenas, sem dúvida, aqueles que circundam no interior da área da música, nas suas diversas expressões.
Mas tem havido espectáculos de inegável qualidade, em que o mínimo bom senso e sentido da normalidade, exigiria a sua presença no público, e o facto é que… nem vê-los.



Alguém costuma afirmar, com alguma razão, que em Fafe funcionam as “capelinhas”: os músicos e familiares de uma determinada banda, grupo ou instituição vão aos espectáculos da “família”, tenha ou não interesse ou qualidade mínima. O resto, é como se não existisse.
Outros afiançam que em Fafe reina a ignorância e a incultura generalizada. Não penso que assim seja, mas é algo que deixa muito a desejar!...
Fafe não investe na novidade. Se aqui vem um cantor ou grupo conhecido, os fafenses lotam a sala e acotovelam-se para adquirir bilhete, lançando até as atoardas que se conhecem, mas não correspondem minimamente à verdade.
Quando aqui se apresenta um espectáculo de alta qualidade (já se previa, não se concluiu apenas depois da sua realização…), por actores ou músicos desconhecidos, desconfia-se e não se põe lá os pés. Aconteceu já com outros espectáculos; voltou a suceder.
É deplorável que alguns fafenses frequentem espectáculos fora (e têm todo o direito a fazê-lo, não é isso que está em causa) mas não frequentem os mesmos espectáculos, ou outros congéneres, na sua terra.
Isto para já não falar dos doutos opinadores dos blogues, cheios de ciência, sabedoria, investigação e competência, que opinam sobre tudo o que mexe, de preferência acobertados pelo anonimato, saibam ou não saibam do que se trata, mas que não levantam os digníssimos traseiros das secretárias para se deslocarem aos lugares onde a cultura acontece. Eles já sabem tudo, já viram tudo, já opinaram sobre tudo!...
É o que temos e, se calhar, merecemos!... Muito parlapié mas escasso exercício cultural!...



Fotos (excelentes, como habitualmente) de Manuel Meira Correia.

sábado, 22 de outubro de 2011

Escola/Comunidade – Perspectivas e Racionalidades - Livro de Paulo Teixeira lançado dia 27 de Outubro na Biblioteca Municipal de Fafe

Mais um autor, mais um livro que vai ser lançada na Biblioteca Municipal de Fafe, na próxima semana. É na quinta-feira, 27 de Outubro, à noite (21h30).
Desta feita, o autor é o docente da Escola Secundária de Fafe Joaquim Paulo Lopes Teixeira e a obra tem por título Escola/Comunidade – Perspectivas e Racionalidades (edição Labirinto) e resulta da sua dissertação de mestrado em Administração Educacional pelo Instituto Superior de Educação e Trabalho do Porto, em 2011.
A obra tem 200 páginas de texto e divide-se em quatro capítulos com os títulos “A Escola como organização educativa”, “Os interesses, os consensos e os conflitos na administração das Escolas”, “A comunidade local nas escolas públicas: entre a legislação e a prática” e, finalmente, “Um estudo das Escolas do concelho de Fafe”.

Na contracapa da obra, escreve o autor:

As investigações sobre a capacidade de administrar e de gerir a interacção entre a escola e a comunidade educativa envolvente constituem uma problemática que, não obstante beneficiar já de uma razoável tradição investigativa, nomeadamente no domínio da Sociologia das Organizações e da Administração Escolar, possuem plena actualidade.
Centralizado nos cinco Agrupamentos Escolares e na única Escola Secundária do concelho de Fafe, este estudo procura interrogar o conteúdo, a forma e o sentido de algumas interacções sociais, e de alguns interesses na fronteira de um território que hoje é mais partilhado e que encontra os seus fundamentos numa concepção de escola mais próxima da escola como comunidade educativa. Para a conceptualização e interpretação de algumas novas racionalidades foi desenvolvido um quadro teórico-conceptual, a partir do qual se procurou ancorar algumas interrogações iniciais, e traçou-se um percurso crítico e analítico da agenda legislativa em vigor, desde a implementação legal em 1986, da figura do Conselho Consultivo como órgão de apoio ao Conselho Pedagógico, e como primeiro sinal da abertura da escola à sociedade civil, até à legislação actualmente em vigor.
Procurando acompanhar o sentido de democratização da sociedade civil, a comunidade educativa é um espaço associativo e político, que, como tal, deve ser gerido, e que, como tal, foi analisado.

A dissertação teve a orientação da conhecida docente Manuela Teixeira, que foi durante muitos anos presidente do Sindicato dos Professores do Norte.

O autor:


JOAQUIM PAULO LOPES TEIXEIRA é natural de Fafe, distrito de Braga, onde nasceu em Novembro de 1967.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Franceses e Ingleses – Ramo Educacional, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1992.
Concluiu uma Especialização em Organizações Educativas e Administração Educacional pela Universidade do Minho, em 2009.
Adquiriu o grau de Mestre em Administração Educacional pelo Instituto Superior de Educação e Trabalho do Porto, em 2011.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Eça de Queirós e a actualidade política: parece que está vivo!

Nos últimos dias têm circulado pela blogosfera alguns pensamentos do notável, lúcido e romancista maior da literatura portuguesa Eça de Queirós (Póvoa de Varzim, 25 de Novembro de 1845 – Paris, 16 de Agosto de 1900), incluídos na obra Citações e Pensamentos de Eça de Queirós, e a propósito da crise que afecta gravemente os portugueses nos tempos actuais.
As citações são de uma actualidade gritante, apesar de mais de um século transcorrido, mais parecendo que o tempo não passa, como se Portugal e as suas gentes, e os seus líderes, tivessem parado no tempo!...
Referimos apenas quatro, chamando a atenção para a leitura das restantes, e, claro está, da obra principal de um escritor imensamente actual e obviamente contemporâneo do tempo que passa!

1.
Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal.
(in As Farpas, 1872)

2.
Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.”
(in Distrito de Évora, 1867)

3.
Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito.
Hoje crédito não temos, dinheiro também não – pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela política. De sorte que esta crise me parece a pior – e sem cura.
(in Correspondência, 1891)

4.
Diz-se geralmente que, em Portugal, o público tem ideia de que o Governo deve fazer tudo, pensar em tudo, iniciar tudo: tira-se daqui a conclusão que somos um povo sem poderes iniciadores, bons para ser tutelados, indignos de uma larga liberdade, e inaptos para a independência. A nossa pobreza relativa é atribuída a este hábito político e social de depender para tudo do Governo, e de volver constantemente as mãos e os olhos para ele como para uma Providência sempre presente.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

“Quatro mãos num piano”, pelo duo inglês Worbey and Farrell: espectáculo divertido sábado à noite no Teatro-Cinema de Fafe


Sábado, 21h30
Duração: 70’
Classificação: M/12

A programação do Teatro-Cinema de Fafe prossegue este sábado, 22 de Outubro, com a apresentação do divertido espectáculo “Quatro mãos num piano”, pelo duo inglês Worbey and Farrell.
Com créditos firmados em vários países por onde já passaram, Worbey and Farrell regressam mais uma vez a Portugal para duas apresentações inesquecíveis: sexta-feira em Arcos de Valdevez e sábado em Fafe!
Worbey and Farrel (anteriormente conhecidos como Katzenjammer) é um duo de piano que marca pela diferença.
Ambos com formação clássica, compõem temas cómicos e não só.
Kevin Farrel e Steven Worbey desenvolveram um estilo único, virtuoso e acrobático de se apresentarem em palco que só pode ser apelidado de espectacular. Através de uma atitude moderna num estilo clássico, conseguem surpreender o público com interpretações únicas de Liszt, inspirados por Tom & Jerry, de Tchaikovski e outros que farão rir o público com o “casamento perfeito” entre os clássicos e as músicas de pub inglesas.



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Quem manda no país (e no mundo) é o podre sistema financeiro

1. Os bancos parece que existem há muitos anos, desde a Antiguidade, para, entre outras tarefas e funções que foram conseguindo, emprestar dinheiro aos cidadãos e às empresas e para os cidadãos e as empresas nele depositarem as suas economias, quando as conseguem, à custa sabe-se lá de que sacrifícios e esforços de poupanças.
Parecia-me que a sua função era clara, simples e inequívoca. Mas não é. Durante muitos anos acreditei, liricamente, na bondade dos bancos, na perspectiva (ilusória) do seu contributo para o desenvolvimento da economia e da evolução do país. Já não acredito há muito. Agora muito menos…
Os bancos, ou, mais genericamente, o sistema financeiro, existe apenas e tão só para que alguns ganhem dinheiro, muito dinheiro, aufiram lucros fabulosos à custa das necessidades e até da miséria dos cidadãos e das empresas.
Na altura de “vacas gordas”, quando os portugueses viviam aparentemente bem, embora muito à custa de empréstimos, adiantamentos e outros expedientes, os bancos vangloriavam-se dos lucros fabulosos obtidos nas transacções financeiras. Todos nos recordamos de há dois ou três anos assistirmos regularmente às encenadas conferências de imprensa dos banqueiros a apresentarem os resultados do exercício do ano ou meses anteriores, ufanando-se dos muitos milhões de lucros obtidos.
Durante o socratismo, os bancos portugueses estiveram na mó de cima. Emprestaram muito dinheiro aos cidadãos e às empresas, mas ganharam biliões, dominaram a economia e a política, muito mais do que seria admissível. Houve até um governo, o anterior, que, contra o interesse nacional, não se coibiu de injectar milhões de euros (de todos os portugueses) no buraco do BPN, quando deveria ter processado os responsáveis pelo seu colapso (e não apenas Oliveira e Costa, obviamente). Um governo que assim lesou o país deveria, ele sim, ser arquivado no Forte de S. Julião da Barra!...
Vieram os dias negros da austeridade, que o sistema financeiro provocou, primeiro nos Estados Unidos e depois na Europa e em Portugal, e os bancos perderam o pio. Agora, coitados, além de seguradores, vendedores de livros e de moedas, como qualquer quiosque ou posto dos correios, ainda têm de se desenvencilhar de centenas de habitações, automóveis e frigoríficos que os usufrutuários deixaram de poder pagar. Há quem lhe chame crédito mal parado, mas poderíamos denominá-lo mais propriamente com as designações de cupidez, ganância e cobiça de cada vez maior lucro, que é o que caracteriza o sistema bancário em qualquer parte do mundo.
E o que é que fazem os governos português e europeu a estes malfeitores, enquanto sistema financeiro capitalista e abjectamente especulador? As “marias amélias” das Merkles, dos Sarkozys, dos Passos e dos Gaspares andam todas preocupadas em “recapitalizar” os coitados dos bancos, para que possam dispor de mais dinheiro para explorarem caninamente pessoas, as empresas e os Estados, quando o que deveriam era dar poderes ao Banco Central Europeu para emprestar directamente aos Estados e às empresas.
Enquanto tal não acontece, os bancos não emprestam dinheiro a ninguém, sobem os “spreads” desalmadamente e tornam as transacções proibitivas.
Ou seja, os bancos são beneficiados pelos políticos quando estão na mó de cima e são beneficiados quando estão em aparentes dificuldades (porque eu não acredito, nem um milímetro, nas dificuldades dos bancos).
Os governos, tanto o de Sócrates como o de Passos, facilmente deixam cair na falência empresas, comércios, iniciativas empreendedoras, atirando para o desemprego milhares de trabalhadores, enquanto andam ao colo com os banqueiros e a mais refinada agiotagem. Dizem que isso é o jogo da economia; eu respondo que isso é a sem-vergonha dos nossos pequenos políticos e a prova provada de que quem manda efectivamente neste país (e no mundo), para além da “troika” que ninguém elegeu, é o sistema financeiro, capitalista e especulador!

2. Sobre o que são os bancos, todos os cidadãos têm as suas experiências pessoais: pedem um empréstimo para a casa ou carro e pagam, no final do contrato, e nem é necessário grande prazo, o dobro ou o triplo do que pediram.
Em contrapartida, depositam as suas economias nos bancos e, no final de muitos anos, não saem da cepa torta, com taxas de juro miseráveis.
Para que servem os bancos, afinal?
Para empobrecer os cidadãos e as empresas, emprestando-lhes dinheiro a taxas absurdas e retribuindo-lhes os depósitos com juros desgraçados.