segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Antigos Alunos da Escola Industrial em magusto-convívio





A Associação dos Antigos Professores, Funcionários e Alunos da Escola Industrial e Comercial de Fafe (AAPAEIF), no âmbito do seu plano de actividades, promoveu mais um magusto-convívio, este sábado à noite, no polivalente da Escola Secundária de Fafe, no qual participaram mais de seis dezenas de associados e amigos.
Tive o prazer de lá ter estado, como convidado e sócio benemérito da Associação.

Foi uma noite de intensa convivência que contou com a alegria de antigos alunos (alguns vieram propositadamente do Porto ou de Matosinhos) daquele estabelecimento de ensino que existiu em Fafe entre 1959 e 1974 e que formou diversas gerações para prestar serviço no comércio e na indústria não apenas de Fafe mas do norte do país.

A confraternização foi abrilhantada pelo Rancho Folclórico de S. Vicente de Passos, que presenteou os convivas com diversos números do seu reportório, danças e cantares do Baixo Minho.

A presidente da direcção, Aurora Barros, usou da palavra para agradecera presença de todos e enquadrar esta actividade na vida da Associação, que anualmente assinala o aniversário da sua fundação, com um encontro dos antigos professores e alunos, que vai já na vigésima segunda edição. Este ano, o destaque foi para o lançamento do livro “À Descoberta dos Sonhos - Memória Viva” e de mais um número da revista “Labor et Virtus”.

A AAPAEIF é também habitualmente um dos parceiros das Jornadas Literárias que se realizam em Fafe desde 2010 e cujos participantes na edição deste ano foram agraciados neste convívio.
 
A confraternização serviu também para a primeira apresentação pública do grupo de cavaquinhos da colectividade, que evoluiu já em bom nível, com a participação de uma dezena de associados.
É seu ensaiador o jovem Miguel Pimenta.

sábado, 16 de novembro de 2013

Folhas de Outono

 
Cansadas dos dias
Desabam urgentes como um verso
Uma rosa uma lágrima
Que se desprende do olhar
 
Abandonam os ramos
À sua nudez
Enquanto os pássaros rumam
Ao sabor das buganvílias
Em bandos de sonora luz
 
O teu rosto escreverá
A pequenez dos dias
A demorada migração da alegria
E do calor dos corpos
 
Os gatos regressam ao anoitecer
Da casa para serem amados
Em meigas mãos de lã
 
Quase não há sol
Quando as folhas atapetam o chão
Dos teus lábios que soletram
As chuvas que desenham o horizonte
 
(Artur F. Coimbra. Poema publicado em 15 de Novembro no jornal Notícias de Fafe)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

100 anos de Albert Camus


Passou hoje, 7 de Novembro, o centésimo aniversário do nascimento de um dos escritores mais marcantes do século XX, que foi Prémio Nobel da Literatura.
Refiro-me a Albert Camus, nascido na Argélia em 1913 e que morreu num acidente de viação em Janeiro de 1960, quando regressava a Paris com o seu editor.
Licenciado em Filosofia, dedicou-se depois ao jornalismo e à escrita.
Com a invasão da França pelos nazis, na Segunda Guerra Mundial, Camus travou relações com o filósofo existencialista Jean Paul Sartre, e engajou-se na Resistência francesa, escrevendo e depois tornando-se editor do jornal clandestino "Combat". Trabalhou depois no semanário L'Express.
O seu nome subira já nessa altura ao primeiro plano das letras francesas e mundiais.
As suas obras mais famosas são os romances O Estrangeiro, A Peste (uma alegoria da ocupação alemã e da condição humana e que foi traduzido para o português pelo escritor braseiro Graciliano Ramos) e A Queda.
Mas também se destacam os ensaios O Mito de Sísifo e"O Homem Revoltado; ou as peças de teatro Os Justos, Calígula ou o Equívoco.
Em 1957, recebeu a maior honraria literária em reconhecimento da sua obra: o Prémio Nobel da Literatura.
Morreria de acidente três anos depois, com apenas 47 anos.
Apesar de já ter desaparecido há mais de meio século, Albert Camus “é um daqueles escritores que são intemporais pela sua genialidade e actualidade da escrita” (António Souza Pinto, Livros do Brasil).
Por isso ainda é um autor procurado e lido pelos leitores portugueses.
Até porque os temas que explora na sua obra, sobretudo a ideia do absurdo da existência humana, além de terem contribuído fortemente para o enriquecimento da filosofia, são temas de todos os tempos e lugares.
Porventura a sua obra mais famosa é O Estrangeiro. Lançada em 1942, foi traduzida em mais de quarenta línguas e recebeu uma adaptação cinematográfica realizada por Luchino Visconti em 1967.
Faz parte do "ciclo do absurdo" de Camus, trilogia composta por esse romance, pelo ensaio O mito de Sísifo e pela de teatro Calígula que descrevem o aspecto fundamental da sua filosofia : o absurdo.
O Estrangeiro é uma obra que marca a literatura do séc. XX e o pensamento de quem a lê. Decide-se aqui o destino de um homem que matou outro. Por causa do sol. Não há perdão nem arrependimento, só o absurdo!
Um autor a descobrir, por quem não o conhece.
 
É absolutamente intemporal e actual, como acima se refere!...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O “GUIÃO” DE PAULO PORTAS NÃO PASSA DE MANOBRA DE DIVERSÃO



O chamado “guião para a reforma do Estado”, apresentado há dois dias e que Paulo Portas levou 333 dias a parir, não passa de um nado-morto. RIP!
Porque os partidos responsáveis (o PS e o próprio PSD), mais o bom senso político de quem tem alguma réstia de lucidez, vão mandar o inútil desperdício de tempo e de paciência para onde merece: o caixote do lixo!
À média de 1/3 de página por dia, para as 110 “páginas úteis”, dir-se-ia que o “guião” é de uma pobreza franciscana e que não passa de uma colecção de lugares comuns, um chorrilho de banalidades.
Um documento que apenas é feito para justificar os cortes brutais que já foram feitos nos Orçamentos de Estado de 2012, 2013 e no de 2014. Curiosamente, pelo “mero acaso” das legislativas, promete-se aliviar o calvário do sofrimento em 2015… O ano do adeus!...
Um documento perfeitamente inútil e que não passa de uma manobra de diversão para distrair os incautos do bárbaro Orçamento de Estado que foi hoje aprovado no Parlamento apenas pelos seus autores: não vai conseguir sai do papel.
Um documento que não tem em conta o artigo 9º da Constituição, em diversos aspectos, e por isso é inconstitucional, como tem sido timbre de tantas medidas deste governo em permanente situação de fora de lei.
Por isso é extemporâneo. Já deveria ter sido apresentado há pelo menos dois anos, de é que pretendia algum pingo de oportunidade.
Pelas ideias que banaliza, mais parece o programa do CDS para as legislativas de 2015. Não colhe.
Portas diz querer mudar o Estado em seis anos: mas se está a um ano das eleições e se a discussão vai ainda começar com os partidos e os parceiros sociais (os cidadãos que se lixem, eles que depois mandam lixar quem os manda…), Portas quer o quê? Mandar quando já não estiver no governo?
Porque, curiosamente, nem o PSD legitima as ditas “reformas”, que mais não são do que cortes (não “melhorias”) ferozes em tudo o que é Estado Social e sector público da actividade.
Pretende Portas “modernizar” o Estado: mas há alguém que defenda um Estado antigo?
Pretende Portas “renovar” o Estado: mas há alguém que queira um Estado parado no tempo?
Tenha dó da inteligência alheia…
Proclama bagatelas e trivialidades, como grandes reformas. É só cortes, restruturações, fusões, centralizações.
Uma das primeiras “sugestões” é “diminuir o recurso a serviços externos ao Estado, começando pelas funções jurídica e contenciosa”, o chamado recurso sistemático ao “outsourcing”. Mas isso não é reforma nenhuma, é acabar com um escândalo que custa milhões aos contribuintes e que este governo nestes dois anos e meio não se tem cansado de aplicar. Onde está a coragem de acabar com os pareceres pagos principescamente aos escritórios de advogados dos amigos?
O documento não passa de um chorrilho de intenções, que não são para concretizar, de manobras de diversão, de condenação ao cesto dos papéis da história.
No ensino e na saúde, a agenda é a mera e estimulada privatização dos serviços, para engordar os privados. Mas onde se esperava outra coisa, vinda de quem vem?
Na cultura, por exemplo, mais vulgaridades: “melhor acesso à cultura, com o Estado a responder à procura com mais informação, mais parcerias e mais descentralização”. Ou seja, o Estado marimba-se para a cultura. Demite-se da sua missão central e constitucional. Passa a bola para os parceiros e informa os cidadãos. Mas para que raio serve um Estado assim?
Mais um exemplo: a colocação de desempregados. O documento prevê “desafiar a iniciativa privada a ajudar a melhor a colocação de desempregados” Importa-se de repetir? Mas os privados precisam do Estado para lhes ensinar quem devem meter nas suas empresas?
Finalmente, para não ir mais longe: a desburocratização. Sonha o Portas na “massificação do uso dos serviços públicos electrónicos, através da aposta permanente em interfaces simples, intuitivos e seguros”. Mas não saberá sua excelência que tanto aprecia as feiras que, numa população envelhecida, há milhões de portugueses info-excluídos? Até onde vai a fantasia de Paulo Portas?
No DN desta quinta-feira, 31 de Outubro, há um texto imperdível sobre este assunto de André Macedo, director do Dinheiro Vivo.
Chama os bois pelos nomes. Fala de um texto que é “uma loja dos 300”!, de uma “pobreza inacreditável”, uma “salgalhada ignorante, colecção de chavões e banalidades”, feito por “este grupo de estagiários que o país tragicamente elegeu”…
E tantos outros. Vão à net e leiam!