1. O ministro das
Finanças, Vítor Gaspar, “confessou” esta sexta-feira, comentando a sua visão dos resultados da sétima avaliação da
tróica, que não terão sido tão “positivos” quanto propagandeou, a sua mais completa
incompetência para gerir o país, do ponto de vista financeiro, logo, para
honrar o exercício do cargo que ocupa há quase dois anos. Mais uma vez, sem
qualquer surpresa, de resto, atento o passado recente, falhou em todas as
previsões que fez ao longo dos últimos meses.
Em Setembro de 2012, previu um “crescimento
negativo” (ainda não consegui perceber como é que se consegue crescer andando
para trás, mas não sou economista…) para este ano de 1%. Seis meses volvidos
apenas, a nova previsão aponta para 2,3%. Mais do dobro. O défice previsto na
mesma altura para este ano era de 3%. Vai chegar aos 5,5%, na melhor das
hipóteses. O dobro do previsto. O desemprego previsto era de 16,4%, agora já se
aponta para cerca dos 19% durante 2013. E para trás, ficam sucessivos fracassos
nas previsões relativamente ao ano de 2012, cujos números foram muito além dos
estimados pelo catedrático dos falhanços, que não se percebe como chegou a
ministro, a não ser para satisfação dos especuladores da finança internacional,
a quem ele dá garantias (e aí não falha, categoricamente) de esbulhar os
portugueses até ao osso, prosseguindo a maquiavélica estratégia de
empobrecimento dos cidadãos do país que não parece ser o seu. E se calhar não
é, porque o capitalismo é internacional.
Assim, nem uma única previsão que fez foi
confirmada, sinal de que só por sadismo de Passos Coelho, que há-de pagar
seguramente bem caro, a pretensa “luminárias das contas” ainda se mantém à
frente da pasta mais relevante do governo. As previsões económicas que o homem faz,
sistematicamente, erram a todos os níveis e são sucessivamente alvo de
revisões, negativas. Não sei do que é que o chefe do governo ou o silencioso e
desaparecido Presidente da República (que só critica os males da Europa, quando
o que importava ouvi-lo era acerca da tragédia que os seus correligionários
estão a fazer desabar sobre o povo que o elegeu…) estão à espera para fazer
desaparecer da nossa vista esta manifesta e reiterada incompetência colossal.
Um homem que apresenta as medidas mais gravosas que
supor se possam com o ar mais frio, insensível e pastoso que se imagina, sem a
mínima consideração humana pelo sofrimento, pelas dores, pelas carências de
tantas famílias por esse país fora. Tanto se lhe dá que haja 500 000 como 1
milhão de desempregados. Gaspar só vê contas na sua folha de excell: quanto o país deve, quanto tem
de cortar na saúde, na educação, na protecção social, quanto é necessário
sacrificar de ordenados e pensões para que os sacrossantos credores possam
receber.
A imprensa refere que “Gaspar impõe duas vezes mais
austeridade que a exigida pela troika”. Mas ainda assim não está satisfeito. E
ainda assim, as contas saem sistematicamente furadas, não cumprindo uma única
meta. E ainda assim tem o desplante de não saber o que vai ser o futuro
próximo. Mas então que está o homem lá a fazer? Não têm os estadistas a
obrigação de antecipar o futuro?
Para fazer contas de merceeiro, sistematicamente
erradas, qualquer dona de casa poderia ser ministra das Finanças!...
Esta gente não tem um pingo de vergonha na cara!...
2. O presente deste país é imensamente
negro e o futuro não lhe fica atrás. Para disfarçar a sua incompetência, Vítor
Gaspar esconde-se atrás de uma retórica técnica, que poucos percebem e que nem
ele próprio saberá o que significa. Por exemplo: "A
revisão dos limites foi calibrada de forma a garantir uma constância na
persistência do esforço de consolidação orçamental ao longo de tempo, de forma
a conciliar os efeitos do ajustamento com a necessidade de ancorar a dívida
pública e do financiamento dessa dívida."
Quem é que sabe o que
quer dizer este palavreado de um ministro que quer transmitir uma mensagem à
população?
Contudo, para
assassinar em absoluto qualquer esperança dos portugueses, o ministro foi
claro: “para que Portugal consiga diminuir a dívida para limites europeus, o
ajustamento terá de continuar durante décadas. Corrigir níveis excessivos de
dívida exigirá o esforço de uma geração”, atirando para 2040 a altura em que
Portugal conseguirá chegar a 60%, em linha com o exigido no pacto europeu.
E ainda vem,
provocatoriamente, com os “amanhãs que cantam”, velha ladainha que conhecemos
de outras paragens. Que a sociedade portuguesa, depois de ultrapassado este
transe difícil da sua História, vai surgir mais aberta, mais competitiva, mais
concorrencial, mais próspera e mais justa.
Além de incompetente
e falhado, o homem tem mesmo lata!
3. Que se lixe o
défice, proclamam os portugueses, que, derreados por uma paixão pela
austeridade deste governo, não sabem o que hão-de fazer à vida. Não há emprego,
não há salários dignos, sobram a pobreza e a emigração. Portugal será cada vez
mais um país de velhos, regredindo em factores que teciam alguma modernidade,
como a mortalidade infantil, a qualificação da população, a esperança média de
vida.
É dramático que
aceitemos um governo que está a matar o que Portugal tem de melhor!
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