segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Herói, apenas



Este domingo choveram
Lágrimas em Portugal
Não de tristeza pelo derradeiro
Remate à baliza da vida
Mas de júbilo pelo privilégio
De termos sido teus contemporâneos
Dos teus pés saíam epopeias
Metáforas asas orquídeas
Para alegria de todos nós
Os teus golos eram poemas
Que levantavam a alma colectiva
Do rés-do-chão dos tempos
Na Luz ou em Wembley
Das tuas cabeçadas floriram palmas
Abraços êxtases paixões
Iluminaste destinos fados afectos
Imortalizaste o melhor que o futebol
Consegue inventar
A magia a fantasia a força
A energia que faz mover corações
E torna mais humanos os homens
Tinhas a pátria dentro de ii
Partilhada com o teu povo
Pantera ou diamante
Eras uma festa imensa em campo e fora dele
Para felicidade dos que te adoravam
O teu coração não resistiu
A tanto amor
Por todos nós
Porque foi por nós que marcaste
De todas as maneiras e feitios
Que enfeitiçaste a bola
Guiando-a para onde a alma era maior
Escreveste no relvado as páginas
Mais notáveis do desporto português
Espalhaste a grandeza de Portugal
Pelo mundo com o talento
Que só os deuses conseguem
Ainda assim eras o mais simples
O mais puro o mais próximo
Da geometria da terra das flores das águas
Vestiste a pele de herói de todo um povo
E apenas te escondeste do nosso olhar

Artur Coimbra
(05.01.2014)

Eusébio partiu hoje, a dias de fazer 72 anos de idade.
Ao longo do dia, tudo foi dito e redito, nas televisões, nas rádios, nas redes sociais.
Apreciei, mesmo, as palavras de dirigentes com que normalmente não vou à bola e que, neste caso, inteiramente subscrevo. Casos de Passos Coelho, Cavaco Silva e Pinto da Costa.
Eusébio era na verdade uma referência colectiva, um traço de união entre os portugueses, de qualquer matiz clubística ou ideológica.

Foi um dos heróis da pátria, que tão escassos tem.

Sem comentários: