Como estava previsto, foi lançado na Biblioteca Municipal de Fafe, no fim-de-semana, o livro de João Freitas, A Noite Fatal de um Comunista. Sobre a obra e o “jovem autor”, falaram o vereador da Cultura, Pompeu Martins, o editor da Labirinto, João Artur Pinto e o próprio autor.
Perante algumas dezenas de amigos e familiares, o que é de realçar em pleno Agosto, a biografia romanceada do barbeiro comunista, Joaquim Lemos de Oliveira, o mártir maior de Fafe nos tempos do fascismo, foi circunstanciada e competentemente apresentada, como é seu timbre, pelo também escritor Carlos Afonso, um fafense adoptivo que ama esta terra.
Perante algumas dezenas de amigos e familiares, o que é de realçar em pleno Agosto, a biografia romanceada do barbeiro comunista, Joaquim Lemos de Oliveira, o mártir maior de Fafe nos tempos do fascismo, foi circunstanciada e competentemente apresentada, como é seu timbre, pelo também escritor Carlos Afonso, um fafense adoptivo que ama esta terra.
Para o blogue Sala de Visitas do Minho, resumiu a sua intervenção, que se deixa a seguir.
Em A Noite Fatal de um Comunista vamos ao encontro dos anos 20, 30, 40 e 50 do séc. XX, e onde encontramos referência à Guerra Civil de Espanha, à Segunda Guerra Mundial e, claro está, aos mandos e desmandos do regime salazarista, suportado por uma polícia sem escrúpulos e bufos sem rosto. Igualmente, surge aos nossos olhos um autor rodeado de um sentimentalismo muito vivo que nos conduz para momentos da sua infância, que vão caminhando ao lado de muitos acontecimentos narrados.
A primeira vez que li este livro, fui tropeçando aqui e ali com certos momentos narrativos, contados por um narrador omnisciente, subjectivo, presente e possuidor de um grande coração, que me levaram a parar e a saborear cada instante. Servindo-se de uma linguagem natural, digestiva, clara e desviada de uma adjectivação complicativa, o narrador mostra que todos os seus cinco sentidos estão em riste e operacionais.
Entrando na história do livro, quero dizer-vos que se preparem para conhecerem uma personagem histórica. Assim, vamos encontrar a narrativa biográfica de Joaquim Lemos de Oliveira, um anti-fascista, a quem chamavam o “Repas”, barbeiro de profissão, e que sofreu na pele as garras afiadas do salazarismo.
Tendo como pano de fundo as terras de Antime e os rios Ferro e Vizela, os nossos olhos são dirigidos para o barbeiro Joaquim, um comunista confesso, que acreditava nos seus ideais, centrados na justiça, igualdade e liberdade, mas que esbarrava nos preconceitos políticos da época.
Na sua infância, Joaquim teve uma educação cristã e apenas fez a quarta classe, pois a vida era difícil e era preciso trabalhar. Com treze anos aprendeu o ofício de barbeiro e sempre mostrou interesse pelas conversas dos clientes, principalmente por assuntos mais revolucionários. De vez em quando fazia as suas leituras, sentindo uma certa predilecção por jornais e panfletos comunistas que iam aparecendo, acabando por entrar para a Juventude Comunista em 1922. A partir deste momento, começou a lutar pelo que acreditava, tornando-se um militante activo do Partido Comunista, entretanto ilegalizado. Assim sendo, a PIDE começou a ver nele um alvo a abater.
A partir de dada altura, e sabendo do perigo que ele e a sua família corriam, fez da fuga a sua forma de vida. Foi nestas circunstâncias que se refugiou na casa de um salazarista confesso, o pai do narrador, e que era o regedor de Antime, na altura. É interessante ver o humano deste regedor que, apesar das suas convicções políticas, criticava os excessos do regime.
Com o decorrer das peripécias, magnificamente tecidas, reparamos que a PIDE cada vez apertava mais o cerco ao “Repas”, e este teve de fugir de casa do regedor, provocando uma imensa tristeza na família que o ocultava.
Com um pouco de sorte, e porque o destino assim o definia, o barbeiro lá ia conseguindo esconder-se da polícia, sendo apelidado por estes “A Truta”, por causa da facilidade como lhes escapava.
A capa, assim como no sugestivo título A Noite fatal de um comunista, reflectem o clímax da obra. Eles mostram as circunstâncias da prisão do barbeiro fugitivo, e que irão influenciar o desenrolar da acção.
A partir da altura em que a PIDE apanhou a “Truta”, que lhes fugia há tanto tempo, nunca mais o nosso Joaquim teve sossego, sendo constantemente maltratado pelos seus algozes. As cenas da prisão do “Repas”, assim como a sua morte, são-nos descritas de uma forma magistral, cobertas de um visualismo que nos surpreende.
Ao Joaquim, barbeiro de profissão, tiraram quase tudo, mas nunca lhe conseguiram roubar os seus ideais. Salazar caiu, o regime desfez-se mas, e como o nosso narrador diz de uma forma convincente, as ideias e convicções do Joaquim, o “Repas”, “A Truta”, venceram no dia 25 de Abril de 1974. A ele e a muitos outros que penaram o mesmo sofrimento devemos a nossa liberdade.
A primeira vez que li este livro, fui tropeçando aqui e ali com certos momentos narrativos, contados por um narrador omnisciente, subjectivo, presente e possuidor de um grande coração, que me levaram a parar e a saborear cada instante. Servindo-se de uma linguagem natural, digestiva, clara e desviada de uma adjectivação complicativa, o narrador mostra que todos os seus cinco sentidos estão em riste e operacionais.
Entrando na história do livro, quero dizer-vos que se preparem para conhecerem uma personagem histórica. Assim, vamos encontrar a narrativa biográfica de Joaquim Lemos de Oliveira, um anti-fascista, a quem chamavam o “Repas”, barbeiro de profissão, e que sofreu na pele as garras afiadas do salazarismo.
Tendo como pano de fundo as terras de Antime e os rios Ferro e Vizela, os nossos olhos são dirigidos para o barbeiro Joaquim, um comunista confesso, que acreditava nos seus ideais, centrados na justiça, igualdade e liberdade, mas que esbarrava nos preconceitos políticos da época.
Na sua infância, Joaquim teve uma educação cristã e apenas fez a quarta classe, pois a vida era difícil e era preciso trabalhar. Com treze anos aprendeu o ofício de barbeiro e sempre mostrou interesse pelas conversas dos clientes, principalmente por assuntos mais revolucionários. De vez em quando fazia as suas leituras, sentindo uma certa predilecção por jornais e panfletos comunistas que iam aparecendo, acabando por entrar para a Juventude Comunista em 1922. A partir deste momento, começou a lutar pelo que acreditava, tornando-se um militante activo do Partido Comunista, entretanto ilegalizado. Assim sendo, a PIDE começou a ver nele um alvo a abater.
A partir de dada altura, e sabendo do perigo que ele e a sua família corriam, fez da fuga a sua forma de vida. Foi nestas circunstâncias que se refugiou na casa de um salazarista confesso, o pai do narrador, e que era o regedor de Antime, na altura. É interessante ver o humano deste regedor que, apesar das suas convicções políticas, criticava os excessos do regime.
Com o decorrer das peripécias, magnificamente tecidas, reparamos que a PIDE cada vez apertava mais o cerco ao “Repas”, e este teve de fugir de casa do regedor, provocando uma imensa tristeza na família que o ocultava.
Com um pouco de sorte, e porque o destino assim o definia, o barbeiro lá ia conseguindo esconder-se da polícia, sendo apelidado por estes “A Truta”, por causa da facilidade como lhes escapava.
A capa, assim como no sugestivo título A Noite fatal de um comunista, reflectem o clímax da obra. Eles mostram as circunstâncias da prisão do barbeiro fugitivo, e que irão influenciar o desenrolar da acção.
A partir da altura em que a PIDE apanhou a “Truta”, que lhes fugia há tanto tempo, nunca mais o nosso Joaquim teve sossego, sendo constantemente maltratado pelos seus algozes. As cenas da prisão do “Repas”, assim como a sua morte, são-nos descritas de uma forma magistral, cobertas de um visualismo que nos surpreende.
Ao Joaquim, barbeiro de profissão, tiraram quase tudo, mas nunca lhe conseguiram roubar os seus ideais. Salazar caiu, o regime desfez-se mas, e como o nosso narrador diz de uma forma convincente, as ideias e convicções do Joaquim, o “Repas”, “A Truta”, venceram no dia 25 de Abril de 1974. A ele e a muitos outros que penaram o mesmo sofrimento devemos a nossa liberdade.
Texto: Carlos Afonso
Fotos: Rui Dario Correia
Fotos: Rui Dario Correia
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