Jornal de Notícias, 15/08/2012 |
Pedro Passos Coelho começou por fugir à populaça, ao transferir a Festa do Pontal da rua para um parque aquático, onde estava bem guardado e a recato de qualquer contestação. Todas as justificações que não tenham a ver com o medo do confronto com a realidade do país, pecam por fantasia.
No discurso, sobreveio um “remake”, um delírio requentado de Sócrates de há uns tempos. O decreto do fim da crise.
Sabe bem ouvir as palavras de quer a recessão está a terminar. São música para os ouvidos dos portugueses, demasiado fustigados por uma crise que não pára de agravar-se.
Passos Coelho, o líder do PSD, a crer na comunicação social, “garantiu que não haverá recessão e disse ter a certeza de que a recuperação económica vai começar no próximo ano”.
Palavras textuais: “O ano de 2013 será de inversão da actual situação económica em Portugal”. Palavras assumidamente para “transmitir esperança aos portugueses”, mas em que poucos acreditam, por certo.
São promessas de vendedor de banha da cobra. Promessas tão fáceis de pronunciar e que já em outros anos ouvimos e que se vieram a revelar uma falácia, um embuste, uma aldrabice.
Por isso, são previsões bem fora da realidade dos portugueses e que são um atentado ao necessário realismo com que devem ser encaradas estas coisas. Não se brinca com as expectativas dos portuguesas, com a sua boa fé Basta atentar no facto de terem sido produzidas no mesmo dia em que foi revelado que os números do desemprego dispararam. Apesar de “oficialmente” o desemprego em Portugal estar nos 15%, correspondendo a 826,9 mil portugueses, na prática e segundo dados do INE, 23,3% da população activa portuguesa está alienada do mercado do trabalho. Ou seja, um em cada quatro portugueses está desempregado, subempregado, ocupado a tempo parcial ou inactivos à procura de emprego. São 1 343 000 portugueses. É demasiada gente, para que se possa estar a construir castelos de areia movediça, sem dados concretos para apresentar e por mera motivação política.
Por outro lado, o número de falências de empresas aumentou quase 50% entre Junho do ano passado e igual mês deste ano.
É perante esta realidade, que o plástico optimismo do líder do PSD (não foi o primeiro-ministro que ontem esteve no Pontal, ao contrário do que se lê hoje nos jornais, porque nas actividades partidárias estão os dirigentes partidários e não o chefe do executivo…) soa a falso e a mera campanha para motivar as tropas!...
E já que se fala em campanha, é de recordar que ainda há escassos dias o mesmo personagem, na qualidade de líder do PSD e almoçando com os deputados, naquele auto-elogio a fazer lembrar o choradinho do “António Salvador da Pátria”, vociferou que o que importa é “salvar Portugal” e “que se lixem as eleições”, quando afinal já se fala em ganhar as regionais dos Açores, as próximas autárquicas, etc. A não ser que não estejamos a falar de eleições!...
Que se lixem as contradições, que não é a mim que esta gente anda a imposturar!
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