terça-feira, 31 de agosto de 2010

PALHINHAS DOURADAS - POEMA ÀS MULHERES DE TRAVASSÓS

A propósito da festa de Nossa Senhora das Graças, em Travassós, que culminou no domingo, gostaria de aqui partilhar um belíssimo poema de um bom amigo, Álvaro de Oliveira, de Braga, sobre as mulheres de Travassós que teciam (e tecem) a palha, fazendo desse exercício artesanal e rotineiro uma das formas de identidade daquele povo e, no fundo, dos fafenses.
Tem já duas dezenas de anos o texto seguinte, mas mantém a frescura e a autenticidade do que a acaba por ser eterno.
A imagem não é de grande qualidade mas dá uma ideia do que está em causa...


Palhinhas Douradas

(Às mulheres de Travassós)
Fafe

Penduram o olhar ao seio
Têm no rosto a cor do pão
Fitas de palha entre os braços
Palhinhas de mão em mão

Suor em terra correndo
Finas mãos sabor a trigo
Estas palhinhas doiradas
Têm dores de mulher consigo

Nas ruas a dar ao dedo
Em movimento apressado
Lá vão tecendo em segredo
Segredos por todo o lado

Leves palhinhas doiradas
Tantos passos mil enganos
As mulheres de Travassós
Têm nas palhinhas seus anos.


Álvaro de Oliveira
Março de 1990

2 comentários:

Luísa disse...

Bela homenagem, num post altamente fafense!
E o poema?
Viram-se nele entrançadas as mais calorosas palavras às artesãs de travassós!

Beijinho terno a ambos!

ARTUR COIMBRA disse...

Cara Luísa:
como sempre um comentário terno, delicioso, amigo, bairrista, como só os poetas podem fazer.
Muito obrigado pelo meu amigo Álvaro, que é um excelente poeta e um singular ficcionista, cujas obras já foram por diversas vezes apresentadas em Fafe.
Um beijo amigo.