Aurélio Márcio, sempre simpático e disponível, esteve presente no lançamento da primeira edição do meu livro Dicionário dos Fafenses, em 2001. Nove anos depois, já estava demasiado doente para ver a segunda edição da obra. |
As páginas electrónicas de jornais divulgaram esta tarde o falecimento do fafense Aurélio Márcio, de 91 anos, um dos mais renomados jornalistas portugueses e aquele que mais competições desportivas internacionais cobriu ao longo da sua extensa carreira. Nos últimos trinta anos, enquanto a saúde permitiu, veio várias vezes a Fafe, a convite do município e de associações como o Grupo Nun'Álvares e o Núcleo de Artes e Letras, neste caso, para o lançamento da obra Dicionário dos Fafenses (2001),
O funeral de Aurélio Márcio realiza-se na quarta-feira, no cemitério dos Olivais, em Lisboa, onde o corpo será cremado.
Aurélio Márcio Alves da Costa nasceu em 12 de Julho de 1919, na rua do Retiro, em Fafe e residiu durante a maior parte da sua existência em Lisboa.
Iniciou a sua longa e prestigiada carreira de jornalista em Outubro de 1943, no Diário Popular, como colaborador, de que foi depois repórter e redactor até 1985, altura em que se aposentou. Foi ainda fundador da “bíblia” do jornalismo desportivo português, o jornal A Bola, e mais tarde societário, de 1945 a 1995, tendo sido sempre seu redactor.
Colaborou ainda noutros órgãos de comunicação social, destacando-se O Século, o Record, a Gazeta dos Desportos, a Emissora Nacional e Rádio Renascença. Foi comentador desportivo na TV e na TSF, esta a partir de 1994.
Como um dos mais brilhantes e conceituados jornalistas portugueses, ao serviço sobretudo de A Bola, Aurélio Márcio cobriu as mais importantes competições desportivas mundiais, a nível de selecções: fases finais do Campeonato do Mundo: 1966 – Inglaterra; 1970 – México; 1974 - República Federal da Alemanha; 1978 – Argentina; 1982 – Espanha; 1986 – México; 1990 – Itália; 1994 - Estados Unidos da América e 1998 – França; Campeonato da Europa; 1964 – Espanha; 1980 – Itália; 1984 – França; 1988 - República Federal da Alemanha; 1992 – Suécia; 1996 – Inglaterra e 2000 – Holanda e Bélgica. Cobriu ainda o Campeonato Mundial Sub-21 realizado em 1979 no Japão. A nível de clubes, esteve presente na Taça dos Clubes Campeões Europeus: 1961 – Bern; 1963 – Londres; 1967 – Lisboa; 1968 – Londres e 1990 – Viena e na Taça dos Vencedores de Taças; 1964 - Bruxelas e Antuérpia; 1984 – Bâle; 1986 – Lyon e 1992 – Lisboa. Esteve ainda em duas finais da Taça de França e duas da Taça de Inglaterra.
Efectuou, ao longo da sua carreira, viagens com a Selecção Nacional, Benfica, Sporting e FC Porto a países como os Estados Unidos, Canadá, Bermuda, Venezuela, Brasil, Japão, Macau, Coreia do Sul e Hong Kong. Finalmente, fez centenas de viagens com os clubes portugueses concorrentes às taças europeias, por todos os países do Velho Continente.
Aurélio Márcio foi um dos primeiros associados das principais associações de profissionais da comunicação social: Sócio n.º 18 do Sindicato dos Jornalistas e Sócio n.º 6 do Clube Nacional da Imprensa Desportiva (CNID). Foi ainda sócio da Association Internacional de la Press Sportive. Até 1997, foi Membro Europeu, por Portugal, do júri da eleição do melhor jogador europeu e mundial, da consagrada revista francesa, France Futebol.
A nível de condecorações, Aurélio Márcio foi agraciado com a Medalha de Prata de Mérito Concelhio da Câmara Municipal de Fafe (5 de Outubro de 1988), Medalha de Bons Serviços – Desporto, do Ministério da Educação Nacional (Roberto Carneiro), Comenda da Ordem de Mérito – Presidência da República (Mário Soares) e Medalha de 25 Anos do CNID.
Comenda da Ordem de Mérito – Presidência da República – Dr. Mário Soares. Foi autor do livro Um Repórter na RDA, edição Cultura e Desporto.
Em suma, uma luminosa carreira de jornalista que foi de 1943 a mais de 2000. Mais de seis décadas ao serviço do jornalismo e do país.
Aurélio Márcio era pai de outro conhecido jornalista e escritor, João Alves da Costa, autor de obras polémicas como América em Carne Viva , Droga e Prostituição em Lisboa, Bruxas à Portuguesa, Sadomasoquismo s.f.f., Portugal Erótico e Orgasmos de Elite, entre outras.
Doente há já alguns anos, apagou-se hoje um dos fafense mais ilustres do século XX.
(In Dicionário dos Fafenses, 2ª edição, 2010, pp. 183-184).
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