domingo, 26 de setembro de 2010

DEMAGOGIA FEITA À MANEIRA É COMO QUEIJO NUMA RATOEIRA

A conhecida cantora Lena D’ Água esteve no Teatro-Cinema desta cidade na noite do passado sábado, para uma plateia bem composta, embora fosse expectável uma lotação superior.
A artista reviveu alguns dos seus êxitos mais famosos, juntamente com o fabuloso guitarrista Tahina, que encheu a belíssima sala com o seu virtuosismo.
O Teatro-Cinema voltou a ser elogiado como uma das mais encantadoras casas de espectáculo deste país, o que só pode deixar orgulhosos todos os fafenses.
Aqui e agora apenas gostaria de deixar o poema de uma das músicas interpretadas pela cantora, da autoria (música e letra) de Luís Pedro Fonseca e que faz parte do álbum Perto de Ti (1982).
Os versos já têm quase trinta anos, como se verifica, mas a sua mensagem permanece inteiramente actual, pertinente e acutilante. Basta olhar à nossa volta.
É só ler (com olhos de ler…) e interpretar!


Demagogia

Dão nas vistas em qualquer lugar
Jogando com as palavras como ninguém
Sabem como hão-de contornar
As mais directas perguntas

Aproveitam todo o espaço
Que lhes oferecem na rádio e nos jornais
E falam com desembaraço
Como se fossem formados em falar demais

Demagogia feira à maneira
É como queijo numa ratoeira

P’ra levar a água ao seu moinho
Têm nas mãos uma lata descomunal
Prometem muito pão e vinho
Quando abre a caça eleitoral

Desde que se vêem no poleiro
São atacados de amnésia total
Desde o último até ao Primeiro
Vão-se curar em banquetes, numa social

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