A direita acaba de triunfar em Portugal. O PSD e o CDS-PP, juntos, passam a deter a maioria dos assentos no Parlamento. Questão de legitimidade eleitoral. Passo Coelho será o próximo primeiro-ministro, que terá como vice Paulo Portas, com toda a certeza.
Em democracia, felicitam-se os vencedores e respeitam-se os resultados. Porque se assume que o povo é sempre sábio, sobretudo quando vota no sentido que nós gostamos.
José Sócrates foi o grande derrotado deste sufrágio, pagando a factura de seis anos de uma governação controversa: os quatro primeiros anos de uma incomensurável arrogância e os dois últimos tentando afrontar uma inultrapassável crise económica, começada nos Estados Unidos e que o haveria de arrastar para o abismo. Como consequência do desaire, e num discurso de enorme dignidade política, acabou por apresentar, louvavelmente, a sua demissão de secretário-geral do Partido Socialista., para o qual havia sido eleito, pouco menos que por unanimidade, há dois ou três meses. Mas a política é assim… Por culpa própria e por contingências da crise internacional, foi apeado do poder pela maioria dos eleitores. A avaliação negativa da sua acção governativa por parte do eleitorado não deixa margem para qualquer dúvida, como se verifica pelos resultados deste domingo...
A partir de agora o xadrez político em Portugal vai alterar-se profundamente. O PSD regressa ao poder, coligado com os populares e Sócrates desaparece da cena pública.
Os “ovos” da política acabam de ficar todos no mesmo saco: o parlamento, o governo, a presidência.
A partir de agora não há desculpas, nem evasivas, nem justificações. Não há condicionamentos políticos.
Não pode haver as habituais lengalengas da “pesada herança” para a incapacidade de cumprir um programa eleitoral, ainda que a acção governativa vá ser fortemente condicionada pelos compromissos decorrentes do memorando internacional que o PSD e o CDS assinaram (e muito bem), sem pestanejar.
A partir de agora, terá de haver trabalho, responsabilidade, respeito, sem o costumeiro “revanchismo”.
Para quem passou a campanha a encher a boca de que vamos sair do fundo e que não será necessário pedir mais sacrifícios aos portugueses que os previstos no memorando do triunvirato, estamos aqui para ver, e para avaliar.
E, sobretudo, desejar que o famigerado "Estado Social" não seja de facto desmantelado, para bem de alguns milhões de portugueses de mais débeis recursos financeiros!...
Enfim, a democracia tem essa vantagem sobre as ditaduras: periodicamente, o sábio povo pode mudar as lideranças, os programas e os governos. E ainda bem!...
Mais três notas: a primeira para lamentar a elevadíssima abstenção registada nestas eleições e que não é justificável, para lá de se saber que há um imenso rol de eleitores-fantasma, que cumpre eliminar dos cadernos eleitorais e que acabam por desvirtuar os números; a segunda para referir que o Bloco de Esquerda começa a ser reduzido à sua real dimensão de "cavalgador de descontentamentos" e não de partido responsável (desceu para metade dos seus deputados), devendo por em causa a sua liderança; e, por fim, sublinhar que no concelho de Fafe quem venceu foi o Partido Socialista, o que não deixa de se relevar.
2 comentários:
Esperança renovada,torçemos que vire realidade.
E engrenou muito bem...já cheirava a podre o regime de sócrates
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