1. Os bancos parece que existem há muitos anos, desde a Antiguidade, para, entre outras tarefas e funções que foram conseguindo, emprestar dinheiro aos cidadãos e às empresas e para os cidadãos e as empresas nele depositarem as suas economias, quando as conseguem, à custa sabe-se lá de que sacrifícios e esforços de poupanças.
Parecia-me que a sua função era clara, simples e inequívoca. Mas não é. Durante muitos anos acreditei, liricamente, na bondade dos bancos, na perspectiva (ilusória) do seu contributo para o desenvolvimento da economia e da evolução do país. Já não acredito há muito. Agora muito menos…
Os bancos, ou, mais genericamente, o sistema financeiro, existe apenas e tão só para que alguns ganhem dinheiro, muito dinheiro, aufiram lucros fabulosos à custa das necessidades e até da miséria dos cidadãos e das empresas.
Na altura de “vacas gordas”, quando os portugueses viviam aparentemente bem, embora muito à custa de empréstimos, adiantamentos e outros expedientes, os bancos vangloriavam-se dos lucros fabulosos obtidos nas transacções financeiras. Todos nos recordamos de há dois ou três anos assistirmos regularmente às encenadas conferências de imprensa dos banqueiros a apresentarem os resultados do exercício do ano ou meses anteriores, ufanando-se dos muitos milhões de lucros obtidos.
Durante o socratismo, os bancos portugueses estiveram na mó de cima. Emprestaram muito dinheiro aos cidadãos e às empresas, mas ganharam biliões, dominaram a economia e a política, muito mais do que seria admissível. Houve até um governo, o anterior, que, contra o interesse nacional, não se coibiu de injectar milhões de euros (de todos os portugueses) no buraco do BPN, quando deveria ter processado os responsáveis pelo seu colapso (e não apenas Oliveira e Costa, obviamente). Um governo que assim lesou o país deveria, ele sim, ser arquivado no Forte de S. Julião da Barra!...
Vieram os dias negros da austeridade, que o sistema financeiro provocou, primeiro nos Estados Unidos e depois na Europa e em Portugal, e os bancos perderam o pio. Agora, coitados, além de seguradores, vendedores de livros e de moedas, como qualquer quiosque ou posto dos correios, ainda têm de se desenvencilhar de centenas de habitações, automóveis e frigoríficos que os usufrutuários deixaram de poder pagar. Há quem lhe chame crédito mal parado, mas poderíamos denominá-lo mais propriamente com as designações de cupidez, ganância e cobiça de cada vez maior lucro, que é o que caracteriza o sistema bancário em qualquer parte do mundo.
E o que é que fazem os governos português e europeu a estes malfeitores, enquanto sistema financeiro capitalista e abjectamente especulador? As “marias amélias” das Merkles, dos Sarkozys, dos Passos e dos Gaspares andam todas preocupadas em “recapitalizar” os coitados dos bancos, para que possam dispor de mais dinheiro para explorarem caninamente pessoas, as empresas e os Estados, quando o que deveriam era dar poderes ao Banco Central Europeu para emprestar directamente aos Estados e às empresas.
Enquanto tal não acontece, os bancos não emprestam dinheiro a ninguém, sobem os “spreads” desalmadamente e tornam as transacções proibitivas.
Ou seja, os bancos são beneficiados pelos políticos quando estão na mó de cima e são beneficiados quando estão em aparentes dificuldades (porque eu não acredito, nem um milímetro, nas dificuldades dos bancos).
Os governos, tanto o de Sócrates como o de Passos, facilmente deixam cair na falência empresas, comércios, iniciativas empreendedoras, atirando para o desemprego milhares de trabalhadores, enquanto andam ao colo com os banqueiros e a mais refinada agiotagem. Dizem que isso é o jogo da economia; eu respondo que isso é a sem-vergonha dos nossos pequenos políticos e a prova provada de que quem manda efectivamente neste país (e no mundo), para além da “troika” que ninguém elegeu, é o sistema financeiro, capitalista e especulador!
2. Sobre o que são os bancos, todos os cidadãos têm as suas experiências pessoais: pedem um empréstimo para a casa ou carro e pagam, no final do contrato, e nem é necessário grande prazo, o dobro ou o triplo do que pediram.
Em contrapartida, depositam as suas economias nos bancos e, no final de muitos anos, não saem da cepa torta, com taxas de juro miseráveis.
Para que servem os bancos, afinal?
Para empobrecer os cidadãos e as empresas, emprestando-lhes dinheiro a taxas absurdas e retribuindo-lhes os depósitos com juros desgraçados.
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