Comemorou-se hoje mais um aniversário (o 101º) da proclamação da República em Portugal. Em Fafe, seria proclamada, das varandas da então câmara municipal (edifício demolido nos anos 20), pelo enorme republicano Dr. José Summavielle Soares, quatro dias depois, um domingo, 9 de Outubro.
O 5 de Outubro é invariavelmente motivo para as mais prementes reflexões sobre os fundamentos e a praxis, bem como o devir da “res publica”, da “coisa pública”, que tantas vezes tão maltratada é.
Lá pelas capitais, o presidente da República discursa na Praça do Município e volta a debruçar-se sobre a actualidade, afirmando que “acabaram os tempos de ilusões. Temos um longo e árduo caminho a percorrer, para o qual quero alertar os portugueses de uma forma muito directa: a disciplina orçamental será dura e inevitável, mas se não existirem, a curto prazo, sinais de recuperação económica, poder-se-á perder a oportunidade criada pelo programa de assistência financeira que subscrevemos”.
E muitas outras afirmações produziu o professor Cavaco, num discurso que o ex-presidente Mário Soares considerou “republicano”.
Lá pela Madeira, nas vésperas das eleições, continua o regabofe, com inaugurações diárias do presidente do Governo Regional, numa altura em que legalmente deveria suspender o mandato ou manter neutralidade política até às eleições.
Mas já se sabe que a Madeira é um abcesso da democracia, da legalidade e da constitucionalidade e que ninguém, mas ninguém mesmo, do Presidente da República ao primeiro-ministro, é capaz de colocar na ordem, calar, reduzir à dimensão que de facto tem, o infame régulo regional, que trata os cidadãos continentais abaixo de cão e insultou nos últimos trinta anos todos os governantes e presidentes, como se não houvesse justiça e tribunais em Portugal. Uma abjecção republicana, sem dúvida! E lá continua, impávido e impune, a gastar milhões de todos nós, sem qualquer controle, a injuriar tudo e todos.
E, no domingo, os patetas madeirenses lá vão voltar a eleger, com maioria absoluta, um indivíduo que é um criminoso politico, e que deveria estar preso (também o Sócrates, é verdade…), que vai prejudicar fortemente os cidadãos madeirenses, os quais se vão dar conta do logro e da factura dias depois do acto eleitoral, numa jogada de mestre do de conluio e branqueamento dos crimes financeiros da Madeira, de nome Passos Coelho. Se este fosse da fibra do fafense Luís Marques Mendes, pura e simplesmente retiraria a confiança política a Jardim e ele não concorreria com a sigla do PSD. Mas Passos Coelho é como todos os outros, Sócrates incluído: forte com os fracos e fraco com os fortes (Jardins, financeiros, capitalistas…).
Em Fafe voltou a evocar-se o 5 de Outubro, numa excelente conferência da jornalista Nair Alexandra, autora da obra A Implantação da República na Imprensa Portuguesa. Um grande momento de história pátria!...
Também o presidente da autarquia, José Ribeiro, usou da palavra para tecer pertinentes e judiciosas considerações sobre a actualidade.
E reiterar os sagrados princípios da República, a liberdade, a igualdade, a solidariedade, os princípios e os valores que tão arredados andam do nosso quotidiano.
E para reclamar um comportamento diferente e inovador da classe política face a uma situação de crise, que certamente levará a situações de ruptura e de novas práticas políticas, em Portugal, como na Europa!...
E onde entra aqui o nosso ilustre José Cardoso Vieira de Castro, proprietário da Quinta do Ermo, em Paços?
Foi a 5 de Outubro que faleceu, no degredo angolano, em 1872 (há 139 anos…), no primeiro de quinze anos de pena que havia de cumprir, por ter assassinado, por sufocação, a sua jovem esposa Claudina Guimarães, de apenas 18 anos, por alegado adultério.
José Cardoso, dono de uma personalidade forte, apaixonada, poderosa, honrada, sucumbiu aos ciúmes e ceifou a vida à jovem esposa, depois de uma vida de excessos, arrebatamentos, truculências e sede de poder e de protagonismo.
José Cardoso, o maior amigo e confidente do romancista Camilo Castelo Branco, faleceu com apenas 34 anos de idade, vitimado pelo paludismo, ou malária, em Angola, onde ficou sepultado.
Curiosamente, dos vários livros que assinou, um chamava-se exactamente A República (1869), em que vaticina as suas virtualidades, mais de quatro décadas antes do 5 de Outubro de 1910 e numa altura em que ainda poucos intelectuais falavam nessa palavra “maldita”, à época.
Brevemente, vai ser apresentada em Fafe a segunda edição da obra J. C. Vieira de Castro, de Fernando Moniz Rebelo, sobre a vida e obra do inditoso proprietário da Quinta do Ermo.
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