sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Armando Freitas Ferreira recorda em livros vivências e figuras de Fafe de outrora






O professor Armando Freitas Ferreira nasceu em Fornelos, neste concelho, em 1941. Foi docente do ensino básico e da antiga telescola, entre 1960 e 1993 e foi subdelegado escolar na Póvoa de Lanhoso entre 1985 e 1993. Frequentemente se desloca à sua freguesia natal, onde visita a familiares, mas também à cidade.

Tive a honra de ser seu aluno, na antiga terceira e quarta classes, na escola do Toural, em Serafão e depois na Telescola de Garfe, freguesia onde reside já há décadas.

Armando Freitas Ferreira enveredou recentemente por breves incursões literárias, em poesia e em prosa. Em 2010, publicou o livro Sentimentos e Afectos.

Em 2012 reincidiu, mas em dose tripla. Começou por publicar Angústia Poemetos, em que junta a poesia e a prosa, neste caso, por ordem inversa. “Angústia” é o título de um belíssimo conto, a que se segue um conjunto de 25 poemas sobre os mais diversificados temas, mas envolvendo, na sua simplicidade, a vida campesina, profissional e até o lazer (festas e romarias).

Depois, publicou um pequeno volume, Narrativas, no qual mistura, outra vez, a poesia e a prosa, abordando a recordação de profissões e episódios de há algumas décadas, como o carteiro, as carvoeiras (“desciam da serra, até à vila, saco às costas ou à cabeça ou governando um jumento carregado com alguns taleigos de carvão”), o feirante, as feiras, as vindimas ou o Natal de antigamente. Também lugar para a evocação do Zeca Ferrador, que tinha uma tasca mas também “calçava” os cavalos com as adequadas ferraduras.

Finalmente, no final do ano, Armando Ferreira publicou um livro para Relembrar Figuras típicas da sua Fornelos natal.

Em pinceladas rápidas, é-nos traçado um retrato sumário de figuras como o Dóio, o Adelino Mau, o Quim Ceguinho, o Horácio Sorna, o Zé do Assento, que matava porcos (é interessante a descrição do dia da matança), o Tónio Vali Dou, o Fidalgo da Luz, o Teixeira, o Álvaro Chança, a São Sapateira e as Bichas, em que se faz também uma interessante descrição do ciclo da palha e da trança, o Cantarra, o TitoFunileiro, o Joaquim Fogueteiro, Pingle, o Armindo Matai-mee Chingle, “dois sapateiros que tratavam do calçado aos fornelenses”.

Um conjunto de testemunhos deveras interessante para recordar vivências e figuras típicas de há 50/60 anos, quer de Fornelos, quer de Fafe e da região.

Como escrevi em tempos, sobre este adorável docente fafense e grande amigo, desde a minha infância, “há figuras queridas que nos marcam profundamente, desde o luminoso encontro inicial que com elas tivemos. Uma delas é, sem dúvida, o professor Armando Freitas Ferreira, homem que estimo imensamente e a quem me ligam laços profundos de amizade desde há mais de quatro décadas”.

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