sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

OBRAS DE AUTORES FAFENSES PUBLICADAS EM 2010

Ao longo de 2010, publicou-se em Fafe uma dúzia de obras de autores locais, de diferentes géneros literários, enriquecendo extraordinariamente a cultura fafense, a literatura que se produz no nosso município e, enfim, a sociedade leitora para quem é dirigida, esteja neste concelho ou fora dele.
A este crescendo de edições, não é alheia a intervenção da nossa “editora de afectos”, a Labirinto, que publicou dezenas de obras a nível nacional, impondo-se como uma das mais activas pequenas editoras do país, apesar da sua estrutura absolutamente amadora, quer dizer, apaixonada, comandada por esse inexcedível homem de cultura que é o João Artur Pinto. Em Fafe, publicou mais de metade das edições que aqui saíram ao longo do ano…
Dada a sua quantidade, deixamos apenas algumas linhas sobre cada um dos livros publicados no concelho.
Logo no início do ano, em 22 de Janeiro, foi apresentada a segunda edição da obra Fafenses Nascidos no Século XIX, de Luís Gonzaga Pereira Silva, em nova edição da Câmara Municipal. Trata-se de um amplo “fresco” social das elites dos finais do século XIX e primeiros decénios do século XX, ampliada com novos nomes, mais investigação. Nesse livro estão os grandes nomes de políticos, comerciantes, empresários, jornalistas e outros profissionais que deram, de algum modo, o rosto à cidade que hoje conhecemos…
Em 19 de Fevereiro, no mesmo espaço da Biblioteca Municipal, foi lançada a obra Sete faces de amor Um só coração, livro de estreia poética de Luís Filipe Pereira. Seguiu-se, em 15 de Março, o lançamento da obra Nos Braços de um Anjo, edição Labirinto, estreia literária do jovem Tiago Magalhães, de apenas 18 anos, no âmbito das I Jornadas Literárias de Fafe. São vinte e dois contos publicados num livro de 270 páginas e que abrem perspectivas de um grande autor fafense, não apenas na prosa, mas também na poesia. É um nome a seguir com atenção nos próximos anos, e que se reveste já de inegável valia literária.
Em 21 de Maio, foi apresentada a obra Fafe em Datas, edição Labirinto, de Artur Magalhães Leite, professor da Escola Montelongo e que se vem impondo na área da investigação histórica (sobretudo na educação). É um instrumento interessante e de grande utilidade, que permite efectuar a consulta dos acontecimentos por ordem cronológica, desde a mais remota antiguidade fafense (ano de 137 a.C.) aos nossos dias. É uma cronologia que os estudantes e os estudiosos não dispensam nas suas pesquisas sobre a História de Fafe.
No início de Junho, apareceu, ainda da chancela Labirinto, a minha obra Escola Industrial e Comercial de Fafe – Memórias e Testemunhos, que surgiu a propósito dos cinquenta anos da criação daquele estabelecimento de ensino (1959), a honroso convite da Associação dos Antigos Professores, Funcionários e Alunos da Escola e, sobretudo, da sua líder Aurora Barros. Aí se historia o surgimento e consolidação da Escola Industrial e Comercial, que durou de 1959 a 1974, formando centenas de jovens fafenses para a vida activa, sobretudo na indústria.
Também edição Labirinto é a magnífica ficção romanesca Os Rios Também Choram, de Carlos Afonso, que foi apresentada na Biblioteca em 19 de Junho e mais tarde seria em Alfândega da Fé, terra natal do criativo autor. Os rios de que aqui se fala são o Vizela e o Sabor, que banham as terras de nascimento e de acolhimento de Carlos Afonso.
No meio, duas histórias de grande beleza imagética, associadas às respectivas localidades, onde não podia faltar o seu bem amado Camilo Castelo Branco…
Em 25 de Junho, registou-se o lançamento da segunda edição, revista e muito aumentada, do meu Dicionário dos Fafenses, edição do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, no âmbito das comemorações do seu 20º aniversário. São agora, perto de 300 os fafenses biografados, quer do passado, quer do presente, e que se salientaram em diferentes sectores da vida local e nacional, nas áreas da política, do desporto, do empresariado, da religião, da cultura, entre outras.
Em 16 de Julho, teve lugar a apresentação de uma excelente obra poética, a colectânea Poesia Soviética Russa – Século XIX e XX, com selecção, organização e tradução do falecido poeta fafense José Sampaio Marinho, e que é mais uma edição da nossa “editora de afectos”. A obra (que é uma antologia de poemas de emblemáticos autores russos e soviéticos dos dois últimos séculos) foi apresentada pelo jornalista José Milhazes, autor do prefácio e amigo de José Sampaio Marinho, com quem teve o privilégio de conviver, quer na Rússia, quer em Portugal.
O livro integra uma selecção de poemas de mais de três dezenas de autores russos e soviéticos dos dois últimos séculos, entre os quais figuram os conhecidos nomes de Vladímir Maiakóvski, Serguei Essénine, Borís Pasternak, Nikolai Tíkhonov, Konstantin Símonov, Serguei Iessenine, Anna Akhmátova e Evguéni Evtuchenko. Já em Agosto, no dia 11, foi feita a apresentação pública do livro Cisma na Igreja de Fafe, da jornalista Joana Carneiro, num cenário belamente arquitectado, ao lado da Biblioteca Municipal. Não sendo uma obra de um autor fafense, é relevante por incidir sobre uma personagem muito querida do meio
fafense, também ele poeta, o Padre José Peixoto Lopes. Um Homem de Bem. Um Homem Bom, que foi desqualificado pela hierarquia, empobrecendo fortemente a Igreja que, quer queiramos quer não, faz parte da cultura e da identidade de um povo. Quanto ao livro, foi escrito em tempo recorde, a partir do conhecimento do caso de Fafe, em meados de Julho. No entanto, é um trabalho jornalístico bem estruturado, objectivo, sério, estribado numa linguagem escorreita, acessível ao comum dos leitores, e de inegável interesse para o conhecimento do caso.
Em 20 de Agosto, a cultura fafense foi enriquecida com a edição de um livro de um (inesperado) autor fafense, 75 anos, emigrante no Canadá, há mais de quatro décadas. A obra tem por título A noite fatal de um comunista, é seu autor João Freitas, e o prefácio tem a assinatura de Carlos Afonso. A edição é, como habitualmente, da Labirinto.
A noite fatal de um comunista é a biografia romanceada do anti-fascista Joaquim Lemos de Oliveira, o “Repas”, barbeiro de profissão, comunista por opção, porventura o mártir maior da liberdade em Fafe.
Mais para final do ano, em 5 de Novembro, foi apresentada no Estúdio Fénix, a obra Retratos do Tempo e da Memória, da autoria do conhecido jornalista e colaborador deste jornal Professor Alberto Alves e que retrata, basicamente, os primeiros 75 anos da vida do Grupo Nun’Álvares (GNA), desta cidade.
A obra de 280 páginas está escrita numa linguagem clara, escorreita e acessível, o que não surpreende se tivermos em conta a actividade profissional do seu autor e a sua forte ligação ao jornalismo, sobretudo local e por isso à arte de bem escrever.
É um livro bem organizado e agradavelmente estruturado, numa perspectiva cronológica e tocando nos pontos fundamentais da vida do GNA.
É, enfim, uma obra profusamente ilustrada, com imensas fotografias, muitas delas curiosíssimas e deliciosas, permitindo reviver momentos, eventos, encontros, pessoas, memórias de ¾ de século da vida do grupo que é referência da cultura, recreio e desporto da cidade.
Mais recentemente, e para concluir, em 11 de Dezembro, registou-se o lançamento da obra poética Ave Sem Asas, belo e sentido livro de estreia de Ana Martins que, embora natural de Santarém, reside em Fafe (na Urbanização do Sol Poente) há 17 anos, considerando-se, assim, ribatejana de nascimento, mas fafense por adopção.
Filha de pai militar e mãe doméstica, passou a infância entre África e Portugal. Desde muito jovem começou a sentir afeição pela escrita, escrevendo num diário os seus primeiros trabalhos, como acontece a tantas jovens.
Este primeiro livro de Ana Martins é a concretização de um sonho que teve início com a divulgação das suas poesias na internet, através do seu blogue http://avesemasas.blogspot.com/.
Publicando fora de Fafe, registamos mais dois autores fafenses. Benedita Stingl voltou à escrita para crianças com o título Pela Mão das Palavras – Descobrir Rimando, com ilustrações do seu filho Luís Henrique Stingl. Uma obra encantadora para os mais pequenos, sobre o nascimento e a descoberta do mundo e das coisas, que se seguiu a A Ponte dos Sonhos – Estórias com Rima, publicada no ano anterior.
Referência ainda para um pequeno livro do professor Armando Freitas Ferreira, a que me ligam laços de imensa amizade, com o título Sentimentos e afectos. Trata-se de um livrinho de poemas, publicado em Novembro, em Garfe (Póvoa de Lanhoso), com pouco mais de vinte textos muito íntimos, dedicados à família, aos seus ex-alunos, ao seu ambiente, à sua vida. Armando Ferreira é natural de Fornelos (1941) e reside há décadas na referida freguesia povoense, depois de ter dado aulas em escolas primárias das freguesias de Vila Cova, Travassós e Serafão.
Como se verifica, os autores de Fafe estiveram em grande plano neste ano que está a expirar e que, creio bem, ainda vai deixar imensas saudades!.... A cultura de Fafe está assim de parabéns, bem como os seus autores, como se acaba de referenciar.
Para quem andou distraído, quisemos deixar este brevíssimo inventário sobre o que de melhor aconteceu em Fafe na área das letras.

(Texto publicado no Suplemento Cultural do jornal Povo de Fafe, nº 2097, de 31 de Dezembro de 2010)

domingo, 26 de dezembro de 2010

AS PALAVRAS E O TEMPO


as palavras são como os dedos,
belas e diferentes
apetece tecê-las das manhãs
e do orvalho,
debruá-las do vento e do cais
onde os barcos atracam,
como se fossem os lábios

as palavras são como o tempo,
antigas, rumorosas
fugidias, tais os melros
que escapam da primavera
para noivar os trigais

as palavras são a memória
das lajes e dos baraços
esculpidos no coração da criança
que teima inocente nos piões
como se não houvera milhares de dias
entre o passado e o futuro

as palavras e o tempo,
ou as águas do mesmo rio
inseguro

Foto: exposição do Museu de Serralves

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

EM CADA NATAL, O MENINO


Quando eu era pequenino
Havia um Menino
Que nascia, pontual,
No presépio
Em cada Natal.

O tempo passou.
Já não sou criança
Mas a minha infância
Continua, maquinal
A nascer
Com o Menino
Em cada Natal.

Artur Coimbra

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

UM DOS MAIS BELOS POEMAS DE NATAL


Desenho de  Isolino Vaz, 1961
 História Antiga

Era uma vez, lá na Judeia,  um rei,
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquele figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E na verdade, assim acontecia,
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Ou não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AMÉLIA FERNANDES: 25 ANOS DE POESIA


Maria Amélia Fernandes, conhecida como “Poetisa de Arosa”, acaba de comemorar os seus 25 anos de vida literária, no âmbito de uma sessão que teve lugar na sua freguesia natal e que contou com a presença de diversos amigos e individualidades, como o Presidente da Câmara de Guimarães, António Magalhães, a vereadora da cultura da Póvoa de Lanhoso, Fátima Moreira, o político e professor universitário Manuel Monteiro e o editor da obra, Barroso da Fonte. Na ocasião, foi apresentado o seu mais recente livro, O Céu, O Infinito e Eu.
A poetisa já por diversas vezes apresentou livros seus em Fafe, cidade a que está ligada por laços de amizade a diversos pessoas.
Nascida em 1956, antiga operária têxtil, hoje aposentada e licenciada em Estudos Artísticos e Culturais pela Universidade Católica, Amélia Fernandes subiu a vida a pulso. Publicou o seu primeiro livro, Ondas de Palavras em 1985 e a partir daí editou mais de uma dezena de obras poéticas e alguns livros dedicados à infância.
Tive o privilégio de prefaciar e apresentar alguns dos seus livros. Para este último, evocativo das suas “bodas de prata”, escrevi um breve texto que passo a transcrever.

UMA OBRA A PULSO

Falar da poetisa (abomino o conceito “poeta no feminino”…) Maria Amélia Fernandes é evidenciar, desde logo, uma amizade antiga e uma admiração permanente, que não cessa de aumentar.
Fui assistindo, desvelado e atento, à revelação de uma escritora de gabarito por debaixo de uma mulher aparentemente frágil mas denotando no quotidiano a fibra dos vencedores!
Acompanhei a aventura da publicação dos seus livros de poesia, que evidenciam um crescimento contínuo, fruto de um trabalho oficinal que se foi apurando de obra para obra. E já lá vai mais de uma dezena!...
Do mesmo modo, não deixo de exaltar os seus contos plenos de fantasia para crianças (de todas as idades) que acabam por ser o espelho do coração de uma mulher que se manterá eternamente jovem no seu interior radioso.
De operária, na vida real, a operária das palavras e das emoções foi um percurso que traçou com a naturalidade de quem faz do olhar o seu ofício de condenação às palavras.
De artesã se fez mestra: na vida, na formação académica, na poesia. É notória a sua evolução aos diferentes níveis.
A “Poetisa de Arosa”, como é carinhosamente reconhecida, é hoje uma feliz confirmação. Uma autora que se fez a pulso, livro a livro, sacrifício a sacrifício, tal como aconteceu com a vida da mulher que lhe dá o ser, que do nada se fez tudo.
A obra que o leitor tem entre mãos e que comemora jubilosamente os 25 anos da vida literária da autora, a partir da edição de Ondas de Palavras (1985), assume a sua maturidade literária.
Maria Amélia Fernandes apossou-se de uma panóplia de recursos literários e estilísticos que embelezam os seus poemas, adornando os seus sonhos, os seus anseios, as suas emoções, fazendo dos seus textos lugares apetecíveis de leitura e deleite literário. Já não há nas páginas que escreve apenas impulsos primários de uma alma em ebulição; há a serenidade ansiosa de um coração permanentemente em busca do seu rosto.
Na esteira de Eugénio de Andrade, que tanto amamos, não podemos deixar de evidenciar que “o acto poético é o empenho total do ser para a sua revelação”. O poeta é esse ser “sedento de ser”, que tem a nostalgia da unidade e o que procura nos seus versos luminosos é uma reconciliação, “uma suprema harmonia entre luz e sombra, presença e ausência, plenitude e carência”.
Os poemas seguintes são um grito lancinante e obsessivo de procura de um amor (im)possível, que se busca e que foge, que aparece e desaparece, que se sonha e se desespera, que se pinta com as cores do silêncio, da raiva e da luz. Um tratado sobre o amor, a sua paixão e a sua loucura, nas suas mais diversas cambiantes, que acaba por traduzir uma das tradições poéticas da história da literatura. Não há vida sem amor, como não há amor sem a agitação e o desassossego incessantes da vida.
Com estas palavras quero reiterar a afeição que cultivo há muitos anos pela vida e obra de Maria Amélia Fernandes, deixando-lhe nesta oportunidade um abraço de felicitações e um ramo de flores de enorme e festiva amizade.
Bem-haja por tudo o que tem feito pela poesia portuguesa!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

AURÉLIO MÁRCIO: ADEUS AO MAIS INTERNACIONAL JORNALISTA FAFENSE

Aurélio Márcio, sempre simpático e disponível,  esteve presente no lançamento da primeira
edição do meu livro Dicionário dos Fafenses, em 2001.
Nove anos depois, já estava demasiado doente para ver a segunda edição da obra.
As páginas electrónicas de jornais divulgaram esta tarde o falecimento do fafense Aurélio Márcio, de 91 anos, um dos mais renomados jornalistas portugueses e aquele que mais competições desportivas internacionais cobriu ao longo da sua extensa carreira. Nos últimos trinta anos, enquanto a saúde permitiu, veio várias vezes a Fafe, a convite do município e de associações como o Grupo Nun'Álvares e o Núcleo de Artes e Letras, neste caso, para o lançamento da obra Dicionário dos Fafenses (2001),
O funeral de Aurélio Márcio realiza-se na quarta-feira, no cemitério dos Olivais, em Lisboa, onde o corpo será cremado.
Aurélio Márcio Alves da Costa nasceu em 12 de Julho de 1919, na rua do Retiro, em Fafe e residiu durante a maior parte da sua existência em Lisboa.
Iniciou a sua longa e prestigiada carreira de jornalista em Outubro de 1943, no Diário Popular, como colaborador, de que foi depois repórter e redactor até 1985, altura em que se aposentou. Foi ainda fundador da “bíblia” do jornalismo desportivo português, o jornal A Bola, e mais tarde societário, de 1945 a 1995, tendo sido sempre seu redactor.
Colaborou ainda noutros órgãos de comunicação social, destacando-se O Século, o Record, a Gazeta dos Desportos, a Emissora Nacional e Rádio Renascença.  Foi comentador desportivo na TV e na TSF, esta a partir de 1994.
Como um dos mais brilhantes e conceituados jornalistas portugueses, ao serviço sobretudo de A Bola, Aurélio Márcio cobriu as mais importantes competições desportivas mundiais, a nível de selecções: fases finais do Campeonato do Mundo: 1966 – Inglaterra; 1970 – México; 1974 - República Federal da Alemanha; 1978 – Argentina; 1982 – Espanha; 1986 – México; 1990 – Itália; 1994 - Estados Unidos da América e 1998 – França; Campeonato da Europa; 1964 – Espanha; 1980 – Itália; 1984 – França; 1988 - República Federal da Alemanha; 1992 – Suécia; 1996 – Inglaterra e 2000 – Holanda e Bélgica. Cobriu ainda o Campeonato Mundial Sub-21 realizado em 1979 no Japão. A nível de clubes, esteve presente na Taça dos Clubes Campeões Europeus: 1961 – Bern; 1963 – Londres; 1967 – Lisboa; 1968 – Londres e 1990 – Viena e na Taça dos Vencedores de Taças; 1964 - Bruxelas e Antuérpia; 1984 – Bâle; 1986 – Lyon e 1992 – Lisboa. Esteve ainda em duas finais da Taça de França e duas da Taça de Inglaterra.
Efectuou, ao longo da sua carreira, viagens com a Selecção Nacional, Benfica, Sporting e FC Porto a países como os Estados Unidos, Canadá, Bermuda, Venezuela, Brasil, Japão, Macau, Coreia do Sul e Hong Kong. Finalmente, fez centenas de viagens com os clubes portugueses concorrentes às taças europeias, por todos os países do Velho Continente.
Aurélio Márcio foi um dos primeiros associados das principais associações de profissionais da comunicação social: Sócio n.º 18 do Sindicato dos Jornalistas e Sócio n.º 6 do Clube Nacional da Imprensa Desportiva (CNID).  Foi ainda sócio da Association Internacional de la Press Sportive. Até 1997, foi Membro Europeu, por Portugal, do júri da eleição do melhor jogador europeu e mundial, da consagrada revista francesa, France Futebol.
A nível de condecorações, Aurélio Márcio foi agraciado com a Medalha de Prata de Mérito Concelhio da Câmara Municipal de Fafe (5 de Outubro de 1988), Medalha de Bons Serviços – Desporto, do Ministério da Educação Nacional (Roberto Carneiro), Comenda da Ordem de Mérito – Presidência da República (Mário Soares) e Medalha de 25 Anos do CNID.
Comenda da Ordem de Mérito – Presidência da República – Dr. Mário Soares. Foi autor do livro Um Repórter na RDA, edição Cultura e Desporto.
Em suma, uma luminosa carreira de jornalista que foi de 1943 a mais de 2000. Mais de seis décadas ao serviço do jornalismo e do país.
Aurélio Márcio era pai de outro conhecido jornalista e escritor, João Alves da Costa, autor de obras polémicas como América em Carne Viva, Droga e Prostituição em Lisboa, Bruxas à Portuguesa, Sadomasoquismo s.f.f., Portugal Erótico e Orgasmos de Elite, entre outras.
Doente há já alguns anos, apagou-se hoje um dos fafense mais ilustres do século XX.
(In Dicionário dos Fafenses, 2ª edição, 2010, pp. 183-184).


COROS DE NATAL ENCANTARAM NOITE GÉLIDA




Tal como estava previsto, realizou-se na gélida noite de sábado, o tradicional Encontro de Coros de Música de Natal que o pelouro da cultura da Câmara Municipal de Fafe organiza e vai já na sua 19ª edição. O Pavilhão Multiusos registou menos afluência do que é habitual, o que não admira dadas, por um lado, as adversas condições meteorológicas e, por outro, o facto de se registar a ausência de três corais, relativamente ao ano anterior.
Ainda assim o certame contou com a participação de 12 grupos corais ligados a colectividades e a paróquias de todo o espaço concelhio, que deram o melhor de si, demonstrando que, quer na cidade, quer nas aldeias, há imenso talento à solta e um enorme sacrifício para juntar tanta gente em torno de um projecto cultural que enobrece o município.
Participaram no XIX do Encontro de Coros de Música de Natal, por esta ordem, os grupos: Orfeão de Ribeiros, Coral Santo Condestável, Grupo Coral de Armil, Coral de Antime, Grupo Coral de S. Gens, Grupo Coral de Santa Maria de Várzea Cova, Grupo Coral de Fornelos, Grupo Coral "Santa Eulália", da Paróquia de Fafe, Associação de Música Sacra de Quinchães, Grupo Coral Cultural e Recreativo de Medelo, Grupo Coral e Paroquial de Estorãos e Grupo Coral de Moreira do Rei.
Para os leitores, ficam aqui as imagens de alguns dos coros presentes, que encantaram as centenas de pessoas que tiveram a coragem de assistir ao espectáculo.
Fotos de Manuel Meira Correia

domingo, 19 de dezembro de 2010

NATAL INCONTORNÁVEL

É incontornável que nesta semana falemos do Natal. Do Natal dos que têm, e vão para o Brasil apanhar sol e aparecer em Janeiro com um “bronze” de meter inveja. Dos que esbanjam em presentes milionários, como se não houvesse amanhã. Dos que compensam a falta do afecto que deveriam prodigalizar durante o ano com a oferta de relógios, de roupas de marca, de computadores. Mas também do Natal dos que nada têm. Dos que estendem a mão à caridade pelas ruas, dos que vegetam nas valetas da vida, dos que não sabem o que colocar na mesa de Consoada, quando conseguem ter mesa para terem Consoada. Dos desempregados, que são cada vez mais e que querem mas não podem. Dos idosos, cujas magras reformas não dão grande bacalhau.
Do Natal dos contrastes, do Natal do absurdo da condição humana, do desequilíbrio dos rendimentos, com uma minoria da população a deter a maioria dos bens, rendimentos e propriedades.
Do Natal que é uma injustiça, a replicar a injustiça de todo o ano, para mais numa altura em que a crise aperta e o pesadelo desperta.
É incontornável falar de um Natal que mais não representa, hoje um dia, que um despudorado e diabólico estendal de comércio e de ostentação de materialismo. Apenas associamos esta quadra à dádiva e recebimento de prendas, ao consumismo mais desenfreado e fútil. Adquirimos o que, vistas as coisas, não presta para ninguém. Um bibelô que ninguém vai aproveitar, um cachecol que não sairá da gaveta, um CD que não era propriamente o do nosso artista favorito. Compramos, compramos, compramos. A esmo. Para a esposa, para os filhos, para os pais, para os irmãos, para os avós, para os sobrinhos, para os primos, para os afilhados, para os amigos, para os vizinhos. Não fica ninguém sem uma lembrança de mais um Natal, “com aquele abraço, a maior simpatia e os melhores cumprimentos”.
Afadigamo-nos, por estes dias, nos corredores dos hipermercados, entramos em todas as lojas, aos encontrões, exploramos etiquetas, ordenamos a compra, passamos pela caixa e saímos, alegres, aliviados, com mais um saco pela mão, a somar à dezena que já carregávamos quando entrámos.
De fora do Natal ficam os sentimentos, a alma, o coração. Brandimos a solidariedade da quadra, é certo, tecemos belos poemas à amizade, ao altruísmo, ao humanismo que deve enformar os nossos comportamentos, pelo menos uma vez cada ano, já que não convém que o seja ao longo dos 365 dias. “Hoje é dia de ser bom… Paz na Terra aos homens de boa vontade”… Endereçamos dezenas, centenas de criativas mensagens de “Boas Festas” por telemóvel, por correio electrónico, ou através de postais, mas não somos capazes de olhar cara a cara o nosso amigo, ou de lhe dar uma palavra “ao vivo”. Quanto mais meios de comunicação se inventam, menos relacionamento humano existe.
E, no fim, nada sobra de valores; regurgitam os embrulhos, coloridamente fitados, e são esses que nos transmitem a possível felicidade do Natal.
Um Natal em que deveria ter lugar cativo mais o Menino Jesus da minha infância (felizmente agora ressuscitado…), nu, sorridente e rechonchudo, símbolo da esperança e das raízes, de tudo o que inexoravelmente começa, do que o velho bonacheirão Pai Natal, essa desgraça inventada pela Coca-Cola para dominar o gosto líquido do mundo. O Menino Jesus do Alberto Caeiro, uma criança bonita de riso e natural, que ensina a olhar para as coisas, que aponta toda a beleza que há nas flores, a Eterna Criança, o deus que faltava, o humano que é natural, o divino que sorri e brinca, e que dorme dentro da minha alma, e às vezes acorda de noite a divertir-se com os meus sonhos.
É essa magia que falta no Natal, esse insondável sortilégio das coisas mais simples, dos sonhos e das fantasias, no fundo, dos afectos que entrelaçam o que de humano deve existir em cada homem.
Incontornável, finalmente, é que aqui deixe os meus votos do mais feliz Natal para os meus escassos leitores. E que, se possível, o espírito positivo do Natal se estenda por todo o ano, que bem dele necessitamos para lidar com o duro quotidiano que nos calhou em sorte!…
Foto: Manuel Meira

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CÂNTICOS DE NATAL ECOAM ESTE SÁBADO À NOITE NO MULTIUSOS DE FAFE

O tradicional Encontro de Coros de Música de Natal que o pelouro da cultura da Câmara Municipal de Fafe organiza e vai já na sua 19ª edição, tem lugar na noite (21h00) do próximo sábado, 18 de Dezembro, no Pavilhão Multiusos, que deverá repetir a enchente de anos anteriores. A entrada é livre.
Este ano o certame conta com a participação de 12 grupos corais ligados a colectividades e a paróquias de todo o espaço concelhio.
Participam no XIX do Encontro de Coros de Música de Natal, por esta ordem, os grupos: Orfeão de Ribeiros, Coral Santo Condestável, Grupo Coral de Armil, Coral de Antime, Grupo Coral de S. Gens, Grupo Coral de Santa Maria de Várzea Cova, Grupo Coral de Fornelos, Grupo Coral "Santa Eulália", da Paróquia de Fafe, Associação de Música Sacra de Quinchães, Grupo Coral Cultural e Recreativo de Medelo, Grupo Coral e Paroquial de Estorãos e Grupo Coral de Moreira do Rei.
Cada grupo vai interpretar duas composições com temas alusivos à quadra natalícia, sob a direcção dos respectivos directores artísticos.

PROGRAMA

1. Orfeão de Ribeiros
Cânticos:
* Natal de Elvas Mário Sampaio Ribeiro
* Siyahambacanção zulu sul africana
Director Artístico José Antunes Rodrigues

2. Coral Santo Condestável
Cânticos:
* Barcarola de Natal – Harmonização de Carlos Gama
* À Meia-noite (tradicional de Porto Rico) Harmonização de Jos Schoaus
Directora Artística – Verónica Costa

3. Grupo Coral de Armil
Cânticos:
* É Natal Cristo nasceu – J. Pedro Martins
* Nossa Senhora Faz Meia Manuel Faria
Director Artístico – Agostinho Moura Gonçalves

4. Coral de Antime
Cânticos:
* A vida que estava junto do Pai – Harmonização P.e A. Cartageno
* No princípio, antes da criação – Harmonização do P.e A. Cartageno
Director Artístico – Aníbal Monteiro Marinho

5. Grupo Coral de S. Gens
Cânticos:
* Noite de Paz – Música de Fraz Grüber
* Natal, Natal – Letra e música de M. Borda
Director Artístico – Agostinho Moura Gonçalves

6. Grupo Coral de Várzea Cova
                                                                         Cânticos:
* Cristãos alegria – Autor desconhecido
* Mãe do Redentor – Autor desconhecido
Director Artístico – Ivo André Costa Nogueira

7. Grupo Coral de Fornelos
Cânticos:
* Alegrem-se os Céus e a Terra – Popular – Harmonização de Paulo Emanuel
* Correi, Pastorinhos – Popular – Música atribuída a W. A. Mozart
Director Artístico – Pedro Gilberto Fernandes

8. Grupo Coral "Santa Eulália", da Paróquia de Fafe
                                                                         Cânticos:
* Abri as portas – Autor desconhecido
* Toda a Terra exulte e cante – Padre Manuel Carneiro
 Director Artístico – António Gonçalves de Macedo

9. Associação de Música Sacra de Quinchães
Cânticos:
* Vamos a Belém – Harmonização de Manuel Faria
* O Menino está dormindo – Música de Mário Sampaio Ribeiro
Director Artístico – Agostinho Moura Gonçalves

10. Grupo Coral, Cultural e Recreativo de Medelo
Cânticos:
* Natal é Luz – Canção tradicional inglesa
* O Primeiro Natal – Canção tradicional inglesa – Harmonização de John Stainer
Director Artístico – Pedro Gilberto Fernandes

11. Grupo Coral e Paroquial de Estorãos
Cânticos:
* Hoje sobre nós – Letra e música de A. Faria
* No princípio, antes da criação – Letra e música de P.e A. Cartageno
Directora Artística – Ana Paula Antunes

12. Grupo Coral de Moreira do Rei
                                                                           Cânticos:
* Um Menino nasceu para nós – Letra e música de João Rodrigues Gamboa
* Abra-se a terra – Letra e música de P.e Miguel Carneiro
Director Artístico – Gabriel Sousa Costa