sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Cais de eternidade

Armação de Pera, Algarve (foto do autor)

As gaivotas tecem o voo longo
entre as falésias
branco luminoso quase divino
apetece morrer o olhar
neste cais de eternidade!...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Eduardo Teixeira Pinto - a poética da imagem


Continua patente até final do mês na Biblioteca Municipal de Fafe uma excelente exposição fotográfica da autoria do falecido mestre amarantino Eduardo Teixeira Pinto (1933-2009).
Trata-se de um mestre da fotografia, que exerceu a actividade durante mais de meio século e averbou inúmeros prémios artísticos.
Em 2010, foi publicado um luxuoso álbum sobre a vida e obra do artista, com o título Eduardo Teixeira Pinto - a poética da imagem, coordenado por Maria José Queiroz Lopes e edição da família Mota, design e capa e Júlio Cunha e composição, digitalização e impressão de Manuel Carneiro.
O livro recolhe depoimentos de António José Queirós (ETP mostra os efémeros instantes da vida através da máquina fotográfica), Júlio Cunha, Manuel Carneiro, Eduardo Gageiro e outros.

Eduardo Pinto fotografou o rio Tâmega, os seus barcos, os patos, os moinhos e açudes; a sua terra, Amarante, os seus monumentos, paisagens, encantos e recantos; as suas gentes, as crianças, os velhos e as figuras típicas, a dor humana, a vida quotidiana; enfim, as festas e outros olhares, dos anos 60 do século XX ao início do século XXI.
É um resumo desse percurso, desse perfume, desse talento artístico, que fala a amostra itinerante que está na Biblioteca Municipal de Fafe até final deste mês.
É a memória de Amarante e da região do Tâmega que se respira nas fotos expostas.
Tivesse Fafe um poeta do olhar da craveira de Eduardo Teixeira Pinto e a nossa história colectiva seria mais fácil de fazer, de conhecer, logo, de amar!.. 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

UM PAÍS SURREAL… ONDE TUDO PARECE NORMAL!... (2)


O vendedor da banha da cobra ou a reedição de Sócrates

Jornal de Notícias, 15/08/2012
Pedro Passos Coelho começou por fugir à populaça, ao transferir a Festa do Pontal da rua para um parque aquático, onde estava bem guardado e a recato de qualquer contestação. Todas as justificações que não tenham a ver com o medo do confronto com a realidade do país, pecam por fantasia.
No discurso, sobreveio um “remake”, um delírio requentado de Sócrates de há uns tempos. O decreto do fim da crise.
Sabe bem ouvir as palavras de quer a recessão está a terminar. São música para os ouvidos dos portugueses, demasiado fustigados por uma crise que não pára de agravar-se.
Passos Coelho, o líder do PSD, a crer na comunicação social, “garantiu que não haverá recessão e disse ter a certeza de que a recuperação económica vai começar no próximo ano”.
Palavras textuais:O ano de 2013 será de inversão da actual situação económica em Portugal”. Palavras assumidamente para “transmitir esperança aos portugueses”, mas em que poucos acreditam, por certo.
São promessas de vendedor de banha da cobra. Promessas tão fáceis de pronunciar e que já em outros anos ouvimos e que se vieram a revelar uma falácia, um embuste, uma aldrabice.
Por isso, são previsões bem fora da realidade dos portugueses e que são um atentado ao necessário realismo com que devem ser encaradas estas coisas. Não se brinca com as expectativas dos portuguesas, com a sua boa fé Basta atentar no facto de terem sido produzidas no mesmo dia em que foi revelado que os números do desemprego dispararam. Apesar de “oficialmente” o desemprego em Portugal estar nos 15%, correspondendo a 826,9 mil portugueses, na prática e segundo dados do INE, 23,3% da população activa portuguesa está alienada do mercado do trabalho. Ou seja, um em cada quatro portugueses está desempregado, subempregado, ocupado a tempo parcial ou inactivos à procura de emprego. São 1 343 000 portugueses. É demasiada gente, para que se possa estar a construir castelos de areia movediça, sem dados concretos para apresentar e por mera motivação política.
Por outro lado, o número de falências de empresas aumentou quase 50% entre Junho do ano passado e igual mês deste ano.
É perante esta realidade, que o plástico optimismo do líder do PSD (não foi o primeiro-ministro que ontem esteve no Pontal, ao contrário do que se lê hoje nos jornais, porque nas actividades partidárias estão os dirigentes partidários e não o chefe do executivo…) soa a falso e a mera campanha para motivar as tropas!...
E já que se fala em campanha, é de recordar que ainda há escassos dias o mesmo personagem, na qualidade de líder do PSD e almoçando com os deputados, naquele auto-elogio a fazer lembrar o choradinho do “António Salvador da Pátria”, vociferou que o que importa é “salvar Portugal” e “que se lixem as eleições”, quando afinal já se fala em ganhar as regionais dos Açores, as próximas autárquicas, etc. A não ser que não estejamos a falar de eleições!...
Que se lixem as contradições, que não é a mim que esta gente anda a imposturar!

Espectáculo “O Desejado - Rei D. Sebastião”, em Fafe: adiado para 23 de Agosto

O espectáculo de teatro O DESEJADO – REI D. SEBASTIÃO, previsto para esta quarta-feira, dia 15 de Agosto, às 22h00, no Anfiteatro de ar livre da Biblioteca Municipal de Fafe e no âmbito da programação de Verão, foi adiado para o dia 23 do corrente, à mesma hora e no mesmo local – anunciou a organização.
Os motivos do adiamento prendem-se com a probabilidade de ocorrência de mau tempo.
O DESEJADO – REI D. SEBASTIÃO é uma criação de Moncho Rodriguez, com música de Narciso Fernandes e Pedro Gracindo e resulta de uma parceria e intercâmbio cultural entre a Associação dos Produtores de Artes Cénicas de Pernambuco, no Brasil, o Centro de Criatividade da Póvoa de Lanhoso e o Município de Fafe, do lado português.
Trata-se de um espectáculo – que faz uma nova abordagem ao mito sebastianista e tem entrada livre – que teve já algumas representações no nosso país e que será apresentado no Brasil em Janeiro de 2013, no 19º festival internacional Janeiro dos Grandes Espectáculos, no Recife.
Recorde-se que no âmbito deste projecto se realizou em Julho uma oficina de intercâmbio teatral ministrada pelos actores Mário Miranda e Mayara Millane (Brasil) e Pedro Giestas e Nuno Távora (Portugal) e que contou com a participação de mais de duas dezenas de interessados ligados ao Teatro Vitrine.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

UM PAÍS SURREAL… ONDE TUDO PARECE NORMAL!...

 1. A documentação desaparecida dos submarinos

Nos últimos dias, não se tem falado de outra coisa: grande parte da documentação relacionada com a aquisição dos 2 submarinos U-214 desapareceu.
“Apesar de todos os esforços e diligências levados a cabo por equipas de investigação, o certo é que grande parte dos elementos referentes ao concurso público dos submarinos não se encontram arquivados nos respectivos serviços (Ministério da Defesa), desconhecendo-se o destino dado à maioria da documentação” – escreve o procurador João Ramos, do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), citado pelo JN de 11/08/12. Por isso, o inquérito foi arquivado.
Recorde-se que o então ministro da Defesa Paulo Portas fechou, em 2004, um contrato para a aquisição de 2 submarinos no valor de 769 milhões de euros, com a firma alemã (porque seria?), German Submarine Consortium (GSC). O Estado viria a pagar 1001 milhões, graças ao contrato de financiamento negociado com o consórcio Banco Espírito Santo/Credit Suisse First Boston International, que concedeu uma espécie de empréstimo.
O Governo de então assinou ainda um contrato de contrapartidas no valor de 121º milhões de euros, que só terá sido cumprido em 31,5%.
No JN de domingo, vem a escandalosa informação de que o DCIAP nunca fez qualquer abordagem ao ex-ministro Paulo Portas para tentar localizar os documentos desaparecidos do dossiê dos submarinos, um dos negócios mais ruinosos, obscuros e dispensáveis da última década.
Para que necessita Portugal de submarinos, a não ser por onerosa brincadeira de ministros ou por lobing das forças armadas, para já não falar de pressão da indústria naval alemã que nos impingiu a encomenda nos tempos das “vacas gorgas” e agora nos manda positivamente à fava, quando estamos de calças na mão?!...
O que não se percebe é a parcimónia da justiça em começar por ouvir Paulo Portas, que foi quem fez o negócio.
Paulo Portas que, como há sete anos foi noticiado e agora revisitado pela imprensa, digitalizou 61 893 páginas de documentos do Ministério da Defesa, antes de cessar funções de ministro da pasta, em 2005. Por certo, terá nessa panóplia de imagens digitalizações dos desaparecidos documentos. Ou então, pode perguntar-se: que raio de documentação andou ele a digitalizar?
Mas mais se questiona: como é que foi isso possível? Como que meios digitalizou Portas tanta documentação? E quem é que pagou, pois se sabe que foi uma empresa que executou o serviço: foi ele próprio? Ou foi o erário público? E a que fins se destinou tal digitalização de documentos? Não sendo públicos, seguramente, pois esses não eram da sua preocupação, só podiam ser da esfera particular ou do universo político-partidário.
Surpreende é como um caso surreal como este, passe a banal, como se fosse a coisa mais normal do mundo um ministro digitalizar para seu uso documentos do Estado!...
Agora, volta o assunto à baila, com suspeitas de corrupção, participação em negócio e branqueamento de capitais. O Tribunal, reduziu a acusação a 10 arguidos por burla e fraude fiscal no processo sobre as contrapartidas, que será julgado em Setembro.
Mas nada acontece neste miserável país, onde a malha da Justiça deixa escapar os grandes e só aperta para apanhar o peixe miúdo. Não vale a pena desmentir. Os factos, as sentenças, estão para o demonstrar.
Basta referir que em Dezembro de 2011, o Tribunal de Munique condenou 2 alemães a dois anos de prisão (suspensa) e a Ferrostaal a uma multa de 129 milhões de euros.
Por cá, é tudo boa gente, gente cristã, cumpridora dos seus sagrados deveres. Não há corrupção, não há luvas, não há fugas aos impostos, nem evasão fiscal.
Os documentos desaparecem mas ninguém sabe quem é. Nunca se chegará a apurar, pese a vontade agora manifestada pelo Procurador-geral da República, que certamente acordou demasiado tarde. Ninguém é culpado de nada.
Portugal é o campeão da impunidade!
Este, por certo, e até prova em contrário, será mais um “escândalo à portuguesa”.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Celina Tavares confirmou um soberbo espectáculo!

Conforme se previa, o espectáculo de Celina Tavares, na noite de sábado, na Arcada, no âmbito do programa “Sons de Verão”, foi majestoso. Seguro, sóbrio, inteligente, feliz. Claro que não é um evento para as massas, para os amantes da música “pimba”, sem desprimor para quem gosta desse tipo de música (eu até gosto de alguma dela…). É um evento onde pulsa a qualidade, o bom gosto na escolha dos poemas e a diferença substantiva das músicas.
Apesar disso, largas dezenas de pessoas mantiveram-se atentas e compenetradas a absorver a voz mágica e poderosa desta cantora fafense, que merece ir muito além do seu meio natural, que a admira e apoia, e tem razões para isso. Outras muitas pessoas ouviram sentadas nas esplanadas dos cafés das redondezas, ou circulando pelos passeios da Praça.
Celina passou em revista o seu projecto “Voz em Branco” e as linhas mestras dos espectáculos que tem protagonizado em ocasiões anteriores, naturalmente adaptados ao ar livre.
Os músicos que a acompanham são de elevado gabarito, emprestando ao conjunto, naturalmente, uma mais-valia que tornam o produto final um espectáculo apetecível e de elevadíssima qualidade estética e performativa. Um belíssimo espectáculo que se ouve em Fafe como se ouviria em Guimarães, no Porto ou em Lisboa.
A força, a qualidade, a paixão da música, a arte, o talento estão lá.
Celina estará, em princípio, este sábado, ao começo da tarde, no programa Há Volta, da RTP, a emitir da Praça 25 de Abril, em Fafe, no âmbito da chegada da 3ª etapa da 74ª Volta a Portugal em Bicicleta.
Será uma óptima oportunidade para divulgar o seu talentoso trabalho e dar-se a conhecer ao país.
Muitos parabéns!
Aqui ficam expressivas imagens do espectáculo deste sábado, da lavra de Manuel Meira Correia.


domingo, 12 de agosto de 2012

Emigrantes fafenses conviveram no Jardim do Calvário

Mais de duas centenas de emigrantes participaram no XV Encontro de Emigrantes Fafenses, organizado pela autarquia local, com o propósito de juntar em salutar convívio os cidadãos naturais do concelho que deixaram a sua terra e se encontram espalhados pelos quatro cantos do mundo, em especial na Europa e no Brasil, na tarde e noite da passada sexta-feira.
Curiosamente, a RTP esteve por cá, o que é de assinalar, dado que não houve qualquer crime no decorrer do evento!...
Ao longo da tarde, realizaram-se jogos populares e de mesa (damas, cartas e dominó) e jogos tradicionais (petanca, andas, arco, saltar à corda e jogo do pião) a cargo da Associação Sonho e dos Restauradores da Granja, que motivaram de sobremaneira os participantes.






As actuações musicais, aconteceram a partir das 18h30, nelas intervindo os Castiços de Regadas e o Rancho Folclórico de S. Miguel do Monte, antes do jantar, que ocorreu pelas 20h00.
Por essa altura, subiu ao palco o vice-presidente da Câmara, Antero Barbosa, acompanhado pela vereadora Helena Lemos e por outros elementos do gabinete, bem como pelo presidente da Junta de freguesia de Fafe, José Mário Silva e pelo Comendador António Barros, emigrante no Brasil há mais de meio século. Antero Barbosa justificou a ausência do presidente da autarquia e teceu palavras de louvor aos emigrantes espalhados pelos quatro cantos do mundo, pedindo-lhes apoio e solidariedade para os “novos emigrantes” provocados pela crise que o país atravessa.

Após o repasto, prosseguiram as actuações, altura em que os portões do Jardim foram abertos à população em geral. Desta feita, actuaram o grupo de Danças e Cantares do Centro Cultural, Social e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Fafe, o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Arões e o Grupo de Cavaquinhos da Associação Recreativa e Cultural de Santo Ovídio (ARCO), que finalizou.


Foi um programa diferente, mais variado, mais do agrado dos emigrantes, para quem era destinado, embora estes não tenham comparecido no número que inicialmente estava previsto, o que foi pena.

Fotos: Manuel Meira Correia


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Celina Tavares este sábado nas noites de Verão em Fafe

A cantora fafense Celina Tavares apresenta-se ao público da sua terra no âmbito do programa “Sons de Verão” promovido pela Câmara Municipal, na noite deste sábado, 11 de Agosto, a partir das 22h00, na Arcada.
É a oportunidade que os fafenses têm de ouvir, de uma forma mais alargada e livre, uma das vozes mais encantadoras e cristalinas da música fafense, que se tem empenhado na divulgação do seu trabalho “Voz em Branco”, que já apresentou em diversas salas, não apenas de Fafe mas da região.
O projecto integra composições da própria cantora, musicadas sobre textos de poetas portugueses, contemporâneos (e não só), a que junta interpretações de temas da música popular portuguesa, do fado a Zeca Afonso, ou brasileira (Chico Buarque, por exemplo).
Celina Tavares, nutricionista de formação, enveredou pela música e pelas canções e considera-se autenticamente uma “cantautora”.
A música e a arte são as suas paixões (além do Zé Rui, claro!).
Este sábado à noite acontece um grande momento cultural no coração da cidade de Fafe. Imperdível, sem dúvida!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Roubaram os filhotes dos cisnes do Jardim do Calvário

Roubaram os filhotes a estes cisnes
Há aspectos em que Fafe se começa a parecer um subúrbio de uma metrópole, onde gangues sem alma e sem lei se dedicam, com a maior ausência de escrúpulos, aos actos mais censuráveis e miseráveis, sem qualquer respeito pela coisa pública e pelo que está quieto e não faz mal a ninguém, sendo propriedade de todos. Podem não ser os mesmos protagonistas, mas também podem ser. A miséria humana é a mesma, quer se esteja a falar de vandalizar gratuitamente os vidros do elevador do Jardim do Calvário, do Monumento ao Poder Local ou do prédio que lhe está em frente, ou de incendiar papeleiras ou queimar mobiliário urbano.
Este fim-de-semana, incertos assaltaram o Jardim do Calvário e roubaram os cinco pequenos cisnes que tinham nascido há pouco mais de um ou dois meses e constituíam a mais recente atracção do local, para miúdos e graúdos.
Pergunta-se: como é possível? Para quê? Porquê? Que mal faziam os pequenos cisnes, que ainda há pouco vieram ao mundo?
Que mundo sem alma e sem respeito é este em que se rouba, se vandaliza, se viola o património público com a maior desfaçatez, a maior impunidade?!...
Apenas podemos deixar aqui o nosso grito de revolta e de indignação. Esperemos que as autoridades, a quem o caso terá sido já comunicado, consigam apurar a autoria do atentado e punir os criminosos, pois é disso que se trata, sem qualquer sombra de dúvida...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Excelente espectáculo de tributo ao rock 60/80 em Fafe

No âmbito dos “Sons de Verão 2012”, da iniciativa da Câmara Municipal de Fafe, teve lugar no sábado passado, 4 de Agosto, na Arcada, um excelente espectáculo revivalista “Old Covers”, protagonizado pelo grupo vimaranense Con’Sumo.
Durante mais de uma hora e meia, foram passados em revista grandes temas do rock de expressão anglo saxónica dos anos 60/70/80, que os mais velhos não deixam de conhecer e os mais novos conhecem, pelo menos algumas delas.
Assim, desde os Beatles, Procol Harum (esse slow que tantos namoricos incendiou, “A Whiter Shade of Pale”), Los Bravos (“Black is Black”) ou Elton John, a Moody Blues e Pink Floyd de tudo um pouco se ouviu e desfrutou de três décadas de ouro da música rock, que molda a nossa identidade individual e colectiva das últimas décadas.
Uma grande noite, com grandes músicos e intérpretes e músicas que todos conhecem.
Aqui ficam algumas imagens da actuação do Con’Sumo.
Fotos: Manuel Meira Correia!



domingo, 5 de agosto de 2012

XV Encontro de Emigrantes Fafenses sexta-feira, 10 de Agosto, no Jardim do Calvário

À semelhança dos anos anteriores, a Câmara Municipal de Fafe volta a organizar o tradicional Encontro de Emigrantes Fafenses, visando juntar em salutar convívio os cidadãos naturais do concelho que deixaram a sua terra e se encontram espalhados pelos quatro cantos do mundo, em especial na Europa e no Brasil.
O XV Encontro de Emigrantes Fafenses realiza-se esta sexta-feira, 10 de Agosto, no Jardim do Calvário, com a presença de mais de duas centenas de compatriotas.
Este ano, a autarquia pretende conferir um carácter mais festivo ao programa, de modo a incluir jogos tradicionais e de mesa (malha, petanca, cartas, damas, etc.) e animação musical, com a exibição de grupos locais, ao longo da tarde e da noite.
Visa-se, assim, que este Encontro seja de festa e de confraternização, a partir das 16h00 e até cerca da meia-noite.
Depois dos jogos e da diversão, haverá lugar para o habitual jantar de confraternização entre todos os que a ele se queiram associar e que se realiza a partir das 20h00.
A partir das 16h00, haverá então jogos populares e de mesa (damas, cartas e dominó) e jogos tradicionais (malha, petanca, andas, arco, saltar à corda e jogo do pião) a cargo da Associação Sonho e dos Restauradores da Granja.
As actuações musicais, acontecem a partir das 18h30, nelas intervindo os Castiços de Regadas, o Rancho Folclórico Unidos de Monte, o grupo de Danças e Cantares do Centro Cultural, Social e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Fafe, o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Arões e o Grupo de Cavaquinhos da Associação Recreativa e Cultural de Santo Ovídio (ARCO).

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Parabéns, mãe!


Hoje foi o dia de te dar um beijo de aniversário, mãe.
Há décadas que o venho fazendo, com o incomensurável gosto de filho. Como as aves partem, irreprimíveis, para sul, e regressam para nidificar em cada primavera.
Pela primeira vez, todavia, não estás ao alcance dos meus lábios, mãe, nem dos meus olhos, nem da capacidade de te ter a meu lado.
Não te perdoo teres-me abandonado.
Incrível: até parece que a chuva deste primeiro dia de Agosto acompanha as lágrimas que escorrem pelos olhos e inunda a coração que nunca mais foi o mesmo, podes acreditar.
A nossa casa, mãe, está vazia, penosamente deserta, infeliz, inútil.
O silêncio ensurdece a alma de memórias. Está aqui a minha infância, a minha juventude. Estás aqui, mãe, a rezingar (mais que o que devias, tantas vezes) com a pobre da tia Maria e a pedir à avó para se não meter nas vossas conversas. Às vezes, era uma comédia; outras, um riso pegado. O pai continua a trabalhar em França, pois as coisas aqui estão complicadas. Regressará apenas nos anos 80... Historicamente, as coisas sempre estiveram complicadas neste país. Como se não houvera outro destino. Outro fado. Parece que é eterna sina neste rectângulo cada vez mais descolorido, desvalorizado, desmotivado, desesperançado.
Estão também as irmãs da minha meninice, obviamente. E todas as nossas brincadeiras. E os trabalhos agrícolas em que eu participava contigo, mãe. As molhadelas do orvalho das madrugadas de Junho. As colheitas. E os primeiros namoricos. E as muitas asneiras que os mais novos faziam. E os primeiros versos e os primeiros escritos que tiveram por palco aquela casa, hoje angustiosamente povoada dos fantasmas do passado, essa recordação do que fomos e do que vivemos, e com quem vivemos, que nos dói nas veias como um veneno de serpente.
Mãe: hoje, dei-te um beijo. Quente. Mas não reagiste, nem por um momento. Foi assim um beijo surpreendentemente frio, glacial. Molhado. Branco, como o mármore. À tua volta, tudo estava parado, quieto, resolvido, final, com algumas flores, algumas velas. A fotografia do pai olhava. A lápide da tia e da avó, estava ao lado, como há tantos anos.
Mãe, pela primeira vez, festejamos o teu aniversário de uma forma diferente. Mas o meu beijo foi o mesmo. Parabéns!
À tua volta mora a eternidade!