terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fingertips encerram o "Justice Fafe Fest" esta sexta-feira no Multiusos de Fafe


 
A banda portuguesa Fingertips atua esta sexta-feira, 2 de Novembro, a partir das 21h30, no Pavilhão Multiusos de Fafe, a fechar o projecto “Justice Fafe Fest – Música com Causas”, promovido pela Câmara Municipal.
Na mesma noite sobe ao palco a banda fafense Progeto Aparte, um grupo local em expansão, que terá assim oportunidade de actuar junto de uma banda de renome nacional. De igual forma, está prevista a presença dos espanhóis Guitarra.
Os bilhetes para este robusto espectáculo custam apenas 7,5 euros e estão à venda no Posto de Turismo e no local do concerto.
Fingertips é uma banda de pop rock portuguesa, que iniciou a sua carreira, em 2003, com o lançamento do seu álbum de estreia “All ‘Bout Smoke ‘n Mirrors”, atingindo o 1º lugar de airplay com o single “Melancholic Ballad”. Seguiram-se mais duas edições discográficas, “Catharsis”, em 2006, e “Live Act”, em 2007. Em 2010, mudou de vocalista, entrando Joana Gomes, com quem gravaram mais dois CD: “Venice” e “2”.
O projecto “Justice Fafe Fest – Música com Causas”, arrancou em 31 de Março com a actuação dos Santos & Pecadores e continuou, em 22 de Junho, com um memorável concerto dos Moonspell.
Uma segunda vertente do programa, levou às EB2,3 das freguesias de Arões e Revelhe o Festival de Bandas Emergentes, visando descentralizar a cultura e proporcionar aos alunos o contacto com os músicos e técnicos dos concertos para conhecimento das suas carreiras, e poderem assistir ao trabalho de bastidores dos espectáculos.
O projecto inclui ainda a edição de um CD com a participação dos vários intervenientes no “Justice Fafe Fest – Música com Causas”.
 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Chico-espertismo a contornar a lei da limitação de mandatos!

 
1. Quando se aproximam as autárquicas de 2013, começam a aflorar candidaturas, anunciadas com retumbância, ainda que inequivocamente à margem da actual legislação eleitoral. É o caso de Luís Filipe Menezes que, acabada a possibilidade legal de se recandidatar, pretende ser “recompensado” pelos “buracos” que deixou em Gaia com a titularidade da autarquia do outro lado do Douro, que tem feito gala exactamente na recuperação financeira. Isto, obviamente, se chegar a formalizar a candidatura, se esta for aceite pelos tribunais e se o eleitorado da segunda maior cidade do país for na cantiga!
Em causa está a violação da famigerada Lei n.º 46/2005, de 29 de Agosto, do tempo de José Sócrates, que estabelece “limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais”, uma matéria que há anos vinha a ser debatida no espaço político, sem solução. Desde logo, porque alguns a consideravam “antidemocrática”, pelo facto de um diploma legal se substituir à alegada soberania do eleitorado. O que estava em causa era saber-se: a) devem os líderes das autarquias ter os mandatos limitados por lei, independentemente da sua vontade, visando a saudável renovação do “pessoal político” e evitando assim a eternização dos mesmos no poder, ou b) deve outorgar-se às populações o poder de decidirem, eleitoralmente, de quatro em quatro anos, se devem ou não renovar a confiança aos “dinossauros” do Poder Local, sem olhar aos anos de governação?
Mas essa não era nem é a única questão em jogo.
Nos termos daquele diploma, que entrou em vigor em 1 de Janeiro seguinte, “o presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos, salvo se no momento da entrada em vigor da presente lei tiverem cumprido ou estiverem a cumprir, pelo menos, o 3º mandato consecutivo, circunstância em que poderão ser eleitos para mais um mandato consecutivo”. Mais se estabelecia que aqueles autarcas, “depois de concluídos os mandatos referidos, não podem assumir aquelas funções durante o quadriénio imediatamente subsequente ao último mandato consecutivo permitido”.
Este é o articulado ainda em vigor e que é absolutamente claro: os autarcas que tenham atingido o terceiro mandato consecutivo, não podem candidatar-se no mandato seguinte.
Absolutamente claro, mas o chico-espertismo sobretudo do PSD está a esforçar-se por contornar a lei, para que Menezes (PSD) se possa candidatar ao Porto… Pelos vistos, e segundo o Expresso do último sábado, o PS já não alinha nessa vigarice. Só lhe fica bem!...
Quando os interesses partidários se sobrepõem ao respeito pela legalidade e pelo “espírito do legislador”, algo está errado, e contribui para o desprestígio das instituições e para denegrir ainda mais a péssima imagem que já está consolidada da classe política. Porque o que a lei visa é a saudável renovação dos titulares dos cargos políticos a nível autárquico, o que nem sempre agrada aos aparelhos partidários, com outra lógica de interesses.
Mas não custa a admitir que a união de esforços dos “interessados”, no Parlamento, consiga “clarificar” a possibilidade de um autarca que já tenha esgotado os seus mandatos num concelho possa apresentar-se a votos num município ao lado. O CDS é contra, entendendo (e bem) que após os três mandatos definidos na lei um presidente de câmara não deve poder candidatar-se num outro concelho.
Desvirtuar este princípio é manifestamente “driblar” a lei.
Mas quando o insuspeito ministro Miguel Relvas se arroga o direito de interpretar o «espírito do legislador» e decreta que «esta reforma quando foi feita, foi sempre (no sentido de) que a limitação seria sobre o território e não sobre a função», está tudo dito do que há a esperar!...
Pode vir a ser uma interpretação correcta da lei; pode vir a ser legal, porque a lei se molda e ajusta ao que dela se pretende, para manter o domínio. Mas não deixa de ser uma vergonha e uma indecência, que deveria fazer corar quem tem algum pingo de respeito pela ética e pela moral na política, o que, desafortunadamente, vai sendo mais difícil de encontrar do que candidatos a mudar de município, para tentar a perpetuação no poder!...
 
2. O mesmo raciocínio se aplica, obviamente, às novas unidades territoriais saídas da reforma administrativa autárquica. Quer dizer, os agrupamentos ou uniões de freguesias. Um autarca que esgotou três ou mais mandatos, deveria estar impedido de se candidatar a outra freguesia ou a uma “união de freguesias”. Mas já se ouvem uns zunzuns em sentido contrário. O que francamente se lamenta, pelas razões aduzidas…
 
3. Questão diferente é saber se é justo e razoável que a lei de limitação de mandatos se aplique apenas à parte mais frágil do corpo político do país, os autarcas, deixando de fora os deputados, os ministros e os chefes dos governos regionais, dado que o presidente da República sempre esteve limitado a dois mandatos. E não é justo, nem razoável que um presidente de câmara ou de junta apenas possa exercer os seus mandatos durante 12 anos e um deputado o possa fazer durante décadas seguidas.
Mas, como diz o povo, quem manda (quer dizer, legisla) pode!... Ou não!...

Mário Daniel trouxe a sua magia a Fafe

Na noite de sábado, o Teatro-Cinema de Fafe foi palco de um fantástico espectáculo com o conhecido mágico Mário Daniel. Irreal, assombroso, fascinante, maravilhoso, incrível – são alguns dos adjectivos que nos ocorrem perante uma apresentação do outro mundo!...
"Fora do Baralho" era o título do espectáculo, que encheu por completo a nossa belíssima sala e entremeou o teatro e a magia, misturando a arte da ilusão com a cénica e a teatral, criando não só magia, mas uma atmosfera mágica.
No palco, Mário Daniel actuou na companhia da esposa Cláudia Pedrosa (Rosinha) e do actor Paulo Monteiro (Artur).
O evento conta a história de um mágico que está num ateliê a tentar criar o seu próximo espectáculo. Nesse mundo existem outras personagens, a empregada que detesta ver tudo desarrumado, ou o artesão das ilusões do Mário. Numa relação muito divertida, e invocando os valores da amizade, cooperação e família, fazem com que os “truques” surjam de forma natural no decorrer da narrativa e se transformem em verdadeira magia!
Os fafenses que tiveram a felicidade de assistir adoraram o espectáculo, que poderá vir a ser repetido no próximo ano, dado haver muitas pessoas que gostariam de ter acedido e não puderam por falta de bilhetes.






O Mário Daniel é uma simpatia, além de um extraordinário artista e um mágico sublime!
 Fotos: Manuel Meira Correia

FAFE EM VINHAIS

 
Na tarde deste sábado, o Centro Cultural, Social e Desportivo (CCSD) dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Fafe organizou um passeio até à festa da castanha de Vinhais, no distrito de Bragança. Foi um belíssimo dia, pleno de confraternização e convívio entre mais de meia centena de participantes.
Depois de uma breve paragem para café em Chaves, rumámos à vetusta vila de Vinhais (vejam só esta aliteração…), onde nos esperava o maior assador de castanhas do mundo, recorde homologado em 2007 pelo Guiness World Records, com gostosas castanhas assadas, que nos reconfortaram o estômago, quatro horas depois da saída de Fafe. E um dia fabuloso, de sol e temperatura amena.
O grupo entrou depois no Pavilhão Multiusos onde se alinhavam dezenas de “stands” com sacos de saborosas castanhas, nozes, vinhos, broa, bem como doces, geleia e muitos outros produtos locais à base de castanha. Uma festa enorme em torno das potencialidades locais, que pudemos apreciar até ao final da tarde.
De realçar ainda que, pouco antes do regresso, o grupo de música popular do CCSD fez uma arrancada musical pelo pavilhão, cantando a alma e o coração do Minho, em pleno Trás-os-Montes, o que deixou boquiabertos e extasiados os expositores e populares.
Ao final da tarde, regressámos todos à nossa querida terra, carregados de quilos de castanhas, nozes, broa e doces para o domingo e dias seguintes.
Um grande dia, sem dúvida, para todos nós!


 
Fotos: João Artur Pinto
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Mágico Mário Daniel actua este sábado no Teatro-Cinema de Fafe

A programação do Teatro-Cinema de Fafe prossegue na noite deste sábado, 27 de Outubro, com a realização de um espectáculo com o conhecido mágico Mário Daniel.
O autor, apresentador e mago do "Minutos Mágicos", programa de sucesso de horário nobre da SIC, apresenta "Fora do Baralho", que assume ser muito mais do que um espectáculo de magia! Mistura a arte da ilusão com a cénica e a teatral, criando não só magia, mas uma atmosfera mágica.
Conta a história de um mágico que está num ateliê a tentar criar o seu próximo espectáculo. Nesse mundo existem outras personagens, a empregada que detesta ver tudo desarrumado, ou o artesão das ilusões do Mário. Numa relação muito divertida, e invocando os valores da amizade, cooperação e família, fazem com que os “truques” surjam de forma natural no decorrer da narrativa e se transformem em verdadeira magia! Esta é uma nova proposta de espectáculo e uma nova forma de encarar esta arte.
Com autoria de Mário Daniel Produções e Inflama Produções, encenação de Sílvia Ribeiro, textos de Mário Daniel e Sílvia Ribeiro, “Fora do baralho” tem interpretação de Cláudia Pedrosa, Mário Daniel e Paulo Monteiro.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sarau cultural do Núcleo de Artes e Letras de Fafe encantou os presentes

O Núcleo de Artes e Letras de Fafe, a que me honro presidir, promoveu no dia 19 de Outubro, um fantástico sarau cultural, na Sala Manoel de Oliveira, que encantou quem a ele teve o privilégio de assistir.
Foi uma sessão de motivação para uma oficina de escrita criativa que está prevista para Novembro.
O evento começou com uma encenação no “foyer” do Teatro-Cinema, onde se encontrava uma farta mesa de livros de autores locais, um “banquete literário” preparado artisticamente pela artista Conceição Antunes e que foi fruído pelos assistentes. “Passo a passo se percorrem caminhos, palavra a palavra se escrevem vidas” – compuseram as alunas da Escola Secundária.
Os assistentes entraram depois na Manoel de Oliveira, seguindo a flauta de Ana Catarina Costa, onde tive a oportunidade de introduzir a sessão e evocar a morte de Manuel António Pina, um poeta maior da nossa literatura, antes do primeiro momento musical, com excelentes interpretações do Coro de Pais e Amigos da Academia de Música José Atalaya, sob a direcção do Prof. Tiago Ferreira.
Depois, os criadores literários fafenses Acácio Almeida, Artur Coimbra, Conceição Antunes, Pompeu Martins, Jorge Oliveira, Augusto Lemos, José Rui Rocha, Carlos Afonso e José Peixoto Lopes abordaram brevemente a sua obra, falaram da forma de escrever e dos pretextos para a escrita, acabando com a leitura de um poema de sua autoria, acompanhada melodiosamente pelo pianista Giosuè Di Vincenti, professor da Academia de Música.
A poetisa brasileira Carmen Cardin, apresentada por Daniel Bastos, aproveitou a oportunidade para falar do seu último livro, A Música das Estrelas, declamando cerca de uma dezena de poemas, que surpreenderam os presentes.
Realçaram-se ainda duas pequenas encenações criativas, por alunos da Escola Secundária e dois momentos musicais, com um quarteto de saxofones (Eduardo Teixeira, Simão Silva, Pedro Marques e Alex Fernandes) e um duo de clarinetes (Filipa Daniela Leite e Tânia Carina Ferreira) da José Atalaya, que interligaram os vários intervenientes.
Entretanto, a oficina de escrita criativa decorre na Biblioteca Municipal de Fafe nos sábados 3, 10 e 17 de Novembro, entre as 10h00 e as 13h00, sob a orientação do escritor Carlos Afonso.










Fotos: Manuel Meira Correia

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Núcleo de Artes e Letras de Fafe promove motivação para oficina de escrita criativa

Sarau cultural esta sexta-feira, 19 de Outubro

O Núcleo de Artes e Letras de Fafe vai levar a efeito uma oficina de escrita criativa, dirigida ao público em geral e sob a epígrafe “Viajar pelas palavras”.
Para o dia 19 de Outubro, está prevista uma sessão de motivação, no âmbito de um sarau cultural a realizar na Sala Manoel de Oliveira, a partir das 21h00.
O evento começa com um momento musical, durante o qual intervém o Coro de Pais e Amigos da Academia de Música José Atalaya, sob a direcção do Prof. Tiago Ferreira e que inclui a actuação de Ana Catarina Costa (Flauta) e de Giosuè Di Vincenti (Pianista Acompanhador).
Depois, os criadores literários fafenses Pompeu Martins, Jorge Oliveira, Artur Coimbra, Augusto Lemos, José Rui Rocha, Carlos Afonso, Acácio Almeida, Conceição Carvalho e José Peixoto Lopes e a poetisa brasileira Carmen Cardin (que aproveita a oportunidade para apresentar o seu último livro, A Música das Estrelas) falam da sua experiência como escritores e da sua obra. O som melodioso de um piano acompanhará a leitura de alguns excertos narrativos e de poemas.
Seguem-se ainda duas pequenas encenações criativas, por alunos da Escola Secundária e dois momentos musicais, com um quarteto de saxofones (Eduardo Teixeira, Simão Silva, Pedro Marques e Alex Fernandes) e um duo de clarinetes (Filipa Daniela Leite e Tânia Carina Ferreira) da Escola de Música José Atalaya, que interligarão os vários oradores.
Entretanto, a oficina de escrita criativa decorre na Biblioteca Municipal de Fafe nos sábados 3, 10 e 17 de Novembro, entre as 10h00 e as 13h00, sob a orientação do Prof. Carlos Afonso.
São objectivos da acção desenvolver e aprofundar o gosto pela escrita como forma de expressão eminentemente humana, desenvolver, de forma lúdica, a expressão escrita, promover formas alternativas de expressão, desenvolver métodos e técnicas de planificação, produção e avaliação de diferentes tipos de texto, promover o gosto pela leitura como meio de enriquecimento pessoal, mas também como ferramenta de trabalho, descobrir e valorizar o gosto e o talento para a escrita.


Luís Represas e João Gil encantaram os fafenses

Os músicos Luís Represas e João Gil (ex-Trovante) actuaram no Teatro-Cinema de Fafe na noite de 13 de Outubro, no âmbito do projecto “Concertos Íntimos”.
A mítica sala de espetáculos fafense lotou por completo para assistir a um concerto esplendoroso, absolutamente acústico, em que as canções dos Trovante e de Represas encheram os corações de revivalismo e de festa.
Durante cerca de uma hora e meia, o duo entremeou novas canções do seu álbum Luís Represas e João Gil e melodias menos conhecidas, com temas que fazem já parte do imaginário deste país, como “Saudades do futuro”, “Feiticeira”, “125 Azul”, “Perdidamente”, “Da próxima vez”, “A hora do lobo” e “Sagres”, entre outras.
Dir-se-ia que os espectadores que tiveram o privilégio de assistir ao espectáculo desfrutaram de uma noite mágica, que tão cedo não será esquecida.
Desde o fim do Trovante, esta é primeira vez que Luís Represas e João Gil trabalham juntos num disco de originais e que assinam um álbum em conjunto, exactamente com o título Luís Represas e João Gil, e que motivou a sua vinda ao Teatro-Cinema desta cidade.

Fotos de Manuel Meira Correia:








quarta-feira, 17 de outubro de 2012

“A Primeira República em Fafe” - Obra importante para a história nacional


A Primeira República em Fafe – Elementos para a sua história é uma obra de investigação “importante não só para a história local mas para a história nacional”. Palavras de Maria Alice Samara, investigadora do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
O livro, editado pelo Núcleo de Artes e Letras de Fafe, é da autoria dos historiadores Artur Ferreira Coimbra, Daniel Bastos e Artur Magalhães Leite, e foi apresentado no fim-de-semana no salão nobre do Teatro-Cinema.
Para aquela docente universitária, a obra que tem o seu prefácio “é um importante contributo não apenas para a história do concelho de Fafe, mas para a história do final do século XIX e inícios do século XX, para a história da Primeira República e do Republicanismo em Portugal”.
A sessão, com sala lotada, começou com um momento musical, a cargo de dois jovens flautistas da Orquestra Juvenil da Banda de Revelhe.
O presidente do Núcleo de Artes e Letras, Artur Coimbra, também autor de diversos capítulos da obra, abriu o período de intervenções, contextualizando o surgimento de A Primeira República em Fafe, referindo que tudo começou há dois anos, quando, no âmbito das celebrações do Centenário da República, o Núcleo de Artes e Letras promoveu um Curso Livre de História Local, sob o tema “O concelho de Fafe durante a Primeira República (1910-1926)”, em sete módulos.
A acção decorreu em Outubro e Novembro de 2010 com apreciável adesão do público interessado e teve como propósito proporcionar ao público em geral um melhor conhecimento sobre um período histórico fundamental na afirmação e desenvolvimento do concelho de Fafe.
A obra agora apresentada tem como ponto de partida a matéria apresentada naquele curso, embora o ultrapasse. Começando com a contextualização do período histórico de 1910 a 1926, são abordados temas como As raízes republicanas no concelho de Fafe, Fafe em 1910 – Breve retrato, A Proclamação da República em Fafe, Momentos e legado da I República, O governo local (1910-1926), A contra-revolução monárquica em Fafe 1911-1919 (das incursões couceiristas à Monarquia do Norte), O concelho, Ensino e escolas na I República, O associativismo na I República, O jornalismo na I República, Figuras referenciais da I República em Fafe, As ruas da República e Imagens da I República em Fafe.
Segundo o autor e organizador da obra, “não pretendendo esgotar a história daqueles tempos, já que muito fica ainda por dizer, ficam as linhas gerais do impacto que teve aquele fracturante período histórico do Portugal Contemporâneo neste município, numa investigação que teve como socorro privilegiado o fundo do Arquivo Municipal e a imprensa periódica local”.
Também Daniel Bastos e Artur Leite usaram da palavra para apresentarem as matérias que escreveram para a obra.
Maria Alice Samara fechou as intervenções, referindo que “é preciso olhar a República e o republicanismo para além de Lisboa”, acrescentando que, apesar da centralidade da capital dos acontecimentos, “tal não implica que se deva obliterar a dinâmica do resto do país”.
Para a investigadora, o livro agora publicado é de extrema importância, já que analisa o concelho de Fafe, articulando sempre a escala local com o nível nacional. “Dá a conhecer a História do período em análise, nas suas principais conjunturas e problemas, bem como as dinâmicas próprias do concelho, a par da publicação de documentos e imagens surpreendentes e de grande importância, o que permite ao leitor uma ‘viagem’ ao passado, à história, à memória e ao património, até ao Portugal de início do século XX, a uma época fundamental para a compreensão da contemporaneidade” – sublinha Alice Samara, que conclui: “esta obra contribui em muito para a ilustração de todos os que se interessam ou trabalham sobre este período da História de Portugal”.

Outras fotos (Manuel Meira Correia):









quarta-feira, 10 de outubro de 2012

República foi proclamada em Fafe há 102 anos


Instaurada oficialmente em Lisboa, no dia 5 de Outubro de 1910, pelas 11h00 da manhã, a República Portuguesa demorou alguns dias a ser proclamada pelo país, por razões que têm a ver não apenas com as comunicações que na altura não eram famosas, mas também com a conveniência da sua”celebração” a nível local.
Em Fafe foi proclamada na tarde do dia 9 de Outubro, um domingo (fez ontem 102 anos), com grande entusiasmo popular, como sucedeu por todo o país, de resto e como é unanimemente considerado, dado que a monarquia estava agonizante desde havia anos e nem os monárquicos mais empedernidos, salvo uma ou outra excepção (Paiva Couceiro, por exemplo, como vimos antes), mexeram uma palha para a defender. Nem já valia a pena.
À falta de outras fontes, servimo-nos da descrição do semanário republicano O Desforço para termos uma ideia do que foi a proclamação da República na então Vila de Fafe.
O semanário republicano histórico, na sua edição de 13 de Outubro, relata, vibrantemente, pela pena, com toda a certeza, do velho republicano Artur Pinto Bastos, director do jornal:

Logo que houve a certeza de ter sido proclamada a Republica na cidade do Porto (6 de Outubro), noticia que nós mesmos trouxemos, porque viramos o delirio da acclamação, a nossa Commissão Municipal preparou-se para ir cumprimentar o novo Governador Civil de Braga, e receber as ordens que por intermedio do mesmo funcionario lhe eram transmitidas pelo governo provisorio da Republica Portugueza. Na capital do nosso districto assistiram á acclamação que ali fôra imponentissima, dadas as circunstancias daquela cidade ser reconhecida como o centro do mais intransigente reacionarismo. Vieram tarde e por isso só no domingo se poude fazer aqui a ceremonia da acclamação sem se noticiar para conhecimento de todos, e sem tempo para convites. E tanto assim foi que no proprio domingo ao ir-se juntando bastantes populares no largo da villa ainda se andava procurando as musicas que mais depressa podessem fazer os seus compromissos de festividades religiosas, para percorrerem as ruas do nosso centro. E como tardassem, resolveram os nossos correligionarios dar principio ao acto, eram 3 horas certas da tarde.
Quando a Commissão entrou no edifício dos paços do concelho já uma musica tocava a «Portugueza» e a Republica era acclamada pelos populares. E dirigindo-se ás dependencias da administração foi acto continuo lido pelo secretario da mesma snr. Arthur Teixeira da Silva e Castro o auto da posse, investindo na delegacia do governo provisorio nesta villa o snr. dr. Gervasio Domingues d’ Andrade.

O auto de posse das novas autoridades lido solenemente pelo secretário da administração, Artur Teixeira da Silva e Castro, era do seguinte teor:

Aos 9 d’outubro de 1910, e por ordem do Governo Provisório da Republica Portuguesa, compareceu n’ estes Paços do Concelho, para assumir a gerência do município, o cidadão Snr. José Gabriel Peixoto de Magalhães e Meneses, com a seguinte comissão da sua presidência: Gervásio Domingues de Andrade, Miguel Augusto Alves Ferreira, Bernardino Monteiro, José Augusto Ferraz Costa, Vicente d’Oliveira e Castro, Dr. José Teixeira e Castro Guimarães e Dr. José Summavielle Soares.
Compareceu também o digno vice-presidente da Câmara destituída, Snr. Padre José da Silva e Castro, que conferiu a posse.
O cidadão Snr. José Gabriel Peixoto de Magalhães e Meneses e os restantes membros da Comissão da sua presidência declararam pela sua honra que farão por bem desempenhar as funções em que foram investidos.
Por proposta do presidente foi resolvido que a 1ª sessão se effectuasse na próxima 5ª feira, pela huma hora da tarde, para começar os trabalhos da gerência municipal.
Procedeu-se, seguidamente, á proclamação da Republica da varanda dos Paços do Concelho, e ao arvoramento da bandeira republicana. 

Prossegue O Desforço a sua descrição:

A entrega foi feita pelo administrador cessante snr. dr. Arthur V. de Castro, abraçando o novo administrador – e assignando o mesmo auto, que também foi assignado por grande numero de pessoas presentes.
O snr. dr. Gervasio proferiu uma allocução comprometendo-se a executar a lei com amor e justiça mas sem tibiezas, como é proprio das novas instituições, cuja implantação vinha acabar com os processos de corrupção que todos conhecem. E tal era a confiança que tinha na administração actualmente só feita pelo povo que levantava um cordeal viva á Republica Portugueza.
Outros vivas se seguiram muito correspondidos, continuando a assignatura do auto.
Cá fóra, tocavam já duas bandas os acordes enthusiasticos da «Portugueza».
Dificilmente se podia atravessar os corredores e subir as escadas para a sala das sessões da camara municipal, completamente apinhada de populares, sendo necessario abrir uma fileira para que a nossa Commissão Municipal pudesse chegar junto da meza das sessões, onde jà se encontravam os vereadores que o governo provisorio tornara demissionarios em face da constituição democratica do programma republicano.
Antes de fazer a entrega o snr. P.e José da S. Castro apresentou em nome de toda a camara cessante cumprimentos affectuosos à Commissão Municipal Republicana e fazendo justiça ao caracter individual de cada um dos seus membros, disse, era tecer o elogio de todos; que esperava que a tutela central deixasse expandir a corporação popular como achava justo e digno de toda a ordem e de todo o progresso. Pessoalmente e com toda a sinceridade acatava do coração a nova forma de governo.
Enthusiasticamente ovacionado assignou o auto da posse, assignando-a também os vereadores presentes bem como a Commissão Municipal assim constituída:
José Gabriel Peixoto de Magalhães e Menezes, Miguel Augusto Alves Ferreira, José Augusto Ferraz da Costa, Bernardino Monteiro, Vicente d’ Oliveira e Castro, Dr. José Teixeira e Castro Guimarães, dr. José Summavielle Soares.
Depois de assignarem, o snr. dr. Summavielle tomando a palavra agradece as saudações da camara presente feitas pelo snr. P.e José e podia garantir que os interesses do município iam ser salvaguardados de conformidade com as aspirações ali votadas por sua exª, pois isso eram aspirações do partido republicano, de ha muito, e para isso foi também que o admirável povo de Lisboa acabava de dar a vida nas ruas da sua heroica cidade.
Os vivas á Republica, á Patria, á Commissão Municipal Republicana, ao Povo de Lisboa, eram delirantemente correspondidos.
Parecia que nesta occasião a alma popular era differente, como depois duma operação feliz se sente num bem-estar todo o enfermo atormentado por longa doença.
Como a sala não podia conter todos os cidadãos, pois que a maioria estava no largo, o snr. dr. Summavielle pediu licença de fazer a proclamação da Republica das varandas do edificio.
Ao seu apparecimento na varanda, o director d’ «O Desforço» levantou-lhe vivas, assim como ao exercito, á Patria e á Republica. E ao ver aparecer o primeiro-sargento da armada, reformado, o snr. Jeronymo Nunes Pereira, levantou tambem vivas á marinha portugueza, seccundados e correspondidos por toda a multidão.

A proclamação do Dr. José Summavielle Soares numa das varandas dos Paços do Concelho, foi do seguinte teor:

Cidadãos!
Em nome da Commissão que vem de ser investida na administração municipal, cabe-me a honra de proclamar a Republica neste concelho.
E, devo dizer-vos, proclamo-a profundamente comovido, porque vejo enfim realizada a aspiração mais ardente do meu coração de patriota.
Cidadãos:
Para derrubar a ominosa dynastia de Bragança e fazer triumphar a sagrada bandeira da Republica foi preciso verter-se, em combates verdadeiramente épicos, o sangue de muitos portuguezes.
Glorifiquemos esse sangue, abraçando, confiantes, as novas instituições republicanas e empenhando todo o nosso civismo na construcção d’uma Patria nova, dignificada e prospera.
Viva a Republica Portugueza!
Viva a Marinha de Guerra!
Viva o exercito!
Viva o grande, o nobre, o heroico povo de Lisboa!

O semanário republicano de Artur Pinto Bastos continua a sua descrição sobre a proclamação da República em Fafe, em 9 de Outubro:

Custava a restabelecer o silencio. Mas feito elle o illustre candidato do nosso partido fez a proclamação da Republica no theor impresso na nossa primeira pagina.
A multidão rompeu numa salva de palmas e com vivas enthusiasticos á Republica Portugueza, por entre os sons das musicas que continuadamente repetiam o hymno provisorio da nação – «A Portugueza».

A Republica é pois um facto em Fafe.
Depois da sua proclamação, e tendo descido a Commissão Republicana, a multidão, ainda quente de enthusiasmo, acompanhou-a por toda a villa com vivas á Republica, aos vultos principaes do Partido Republicano de Fafe, ao povo de Lisboa, ao povo revolucionario, ao exercito, á  marinha, ás damas fafenses quando passava debaixo das janelas onde ellas estavam, á imprensa republicana, ao governo provisório, a João Chagas, a França Borges, á republica brazileira, ás outras republicas, etc., etc.

Na redacção de O Desforço e em casa dos republicanos Paulino da Cunha, José Teixeira Leite, e Bernardino Monteiro, já abandeira nacional havia sido desfraldada desde a sexta-feira anterior (7 de Outubro).

A nova Câmara Municipal (Comissão Municipal Republicana) foi assim constituída pelos republicanos Dr. Gervásio Domingues de Andrade (presidente), Dr. José Summavielle Soares (vice-presidente), José Gabriel Peixoto de Magalhães e Menezes, Miguel Augusto Alves Ferreira, José Augusto Ferraz da Costa, Vicente d’Oliveira Castro e Bernardino Monteiro (vogais).

Afinal, era, mais coisa, menos coisa, o núcleo duro dos republicanos que vinha já dos combates dos tempos da monarquia. Um conjunto de homens que representava um universo interclassista, mas onde predominavam os capitalistas, os proprietários, os comerciantes e os bacharéis em direito.
       
Sobre cada um deles, em rápidas pinceladas, escreveu O Desforço, na sua edição de 3 de Novembro de 1910:

Infelizmente, o partido republicano neste concelho não avultava em quantidade mercê do abandono adredemente preparado pelo antigo regímen, para que as populações afastadas das capitaes afastadas andassem tambem dos seus direitos e servissem os prazeres dos magnates prediais, em dedicação e carinho, como se esses ladrões tivessem foros de gente.
Pobre mas honrado, diminuto mas escolhido, o partido republicano de Fafe, como de resto o de todo o país, reunia em si o que de melhor havia em todas as classes sociais.

- Dr. José Summavielle Soares – bacharel em direito, socio na firma José Florencio Soares, Succ.res, proprietario da importante e muito conhecida fábrica do Bugio, era tam modesto que nunca quiz salientar-se neste meio, onde a sua lucidissima intelligencia havia necessariamente de impor-se. Os proprios adversários reconheciam isto e lastimavam-se de elle não estar disposto a fazer uma linda figura, e diziam até que elle se tinha perdido inutilizando-se com se fazer republicano. Não, não se inutilizou. O dr. Summavielle era um caracter, e não era republicano por commodismo, viso como agora, dentro da Republica, a sua actividade se está desenvolvendo como não esperavam aquelles que o acusavam de amigo das suas conveniencias.
- Dr. Gervásio Domingues de Andrade – também é bacharel em direito, importante proprietario, e advogado da comarca de Fafe. Quem não lhe conhece a honestidade e a intelligência fora e dentro do exercicio da sua livre profissão? Republicano intransigente é por todos considerado o principe dos advogados no auditorio d’este tribunal fafense, o que, se lhe não quadra como adepto da verdadeira democracia, não deixa contudo de exprimir a rigorosa verdade etimologica, sem ofensa para os seus ilustres collegas.
- Miguel Augusto Alves Ferreira – proprietario e alferes aposentado do exercito portuguez. Organizara-se no país o partido republicano com a força moral dos seus homens, quando essa disciplina arrastava para lá todos os caracteres honestos e bons.
O alferes do Ribeiro, como é conhecido o illustre republicano, enfileirou ao lado dos homens de bem, segui-os com a lealdade propria da sua alma e com o calor da sua crença; logo sentiu o odio das perseguições e teve de se aposentar; demonstrando com isso a sua bondade de homem energico. Se quizesse evitar e soffrer essas perseguições haveria hoje mais homens odiados. E os que o são, chegam bem.
- José Gabriel Peixoto de Magalhães e Menezes – proprietario intelligente cultiva com proveito uma virtude cívica: - a economia domestica.
- Bernardino Monteiro – negociante, da antiga firma Elvira Lobo & Cª. vem prestar o seu concurso metodico às novas instituições na ocasião em que ellas se propõem moralisar a parte administrativa do país até aqui posto a saque pelas quadrilhas da monarquia.
 - Vicente d’Oliveira e Castro – negociante, proprietario, que em toda a sua longa carreira commercial provou ser um cidadão util. Entrou para o partido republicano logo que viu o descalabro real dos casmurros do poder no tempo do regimen deposto.
- José Augusto Ferraz Costa – capitalista e sincero democrata, nunca se entendeu com a monarquia. Também ajudou a demolir o passado.
Eis os sete cidadãos que as circunstancias vieram a collocar á frente do município e de quem ha a esperar a mais zelosa administração.
E não precisam de conselho.

A nova Câmara começou a trabalhar e logo em 13 de Outubro, “recebia” pacificamente o poder da câmara monárquica, alterava a toponímia da vila, colocando nomes e valores republicanos onde havia congéneres realistas e distribuía os pelouros pelos diversos membros do Executivo: ao cidadão presidente (Gervásio Domingues de Andrade) cabia a Secretaria e a Polícia Municipal, a José Summavielle Soares incumbiam as Obras e a Higiene, ao vogal Miguel Augusto Alves Ferreira cabia o pelouro das Águas, Cemitério e Jardim, ao Vogal José Gabriel Peixoto de Magalhães e Menezes incumbiam a Instrução e Beneficência, a José Augusto Ferraz Costa os Mercados, Limpeza e Iluminação, ao vogal Vicente d’Oliveira e Castro o Matadouro, Açougues e Aferimentos e, finalmente, ao vogal Bernardino Monteiro estavam cometidas a Fazenda e a Contabilidade.
Quanto às alterações toponímicas decretadas por unanimidade na mesma reunião e propostas pelo Dr. José Summavielle Soares, foram as seguintes:

Praça da República para o Largo D. Carlos I (hoje Praça 25 de Abril);
Avenida 5 de Outubro para a Avenida José Luciano de Castro;
Rua Teófilo Braga para a Rua Príncipe Real;
Rua Cândido dos Reis para a Rua D. Maria Pia (actual rua Major Miguel Ferreira);
Rua Miguel Bombarda para a Rua D. Luís I (actual Rua General Humberto Delgado);
Rua Machado dos Santos para a Rua D. Pedro V (actual rua João XXIII);
Rua Francisco Ferrer para a Travessa D. Pedro V (actual Rua Afonso Costa). 

(In A Primeira República em Fafe - Elementos para a sua História, edição Núcleo de Artes e Letras de Fafe, a apresentar esta sexta-feira, 12 de Outubro, no salão nobre do Teatro-Cinema de Fafe, a partir das 21h30)