terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AMÉLIA FERNANDES: 25 ANOS DE POESIA


Maria Amélia Fernandes, conhecida como “Poetisa de Arosa”, acaba de comemorar os seus 25 anos de vida literária, no âmbito de uma sessão que teve lugar na sua freguesia natal e que contou com a presença de diversos amigos e individualidades, como o Presidente da Câmara de Guimarães, António Magalhães, a vereadora da cultura da Póvoa de Lanhoso, Fátima Moreira, o político e professor universitário Manuel Monteiro e o editor da obra, Barroso da Fonte. Na ocasião, foi apresentado o seu mais recente livro, O Céu, O Infinito e Eu.
A poetisa já por diversas vezes apresentou livros seus em Fafe, cidade a que está ligada por laços de amizade a diversos pessoas.
Nascida em 1956, antiga operária têxtil, hoje aposentada e licenciada em Estudos Artísticos e Culturais pela Universidade Católica, Amélia Fernandes subiu a vida a pulso. Publicou o seu primeiro livro, Ondas de Palavras em 1985 e a partir daí editou mais de uma dezena de obras poéticas e alguns livros dedicados à infância.
Tive o privilégio de prefaciar e apresentar alguns dos seus livros. Para este último, evocativo das suas “bodas de prata”, escrevi um breve texto que passo a transcrever.

UMA OBRA A PULSO

Falar da poetisa (abomino o conceito “poeta no feminino”…) Maria Amélia Fernandes é evidenciar, desde logo, uma amizade antiga e uma admiração permanente, que não cessa de aumentar.
Fui assistindo, desvelado e atento, à revelação de uma escritora de gabarito por debaixo de uma mulher aparentemente frágil mas denotando no quotidiano a fibra dos vencedores!
Acompanhei a aventura da publicação dos seus livros de poesia, que evidenciam um crescimento contínuo, fruto de um trabalho oficinal que se foi apurando de obra para obra. E já lá vai mais de uma dezena!...
Do mesmo modo, não deixo de exaltar os seus contos plenos de fantasia para crianças (de todas as idades) que acabam por ser o espelho do coração de uma mulher que se manterá eternamente jovem no seu interior radioso.
De operária, na vida real, a operária das palavras e das emoções foi um percurso que traçou com a naturalidade de quem faz do olhar o seu ofício de condenação às palavras.
De artesã se fez mestra: na vida, na formação académica, na poesia. É notória a sua evolução aos diferentes níveis.
A “Poetisa de Arosa”, como é carinhosamente reconhecida, é hoje uma feliz confirmação. Uma autora que se fez a pulso, livro a livro, sacrifício a sacrifício, tal como aconteceu com a vida da mulher que lhe dá o ser, que do nada se fez tudo.
A obra que o leitor tem entre mãos e que comemora jubilosamente os 25 anos da vida literária da autora, a partir da edição de Ondas de Palavras (1985), assume a sua maturidade literária.
Maria Amélia Fernandes apossou-se de uma panóplia de recursos literários e estilísticos que embelezam os seus poemas, adornando os seus sonhos, os seus anseios, as suas emoções, fazendo dos seus textos lugares apetecíveis de leitura e deleite literário. Já não há nas páginas que escreve apenas impulsos primários de uma alma em ebulição; há a serenidade ansiosa de um coração permanentemente em busca do seu rosto.
Na esteira de Eugénio de Andrade, que tanto amamos, não podemos deixar de evidenciar que “o acto poético é o empenho total do ser para a sua revelação”. O poeta é esse ser “sedento de ser”, que tem a nostalgia da unidade e o que procura nos seus versos luminosos é uma reconciliação, “uma suprema harmonia entre luz e sombra, presença e ausência, plenitude e carência”.
Os poemas seguintes são um grito lancinante e obsessivo de procura de um amor (im)possível, que se busca e que foge, que aparece e desaparece, que se sonha e se desespera, que se pinta com as cores do silêncio, da raiva e da luz. Um tratado sobre o amor, a sua paixão e a sua loucura, nas suas mais diversas cambiantes, que acaba por traduzir uma das tradições poéticas da história da literatura. Não há vida sem amor, como não há amor sem a agitação e o desassossego incessantes da vida.
Com estas palavras quero reiterar a afeição que cultivo há muitos anos pela vida e obra de Maria Amélia Fernandes, deixando-lhe nesta oportunidade um abraço de felicitações e um ramo de flores de enorme e festiva amizade.
Bem-haja por tudo o que tem feito pela poesia portuguesa!

2 comentários:

Unknown disse...

Boa noite Dr. Coimbra,
Os meus parabéns à Poetisa Amélia Fernandes, 25 anos de vida literária, festejados com o lançamento de mais um livro, é aquilo a que chamo de comemoração perfeita!

Deixo um beijinho com votos de que este Natal seja pleno de alegrias. Muita saúde, paz e amor para si e toda a família.

Ana Martins

ARTUR COIMBRA disse...

Cara Ana:
Obrigado pelas suas palavras. A Amélia já leva 25 anos; você acaba de "nascer" para a vida literária, e que belos são os seus poemas. Daqui a 25 anos, cá estaremos para festejar os seus muitos livros, assim esperamos.
Um beijo amigo para si e um abraço para o seu marido e filhos. Votos de um excelente Natal (e que em 2011 continue a sua carreira de promissora poetisa).
Artur Coimbra