Maria Amélia Fernandes, conhecida como “Poetisa de Arosa”, acaba de comemorar os seus 25 anos de vida literária, no âmbito de uma sessão que teve lugar na sua freguesia natal e que contou com a presença de diversos amigos e individualidades, como o Presidente da Câmara de Guimarães, António Magalhães, a vereadora da cultura da Póvoa de Lanhoso, Fátima Moreira, o político e professor universitário Manuel Monteiro e o editor da obra, Barroso da Fonte. Na ocasião, foi apresentado o seu mais recente livro, O Céu, O Infinito e Eu.
A poetisa já por diversas vezes apresentou livros seus em Fafe, cidade a que está ligada por laços de amizade a diversos pessoas.
Nascida em 1956, antiga operária têxtil, hoje aposentada e licenciada em Estudos Artísticos e Culturais pela Universidade Católica, Amélia Fernandes subiu a vida a pulso. Publicou o seu primeiro livro, Ondas de Palavras em 1985 e a partir daí editou mais de uma dezena de obras poéticas e alguns livros dedicados à infância.
Tive o privilégio de prefaciar e apresentar alguns dos seus livros. Para este último, evocativo das suas “bodas de prata”, escrevi um breve texto que passo a transcrever.
UMA OBRA A PULSO
Falar da poetisa (abomino o conceito “poeta no feminino”…) Maria Amélia Fernandes é evidenciar, desde logo, uma amizade antiga e uma admiração permanente, que não cessa de aumentar.
Fui assistindo, desvelado e atento, à revelação de uma escritora de gabarito por debaixo de uma mulher aparentemente frágil mas denotando no quotidiano a fibra dos vencedores!
Acompanhei a aventura da publicação dos seus livros de poesia, que evidenciam um crescimento contínuo, fruto de um trabalho oficinal que se foi apurando de obra para obra. E já lá vai mais de uma dezena!...
Do mesmo modo, não deixo de exaltar os seus contos plenos de fantasia para crianças (de todas as idades) que acabam por ser o espelho do coração de uma mulher que se manterá eternamente jovem no seu interior radioso.
De operária, na vida real, a operária das palavras e das emoções foi um percurso que traçou com a naturalidade de quem faz do olhar o seu ofício de condenação às palavras.
De artesã se fez mestra: na vida, na formação académica, na poesia. É notória a sua evolução aos diferentes níveis.
A “Poetisa de Arosa”, como é carinhosamente reconhecida, é hoje uma feliz confirmação. Uma autora que se fez a pulso, livro a livro, sacrifício a sacrifício, tal como aconteceu com a vida da mulher que lhe dá o ser, que do nada se fez tudo.
A obra que o leitor tem entre mãos e que comemora jubilosamente os 25 anos da vida literária da autora, a partir da edição de Ondas de Palavras (1985), assume a sua maturidade literária.
Maria Amélia Fernandes apossou-se de uma panóplia de recursos literários e estilísticos que embelezam os seus poemas, adornando os seus sonhos, os seus anseios, as suas emoções, fazendo dos seus textos lugares apetecíveis de leitura e deleite literário. Já não há nas páginas que escreve apenas impulsos primários de uma alma em ebulição; há a serenidade ansiosa de um coração permanentemente em busca do seu rosto.
Na esteira de Eugénio de Andrade, que tanto amamos, não podemos deixar de evidenciar que “o acto poético é o empenho total do ser para a sua revelação”. O poeta é esse ser “sedento de ser”, que tem a nostalgia da unidade e o que procura nos seus versos luminosos é uma reconciliação, “uma suprema harmonia entre luz e sombra, presença e ausência, plenitude e carência”.
Os poemas seguintes são um grito lancinante e obsessivo de procura de um amor (im)possível, que se busca e que foge, que aparece e desaparece, que se sonha e se desespera, que se pinta com as cores do silêncio, da raiva e da luz. Um tratado sobre o amor, a sua paixão e a sua loucura, nas suas mais diversas cambiantes, que acaba por traduzir uma das tradições poéticas da história da literatura. Não há vida sem amor, como não há amor sem a agitação e o desassossego incessantes da vida.
Com estas palavras quero reiterar a afeição que cultivo há muitos anos pela vida e obra de Maria Amélia Fernandes, deixando-lhe nesta oportunidade um abraço de felicitações e um ramo de flores de enorme e festiva amizade.
Bem-haja por tudo o que tem feito pela poesia portuguesa!
2 comentários:
Boa noite Dr. Coimbra,
Os meus parabéns à Poetisa Amélia Fernandes, 25 anos de vida literária, festejados com o lançamento de mais um livro, é aquilo a que chamo de comemoração perfeita!
Deixo um beijinho com votos de que este Natal seja pleno de alegrias. Muita saúde, paz e amor para si e toda a família.
Ana Martins
Cara Ana:
Obrigado pelas suas palavras. A Amélia já leva 25 anos; você acaba de "nascer" para a vida literária, e que belos são os seus poemas. Daqui a 25 anos, cá estaremos para festejar os seus muitos livros, assim esperamos.
Um beijo amigo para si e um abraço para o seu marido e filhos. Votos de um excelente Natal (e que em 2011 continue a sua carreira de promissora poetisa).
Artur Coimbra
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