quarta-feira, 25 de maio de 2011

É importante pensar serenamente sobre o hino de Fafe

1. Há pouco mais de um mês, a Banda de Golães prestou justa homenagem ao Padre António Coelho de Barros e a outros benfeitores desta centenária colectividade, durante uma colorida gala que decorreu no Teatro-Cinema da nossa cidade.
E pelo que a imprensa local relatou, o espectáculo culminou com a interpretação de uma nova versão do hino de Fafe. Ou com um novo hino de Fafe, não sabemos bem.
Qualquer fafense acaba por ficar um pouco confuso com estas novas. Conhecia-se já um hino de Fafe, com letra de Euclides Sotto Mayor e música de José Maciel, embora outro hino seja mencionado, pelo menos, com letra de Inocêncio Carneiro de Sá (a música será do seu irmão Álvaro). Este, pelo que sei de mim, nunca o ouvi.
A melodia do hino da dupla Euclides Sotto Mayor/ José Maciel é conhecida há muitos anos e tem sido interpretada em diferentes ocasiões e cerimónias. Foi como que cooptada pela tradição fafense, até pela conceituada autoria que a chancela. A letra é igualmente famosa e anda na ponta da língua de muitos amantes da sua terra, até porque exalta e enaltece os valores, a identidade e o ego colectivos dos fafenses, como todos os hinos devem fazer:

I
A nossa terra é formosa
Como ela não há igual
É a mais perfeita rosa
Das terras de Portugal

Terra formosa que as mais
Escureces com tantos brilhos
Viste nascer nossos pais
Verás nascer nossos filhos

CORO:

Fafe querido é sem favor
Jardim florido do nosso amor
Ergue-te tanto a nossa voz
És o encanto de todos nós

II
Se o Minho é terra de fama
Duma estranha sedução
Esta terra que a gente ama
É do Minho o coração

Terra de sol e de flores
De risos e de alegrias
És berço dos meus amores
E das lindas romarias

2. Havendo já um hino, que não sendo “oficial” (não há um hino oficial de Fafe, ao que se sabe), é o mais tradicional e conhecido desde há décadas, faz sentido um segundo (ou terceiro) hino, novo ou em nova roupagem, o que quer que isso seja?
Poderá fazer, ou não. Claro que um hino, embora adoptado por um grande número de fafenses e tendo abrilhantado cerimónias e sessões, só por si não representa nada nem ninguém.
Claro é igualmente que um novo hino, a concretizar-se, se é do que estamos a falar, não pode ser apenas uma melodia, uma partitura. Um hino (nacional ou local) é um todo harmonioso, que casa naturalmente uma letra e uma música. Não há hinos só de música, como não os há apenas vestidos com um poema. Uma moeda completa-se obrigatoriamente com as duas faces. Ou não se chama moeda.

3. Chegados a esta fase, importa começar a meditar sobre esta matéria. Não sabemos quem superintende no assunto, talvez a Câmara e a Assembleia Municipal, mas impõe-se definir, se nisso houver interesse, obviamente, se importa haver um hino oficial do município. E, em caso afirmativo, decidir se se deve adoptar o hino já existente e que a tradição “consagrou”, a que acima se aludiu. Ou se deve ser aberto um concurso de ideias para a criação de um hino que identifique o povo fafense, para posterior aprovação e consagração como “hino oficial” de Fafe.
Julgamos que é um debate que se deve abrir, com serenidade, com elevação e com sentido de sadio bairrismo, como é timbre histórico dos fafenses!

(texto que reproduz, no essencial, o artigo publicado no jornal Povo de Fafe, em 21 do corrente)

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