A cidade de Fafe viveu estes últimos três dias as tradicionais Festas em honra de Nossa Senhora de Antime, adoptadas desde há muito como as festas do concelho.
Na sexta-feira, as coisas não correram pelo melhor, devido às condições climatéricas desfavoráveis, pesem as boas prestações dos jovens cantores do programa “Uma Canção para Ti” amigos da nossa Margarida Costa e a revelação fafense do “Progecto Aparte” (banda de Fornelos). Os fados foram cantados no Teatro-Cinema, numa boa alternativa para a chuva que se fazia sentir na cidade.
A noite de sábado, juntou alguns grupos folclóricos na Praça 25 de Abril, num bom espectáculo promovido pela Rancho Folclórico de Fafe e que acabou por juntar uma boa mole humana, dada a noite agradável que se fez sentir.
A partir das 22h30, a Praça Mártires do Fascismo registou uma agradável assistência para assistir a um excelente espectáculo de uma das revelações musicais portuguesas dos últimos meses, os “Deolinda”, da cantora Ana Bacalhau.
Seguiu-se um magnífico espectáculo de água, música, luz e pirotecnia, “Águas Dançantes” que a organização teve o bom gosto e o bom senso de colocar na mesma praça onde tinha acabado o concerto principal das festas.
Domingo foi o dia maior das festas, como é sempre.
Indubitavelmente, a procissão que, pela manhã, enxameia a estrada e ruas entre a igreja paroquial de Antime e a Igreja Nova de S. José, na cidade, constitui a maior demonstração de religiosidade, de fé e de sacrifício que seja possível imaginar. A procissão é porventura o maior ajuntamento de pessoas que acontece em Fafe, sendo a manifestação humana mais participada, por incontáveis milhares de romeiros.
Este ano não fugiu à regra e a tradição cumpriu-se religiosamente. Está tudo dito.
O resto já se conhece e se reitera: um incrível ritual da fé imensa, da devoção incontida, da emoção que toma os corações de milhares e milhares de romeiros que serpenteiam as estradas e ruas de Antime para Fafe, muitos descalços (o que acontece com os pegadores do andor), seja para cumprir promessas feitas em momentos de desespero e de perdição, esgotados outros meios humanos ou científicos, normalmente relacionados com doenças ou “apertos” na vida individual ou familiar, seja “porque gostam” de ir na procissão, por fé e sentido de espiritualidade.
Momento comovedor da procissão é o que se passa sobre a ponte de S. José, no encontro das comitivas que vão de Fafe para Antime e de Antime para Fafe e se encontram e saúdam no meio de milhares incontáveis de fiéis e de curiosos, na fronteira entre as duas paróquias limítrofes. É o encontro amistoso da imagem de Nossa Senhora de Antime e da imagem de Nossa Senhora das Dores, ida de Fafe, com os respectivos “séquitos”. O momento alto acontece quando as imagens se postam frente a frente e fazem uma pequena vénia mútua, em sinal de saudação, momento de emoção e até lágrimas de romeiros mais sensíveis, saudado com palmas e “vivas” e o estralejar de foguetório, de alegria pela visita de uma imagem mariana extremamente querida às gentes fafenses.
O cumprimento das duas imagens, no limite das freguesias, deve ser entendido como a afirmação de um gesto protocolar de recepção e boas-vindas por parte de Fafe à sua convidada de Antime. A partir daí a Senhora é de Fafe. Ainda que por algumas horas, até ao final da tarde, dado que tem de entrar na igreja de Antime antes do sol por.
Enfim, o que surpreende, numa altura de acentuada secularização e afastamento da Igreja por parte de muitos cidadãos, é que, anualmente, o número de participantes na procissão não diminui, antes pelo contrário, numa manifestação acrescida de fé e religiosidade popular.
No domingo à noite (em vez da segunda-feira), pela primeira vez nos últimos anos, realizou-se a majestosa marcha luminosa pelas ruas da cidade.
Antes desse momento, e durante 20 minutos, a partir do Jardim do Calvário, uma brilhante e esplendorosa sessão de fogo de artifício encantou milhares de pessoas que se espalharam pelas ruas centrais da cidade. Foi uma das sessões mais conseguidas dos últimos anos.
Seguiu-se a tradicional marcha luminosa, que este ano atingiu grande nível, com cerca de uma dezena de carros alegóricos e uma soberba participação de grupos locais como a Associação Cultural e Recreativa e Social de Regadas, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Silvares S. Martinho e a secção de patinagem artística do Grupo Nun’Álvares.
De resto, interessantes carros alegóricos, grupos de samba (se calhar, dispensáveis), fanfarras, grupos folclóricos e diversos números que animaram os “festeiros” durante mais de uma hora.
Está de parabéns globalmente a Naturfafe que teve o apoio do município e de instituições locais.
Fotos: Manuel Meira Correia
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