A segunda edição, revista e aumentada, da minha obra Major Miguel Ferreira – Uma Lição de Liberdade, vai ser apresentada na Biblioteca Municipal de Fafe, no próximo dia 22 de Julho (sexta-feira), a partir das 21h30.
Na ocasião, o investigador e meu amigo Artur Sá da Costa, vai enquadrar o movimento de oposição ao Estado Novo “Democratas de Braga”, de que Miguel Ferreira (1878-1961) foi um precursor.
A oportunidade para o relançamento desta obra, editada inicialmente pela CMF em 1995 e agora reeditada pela mesma entidade, não poderia ser mais adequada: estamos em plena comemoração do centenário das Constituintes de 1911, que legaram ao país a primeira Constituição saída da Revolução de 5 de Outubro de 1910. De igual forma, passou há poucos meses o cinquentenário do falecimento desta personalidade maior da história recente, não apenas de Fafe mas do distrito e do próprio país.
Sendo a mesma, esta é uma obra diferente, mais rica de conteúdo e de informação, sendo acrescentada com mais meia centena de páginas.
Com o recurso a mais funda investigação e à leitura da preciosa imprensa local, conseguimos ampliar consideravelmente os capítulos da vida de Miguel Ferreira, sobretudo o relativo ao período da 1ª República (1910-1926).
Indefectível republicano, Miguel Ferreira integrou a Carbonária, onde chegou a fabricar bombas, para colaborar na destruição do regime monárquico. Foi membro da comissão municipal republicana ainda no tempo da monarquia.
Logo após o 5 de Outubro, foi Vereador da Câmara de Fafe e depois presidente do Senado Municipal, em 1914.
No quadro do tempo republicano, exerceu por duas vezes o cargo de deputado ao Parlamento, primeiro entre 1911 (em que foi constituinte…) e 1915 e depois entre 1919 e 1921.
Entretanto, foi voluntarioso combatente na Flandres, no final da 1ª Grande Guerra Mundial. De igual forma, foi Comandante da GNR por mais de uma vez e Governador Civil nos meses finais da 1ª República, além de Comandante do regimento de infantaria 20.
Instaurada a ditadura, manteve-se o Major Miguel Ferreira na primeira linha do combate pela restauração das liberdades.
Como resistente, participou activamente na primeira revolta contra a Ditadura Militar (3 de Fevereiro de 1927) e consequentemente, como tantos outros combatentes, foi obrigado ao exílio por alguns anos.
Miguel Ferreira participou depois nos grandes momentos da resistência ao Estado Novo, sendo líder distrital do Movimento de Unidade Democrática, MUD (1945-1948) e das campanhas para a Presidência da República do General Norton de Matos, em 1949 e do General Humberto Delgado, em 1958, ano em que foi objecto de uma grandiosa e merecida homenagem nacional, em Braga, a propósito dos seu 80º aniversário.
No ano seguinte, teve a coragem de ser o primeiro subscritor do manifesto “Aos portugueses”, vulgarmente apelidado de “Vai-te embora António”, em que mais de duzentos resistentes tiveram a audácia de pedir a demissão do ditador Oliveira Salazar, sujeitando-se às maiores punições, o que não veio a acontecer, por razões de que se fala na obra.
Ilustrada com inúmeras fotografias da época e recortes da imprensa local e nacional, Major Miguel Ferreira – Uma Lição de Liberdade, estende-se por 168 páginas e inclui depoimentos, vindos da edição inicial, de conhecidos resistentes ao fascismo, como Mário Soares, Maria Miquelina Summavielle, Victor de Sá e Armando Bacelar, entre outros.
Convido, naturalmente, os leitores do meu blogue a assistir à sessão e a ler a obra, para se conhecer essa personalidade fascinante de republicano, democrata e anti-fascista!
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