Foto de conjunto, em Santa Rita |
Há alguns dias, os alunos dos cursos EFA da Escola Secundária de Fafe, acompanhados pelos respectivos professores, percorreram o roteiro camiliano em Fafe.
Tive o privilégio de acompanhar e “guiar” a visita e fiquei surpreendido (ou talvez nem tanto…) pelo facto de diversos alunos, e até docentes, habitando em Fafe, nunca terem ido à Casa do Ermo ou a Santa Rita, ficando assim admirados pelo valor e pela beleza daqueles locais (e de outros que integraram o percurso, e de que daremos conta em futuro post).
Tal facto fez-me voltar a uma verificação antiga, qual seja a de que os fafenses não conhecem verdadeiramente a sua terra, não penetram na sua formosura, nos seus lugares de eleição, nos seus recantos de excelência natural, ou construída.
Muitos de nós vangloriam-se das viagens que fizeram a terras distantes, a locais exóticos, ou orgulham-se de terem visitado os museus de Paris, os monumentos de Madrid ou as catedrais de Varsóvia. O que é estrangeiro é que é bom, ao contrário do que a nossa publicidade tenta fazer acreditar! O que é internacional é que é bonito, atraente, digno de uma visita, para a concretização da qual muitos gastam o que têm e o que não têm, ao que se ouve dizer!
Mas não é isso o que está em causa, porque as finanças de cada um só a cada um dizem respeito. E se deve ou deixa de dever, não é a nós que compete pagar!
O que gostaria de deixar evidenciado nesta crónica é que não se entende que tantos dos que eventualmente nos lêem se ufanam de conhecer mundos e fundos, de terem ido para aqui e para acolá e não conhecem, afinal, a sua terra, o que está à sua volta. Viajam pelos países europeus ou americanos, em busca de emoções e de belezas importantes mas não descobriram ainda, não se sabe porquê, que em seu redor há inúmeros motivos de interesse a desbravar. Demasiados fafenses, por certo, já viajaram pelo mundo mas nunca saíram para fora cá dentro – passe a publicidade – ao encontro do que Fafe tem de singular e de belo e que, seguramente, não se consegue descobrir em outros lugares.
Quantos fafenses já visitaram a Torre Eifell mas nunca foram ver a Central Hidroeléctrica de Santa Rita, uma das mais interessantes montras de equipamentos de produção eléctrica dos primeiros anos do século XX?
Quantos já se deslocaram à Grécia, antes da crise, para descobrir o berço da civilização europeia, mas nunca quiseram saber dos primórdios da civilização fafense, patente nos monumentos megalíticos do norte do concelho, nas antas e nas mamoas, ou na civilização castreja, de que é paradigma o castro de Santo Ovídio, às portas da cidade?
À entrada da Quinta do Ermo, em Paços, falando de Camilo e de Vieira de Castro |
Quantos fafenses – não residentes em Arões – já visitaram, por exemplo, a Igreja Românica da freguesia, único monumento nacional do concelho e – segundo os especialistas – um dos mais belos exemplares da arte românica do noroeste português?
Quantos já visitaram o Museu da Imprensa? Ou a Igreja Matriz? Ou o Solar da Luz? Ou as pontes medievais? Ou a memória de Camilo, patente em edifícios e lugares? Ou as magníficas paisagens de Moreira do Rei ou de Várzea Cova, ou os miradouros de São Salvador ou de Santa Marinha? Ou esse espectáculo de recuperação arquitectónica que é a Aldeia do Pontido, em Queimadela?
Muitos não conhecem minimamente a sua terra, mas fazem gala de já terem estado no Morro do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro ou de terem jantado na Quinta Avenida em Nova Iorque.
Todos têm direito, obviamente, a irem onde quiserem, desde que as possibilidades económicas o permitam. Entendo é que, paralelamente, não devemos deixar de conhecer o que está mais próximo de nós. Porque só se ama de verdade o que se conhece. E para gostarmos da nossa terra temos que a conhecer, em profundidade.
O apelo que faço é para que os fafenses comecem a descobrir e a apreciar melhor a sua terra, que tem muitas e muitas fontes de beleza e motivos de interesse. Aproveitem para isso as férias, os feriados, os fins-de-semana, as “pontes” e outras oportunidades de lazer. E sejam felizes!
(Texto publicado na rubrica "Escrita em Dia" do jornal Povo de Fafe, de 01 de Julho de 2011)
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