terça-feira, 19 de abril de 2011

Artista fafense Fernanda Aguiar expõe na Junta de Freguesia de Santo Tirso

Terminada a exposição retrospectiva que manteve no Club Thyrsense, entre os dias 2 e 16 de Abril, a notável artista fafense e minha antiga professora e imensa amiga Fernanda Aguiar abriu hoje uma exposição de pintura de arte sacra na sede da Junta de Freguesia de Santo Tirso, a qual vai manter-se patente até ao dia 7 de Maio.
Fernanda Aguiar expõe desde há década e meia e conta já no seu rico currículo com dezenas de exposições artísticas, individuais e colectivas, em diferentes locais do país.
O catálogo desta exposição recupera um texto que tive o maior gosto em produzir há dois anos e que aqui reproduzo.


OS CAMINHOS FABULOSOS DA ARTE SACRA

Tendo embora despontado tardiamente para a pintura, a vocação artística de Fernanda Aguiar radica na infância mais luminosa. Porém, como acontece a tanta gente, a artista apenas começou a pintar e a expor quando terminou a sua competente carreira profissional de docente do ensino básico.
Criados os filhos, com tempo disponível e com o talento latente na alma, a artista existente em Fernanda Aguiar despertou, desocultando a sua força e energia interiores, moldadas por uma profunda sensibilidade, só ao alcance dos eleitos. Frequentou oficinas de formação, experimentou, copiou, criou, desapertou amarras e lançou asas rumo à auto-realização.
É hoje uma das pintoras que mais evoluiu nos pontos de vista técnico e artístico, assumidamente no sentido de uma maior segurança e maior equilíbrio do seu “saber fazer”. Não cessa de surpreender os seus admiradores – entre os quais nos contamos, desde há muitos anos – pela capacidade de permanente inovação e actualização.
Depois de um interessante percurso por diversas temáticas, que passaram pela “alma e a respiração da Natureza”, pelo retrato, enfim, pela figuração em tons plurais e sempre sedutores da vida, nos seus cantos e encantos, Fernanda Aguiar embrenha-se, nesta exposição, nos caminhos fabulosos da arte sacra. Situações da sua vida particular levaram-na a refugiar-se, obsessivamente, durante alguns meses, na pintura de anjos, santos, cristos, quadros bíblicos e outras matérias afins. E ainda bem que assim foi, diremos, paradoxalmente, pois o momentâneo fascínio pelo tema resultou, brilhantemente, num conjunto de obras de arte de alto gabarito, quer na reprodução de passagens relevantes dos Livros Sagrados, quer no cunho pessoal que empresta à maioria das obras, recriando-as com a sua alma de artista, como é possível admirar na presente mostra.
A exposição aqui fica, para que os visitantes a possam desfrutar, nas suas próprias leituras e interpretações, na sua espiritualidade ou na falta dela.  Que não é necessário ser religioso para apreciar a arte sacra, no seu esplendor!...
Sem dúvida que estamos em presença de uma artista que não nos cansamos de bendizer: como o vinho do Porto, está cada vez mais saborosa para se apreciar!...

Artur F. Coimbra


Sem comentários: