domingo, 27 de novembro de 2011

Livro de Augusto Fera encheu a Biblioteca Municipal de Fafe


Na tarde de sábado, 26 de Novembro, a Junta de Freguesia de Fafe promoveu a apresentação, na Biblioteca Municipal da cidade, da obra Cruz de Chumbo e Outros Poemas (176 p.) do poeta Augusto Fera, edição organizada e prefaciada por Artur F. Coimbra, presidente do Núcleo de Artes e Letras de Fafe e editada pela autarquia.
A sala encheu de familiares, conterrâneos e amigos de Augusto Ferreira, seu nome de baptismo, poeta invisual, natural de Armil (1939) e residente na zona da Fábrica do Ferro, que concretizou assim, através da louvável iniciativa da Junta fafense, o sonho de editar um livro de poesia, que compila a sua produção literária de meio século, a partir de 1961.
Além de inúmeros fafenses, marcaram a sua presença o Padre Mário de Oliveira, o célebre “Padre Mário da Lixa”, bem como o Dr. Adelino Loureiro, administrador da Fábrica de Fiação e Tecidos de Fafe, onde Augusto Ferreira trabalhou como telefonista desde 1963 e durante três décadas.
A obra foi apresentada pelo organizador, Artur Coimbra, que leu alguns excertos do prefácio feito expressamente para Cruz de Chumbo e Outros Poemas e onde refere, a propósito do projecto de vários anos para a publicação da poesia de Fera, que muito admira: “A oportunidade acaba de surgir com a iniciativa do Presidente da Junta de Freguesia de Fafe de editar a obra de Augusto Fera num único volume. Bem andou José Mário Silva (mais uma vez…) em concretizar esta aspiração sua (que sempre foi também nossa…) de homenagear um poeta até agora impublicado em livro e que nos habituámos a fruir, lentamente, à medida que o seu estro ia debitando poemas para as páginas dos ansiosos jornais.
Um poeta popular que faz parte da identidade literária fafense, sem dúvida! E que agora, finalmente, vê a luz da publicação, apesar da sua repetida renitência em o fazer…”.
Augusto Ferreira, um poeta maior das nossas letras, apesar da sua humildade, publicou, nos últimos 50 anos, primeiro com o seu nome de baptismo, depois com os pseudónimos “Augusto de Armil”, relativo à sua freguesia de origem e, a partir de 1 de Janeiro de 1972, Augusto Fera (primeira e última sílaba de Ferreira), largas dezenas de quadras e sonetos.
Augusto Fera, sendo invisual e detendo apenas a antiga quarta classe do ensino básico, denota uma cultura geral muito acima da média, assinalada por um conhecimento profundo da mitologia greco-latina e dos autores clássicos.
Mas não só: a linguagem literária de que o poeta lança mão, na sua multiplicidade de recursos, é de todo assinalável. Estamos em presença de uma voz absolutamente cuidada, com a maior preocupação de uso de figuras de estilo e de um vocabulário rico, meditado e trabalhado.
A obra, de notadora de uma sensibilidade notável, está organizada em cinco módulos, com os títulos “Cruz de Chumbo”, “Poemas Soltos”, “Remígios”, “Versos Diversos” e “Versos Premiados”. Inclui excelentes ilustrações dos artistas locais J. J. Silva e Filipe Sampaio.
Visivelmente emocionado, o poeta não quis falar, delegando no seu filho Filipe a tarefa de exarar os mais amplos agradecimentos a quem contribuiu para a concretização do sonho do poeta.
No final, o presidente da Junta de Freguesia, José Mário Silva, congratulou-se com a concretização da edição da obra e falou das suas memórias dos tempos em que Fera habitou (tal como ele) na miserável rua da Ponte do Ranha, em que foi seu “mestre” e participante em jogos de dominó, altura em que já ansiava a publicação do seu livro Cruz de Chumbo, que finalmente viu a luz da edição, juntamente com a maioria dos poemas que escreveu nas décadas seguintes!...
Foi o vigésimo livro a ser apresentado este ano em Fafe. Apenas um não é de autores fafenses ou de temática local.
Um estrondo, sem qualquer dúvida!...
Parabéns à Junta de Freguesia de Fafe por esta excelente iniciativa de publicar, homenagear e reabilitar um dos grandes poetas fafenses vivos, Augusto Fera!...
Um poeta que merece ser lido, meditado e exaltado!...
Seguem-se fotografias da autoria de Jesus Martinho, um grande fotógrafo, que acompanhou a par e passo a sessão de apresentação da obra!












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