Comemorou-se este 9 de Maio, mais uma vez, o Dia da Europa. Este ano, a efeméride coincide com a eleição do novo presidente da República Francesa, o socialista François Hollande, que acaba de protagonizar um projecto de esperança para uma Europa exangue em consequência de medidas absolutamente estúpidas de uma política de terra queimada ditada pela especulação financeira internacional.
Afinal, depois de o capitalismo internacional nos ameaçar de anos intermináveis de austeridade em cima de austeridade, com as sequelas do avolumar do desemprego e da perda do poder de compra da classe média, que os políticos europeus estão empenhados em fazer desaparecer, vá-se lá saber porquê (esfumando-se a classe média, quem é que vai sustentar as reformas dos aposentados, os subsídios de desemprego, as mordomias dos políticos, os subsídios sociais dos que não querem trabalhar, as 5 milhões de isenções das taxas moderadoras da saúde e tantas outras taxas, tarifas e impostos que os contribuintes suportam, enquanto existem?), de repente, a eleição de um socialista para a liderança da República francesa trouxe uma lufada de ar fresco ao espaço europeu e a Portugal, obviamente. Já todos estávamos asfixiados e fartos dos beijos sebentos do Sarkozy e da Merkel, e das curvaturas servis de Passos e companhia.
Fico com a sensação de que a Europa estava à espera de que fosse um povo, o francês, a pátria lídima da liberdade e da Revolução, a dar o “grito” no sentido de que basta de austeridade, de pisar e amesquinhar os direitos e as perspectivas de milhões de cidadãos, em nome de “ajustamentos”, de “assistências” e de “défices”.
E os franceses (todos os europeus foram franceses este domingo…) escolheram, não a eternização dos programas de austeridade, que conduzirão a Europa à depressão e ao caos, mas o sentido da inversão em favor do crescimento económico e do emprego, que apoie os cidadãos e as famílias.
De repente, os obtusos líderes europeus, tão afanosos em defender as “troikas” da exploração capitalista, passaram a acolher a agenda do crescimento e do emprego.
Temos agora, por via da vitória do presidente socialista francês, fundada esperança de que a Europa mude o seu discurso e a sua prática política!... E também cá entre nós, obviamente!
É por isso que o Dia da Europa de 2012, sendo igual, é bastante diferente, dotado de mais esperança e maior expectativa que os anteriores. E a “culpa” é de um socialista e de um povo que apostou nele para inverter o ciclo da austeridade capitalista! Ainda bem.
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