sexta-feira, 24 de maio de 2013

Uma obra de vez em quando: “O filho de mil homens”, de Valter Hugo Mãe


 
Valter Hugo Mãe é um dos mais consagrados escritores portugueses da nova geração.
Nasceu em Angola em 1971. Passou a infância em Paços de Ferreira e, actualmente, reside em Vila do Conde.
É licenciado em Direito e pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.
É autor de diversos livros de poesia, reunidos na colectânea Contabilidade (em 2010), de antologias poéticas e de romances que o projectam na cena literária portuguesa da actualidade.
Além disso, escreveu quatro livros ilustrados para o público infanto-juvenil, é vocalista do grupo musical Governo e esporadicamente dedica-se às artes plásticas.
Os quatro primeiros romances de Valter Hugo Mãe, nome artístico do escritor Valter Hugo Lemos, formam uma tetralogia que percorre, através de personagens distintas, o tempo completo da vida humana, da infância à velhice. Falamos de O nosso reino (2004), o remorso de baltazar serapião, vencedor do Prémio José Saramago (2006) o apocalipse dos trabalhadores (2008) e a máquina de fazer espanhóis (2010), Grande Prémio Portugal Telecom de Literatura.
Ao quinto romance, deixou de grafar o seu nome em minúsculas e assinou o mais delicado e afectivo dos seus livros, com o título O filho de mil homens.
Trata-se de um romance que inicia um novo ciclo na sua criação literária e se encontra marcado pelo grande desejo da paternidade e da família.
Esta é a história de Crisóstomo que, chegando aos quarenta anos, lida com a tristeza de não ter tido um filho. Do sonho de encontrar uma criança que o prolongue e de outros inesperados encontros, nasce uma família inventada, mas tão pura e fundamental como qualquer outra.
As histórias do Crisóstomo e do Camilo, da Isaura, do Antonino e da Matilde mostram que para se ser feliz é preciso aceitar ser o que se pode, nunca deixando contudo de acreditar que é possível estar e ser sempre melhor. As suas vidas ilustram igualmente que o amor, sendo uma pacificação com a nossa natureza, tem o poder de a transformar.
Tocando em temas tão basilares à vida humana como o amor, a paternidade e a família, O filho de mil homens exibe, como sempre, a apurada sensibilidade e o esplendor criativo de Valter Hugo Mãe.
São mais de 250 páginas de puro prazer literário e de afirmação de um notável escritor português, que chegou a afirmar que cresceu a escrever muito, mas não achava que ser escritor era algo que pudesse ser. “Eu escrevia para mim, para fazer a manutenção dos meus dias, para suportar os meus dias” – referiu, no Brasil, ao agradecer o Grande Prémio Portugal Telecom 2012.
Ainda bem que passou a escrever para um público mais vasto, em diversos países, que o lê e o admira.
É um dos valores maiores da nova literatura portuguesa!
Boas leituras!

Sem comentários: