A minha obra Desafectos ao Estado Novo – Episódios da Resistência ao Fascismo em Fafe, na sua 3ª edição, revista e aumentada, vai ser apresentada ao público esta sexta-feira, 11 de Maio, pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Fafe.
Inicialmente publicada em 2003, por iniciativa da Junta de Freguesia de Fafe e com segunda edição no ano imediato, a obra Desafectos ao Estado Novo – Episódios da Resistência ao Fascismo em Fafe inclui nesta edição alguns acrescentos a nível de texto e de imagem, que a enriquecem relativamente às anteriores.
Para o autor, não deixa de constituir uma enorme alegria, porquanto é o seu primeiro livro a atingir este patamar, fruto certamente da procura e da divulgação e expansão que tem tido ao longo dos últimos anos, não apenas em Fafe, mas um pouco pelo país, para onde foi sendo enviada pela autarquia. Honra-me de sobremaneira ter este livro referenciado na bibliografia de obras de ilustres investigadores do Portugal do século XX, como José Pacheco Pereira e Irene Flunser Pimentel (Prémio Pessoa 2007 e autora de obras fundamentais sobre o Estado Novo, de que é paradigma a gigantesca A História da PIDE, desse mesmo ano).
O objectivo fundamental da obra é relatar alguns episódios do que foi a resistência ao fascismo em Fafe, entre 1926 e 1974, em função das fontes documentais e dos testemunhos orais que foi possível reunir, num encontro promovido pelo autor com dezenas de antifascistas há duas décadas.
Com a devida contextualização como base no ambiente que se vivia a nível nacional e que foi recolhido na consulta de obras de referência historiográfica, foram passados em revista, cronologicamente e com a maior objectividade possível, o que foram esses anos, a partir das primeiras manifestações da resistência à Ditadura Militar, em Fevereiro de 1927, em que participaram militares fafenses, como o Major Miguel Ferreira, António Saldanha e o Tenente José Campos de Carvalho, até às últimas eleições do regime fascista, realizadas em 1969, sob a vigência de Marcelo Caetano.
Nos anos 30, destacam-se as primeiras levas de presos políticos em Fafe, sobretudo a partir de 1936, avultando ainda o combate político do jornalista José Manuel Teixeira e Castro para prosseguir o seu trabalho contra a censura e em defesa dos seus jornais.
Já na década seguinte, aborda-se a problemática do MUDJuvenil em Fafe, fala-se da famosa luta pelo pão, do encerramento político do Externato de Fafe na Rua Montenegro (1948), após duas décadas de funcionamento e das manifestações de apoio à candidatura do General Norton de Matos à presidência da República (1949). Lugar ainda para a evocação de uma experiência deveras interessante que foi a de uma biblioteca clandestina e de uma cooperativa de pedreiros nos finais dos anos 40.
Nos anos 50, avulta o assassínio pela PIDE do fafense Joaquim Lemos Oliveira, “Repas”, a vítima maior do regime deposto em 25 de Abril. Fala-se ainda da grande homenagem distrital ao Major Miguel Ferreira, das eleições presidenciais de 1958, em que participou o General Humberto Delgado e, finalmente, do documento cujo primeiro subscritor era o Major Miguel Ferreira e que afrontava directamente Salazar, desafiando-o o demitir-se.
Nos anos 60/70, já no declínio do regime, avultam a guerra colonial, a emigração e as eleições de 1969.
Esta obra tem ainda lugar para a evocação do lápis azul da censura e os seus reflexos no jornal local O Desforço, bem como para a recordação de diversos rostos que foram tecendo a longa e corajosa teia da resistência ao fascismo em Fafe.
Uma palavra ainda para os míticos espaços onde a oposição mais se exerceu, como a Fábrica do Ferro, o Café Avenida, o Teatro-Cinema e a casa do Major Miguel Ferreira, em Antime.
Finalmente, alguns textos sobre a resistência e a emergência do 25 de Abril, no país, como em Fafe.
A obra inclui ainda testemunhos, depoimentos e artigos do Professor Emídio Guerreiro, Francisco Oliveira Alves, António Teixeira e Castro, Parcídio Summavielle, Domingos Gonçalves, Paula Nogueira e João Baptista Alves da Mota.
A obra é desde o início a homenagem do autor, como assumido “filho de Abril”, àqueles fafenses de outrora que sacrificaram as suas vidas, os seus bens, a sua família, os seus trabalhos, a sua liberdade, ao serviço do bem comum, de um país melhor e mais respirável e que culminaria, luminosamente, no dia 25 de Abril de 1974, com a restauração da liberdade e da democracia em Portugal!
1 comentário:
Dr. Artur Coimbra, boa noite!
É sem dúvida uma obra rica e de grande valor para os filhos da terra e não só. É parte da nossa história narrada e documentada.
Parabéns!
Beijinho,
Ana Martins
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