A Primeira República em Fafe – Elementos para a sua história é uma obra de investigação histórica que vai ser apresentada esta sexta-feira, 12 de Outubro, no salão nobre do Teatro-Cinema de Fafe, a partir das 21h30. A entrada é livre.
São seus autores os historiadores Artur Ferreira Coimbra, Daniel Bastos e Artur Magalhães Leite.
A obra tem prefácio de Maria Alice Samara, premiada investigadora do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que estará presente na sessão de lançamento.
A edição é do Núcleo de Artes e Letras de Fafe e conta com o apoio do Município e da Junta de Freguesia de Fafe.
Tudo começou, há dois anos, quando, no âmbito das celebrações do Centenário da República, o Núcleo de Artes e Letras de Fafe promoveu um Curso Livre de História Local, sob o tema “O concelho de Fafe durante a Primeira República (1910-1926)”.
A acção decorreu entre 07 de Outubro e 18 de Novembro de 2010, na Biblioteca Municipal e teve como propósito basilar proporcionar ao público em geral um melhor conhecimento sobre um período histórico fundamental na afirmação e desenvolvimento do concelho de Fafe. Nesse sentido, o curso, numa óptica local e pluridisciplinar, procurou ser ainda um espaço de actualização e reflexão crítica sobre a realidade do concelho na Primeira República.
A verdade é que o curso suscitou uma apreciável adesão por parte do público interessado, a grande maioria docente de diferentes graus de ensino e escolas do município, com mais de meia centena de participantes regulares nos sete módulos que se distribuíram por outras tantas semanas.
A obra que o leitor tem entre mãos assume como ponto de partida a matéria apresentada ao longo daquele curso, naturalmente mais organizada, aprofundada e dotada de uma coerência que a oralidade não permite, acrescentada com dois ou três temas que enriquecem e diversificam o conteúdo.
Do índice, além do prefácio, podem referir-se os seguintes capítulos (e respectivos autores):
A I República Portuguesa (1910-1926) – Uma “nova versão” do Liberalismo – Artur Coimbra
As raízes republicanas no concelho de Fafe – Daniel Bastos
Fafe em 1910 – Breve retrato – Artur Coimbra
A Proclamação da República em Fafe – Artur Coimbra
Momentos e legado da I República em Fafe – Artur Coimbra
O governo local (1910-1926) – Artur Coimbra
A contra-revolução monárquica em Fafe 1911-1919 (Das incursões couceiristas à Monarquia do Norte) – Artur Coimbra
O concelho de Fafe durante a I Grande Guerra Mundial – Daniel Bastos
As mulheres da I República em Fafe – Daniel Bastos
Ensino e escolas na I República, em Fafe – Artur Magalhães Leite
O associativismo na I República – Artur Coimbra
O jornalismo na I República – Artur Coimbra
Figuras referenciais da I República em Fafe – Artur Coimbra
As ruas da República – Artur Coimbra
Imagens da I República
Não pretendendo esgotar a história da I República em Fafe, já que muito fica ainda por dizer, aqui se deixam as linhas gerais do impacto que teve aquele fracturante período histórico do Portugal Contemporâneo neste município minhoto, a meio caminho entre o litoral e o interior, numa investigação que teve como socorro privilegiado o fundo do Arquivo Municipal e a imprensa periódica local, um inesgotável manancial de pesquisa para a “construção” da História Local.
Fafe era um município essencialmente rural, com uma economia baseada na agricultura e na pecuária, com alguma indústria, com grande número de gente analfabeta e temente a Deus, como por todo o Norte. Um concelho em tudo idêntico a tantos onde a República custou a entrar e onde a reacção monárquica encontrou terreno fértil e fácil, sobretudo por temerosa influência do clero, como se demonstra pelas incursões de Paiva Couceiro e pelas reacções à curta Monarquia do Norte, em Janeiro/Fevereiro de 1919.
De resto, ficaram algumas “marcas” deste período, na arquitectura e no urbanismo da cidade, na produção da energia eléctrica para abastecimento público, com a construção de uma das primeiras centrais hídricas da região (1914), na dinâmica cultural, com a edificação do mítico Teatro-Cinema de Fafe (1923), no associativismo, no jornalismo e em outras áreas, como se verá nas páginas da obra.
1 comentário:
Parabens aos autores desta obra, um forte abraço ao meu ilustre amigo Dr. Coimbra.
Mais uma vez a cidade de Fafe dignificada.
Abraço Miguel Doellinger
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