sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Bronco e ignorante!


1. Que este governo é constituído por um excesso de imbelicidade, inexperiência e impreparação, já há muito se percebeu, para mal deste país, que bem precisava de gente competente, honesta, sabedora, preparada política e tecnicamente para enfrentar estes anos difíceis da história pátria.
Mas não. Tem um primeiro-ministro que não sabe o que quer nem para onde vai – e é nessa inconstância que se afunda o barco deste país.
Tem ministros que são autênticas nulidades, e já nem se fala nessa trapaça chamada Miguel Relvas. É o caso do proclamado Álvaro, que não passa de um erro de casting. É o caso da ministra da Justiça, que só pela existência de um chefe do executivo sem força ainda não está no olho da rua, pelas posições que tem tomado que em nada dignificam o exercício da política. E é o caso (para não ir mais longe) do suprassumo da incompetência chamada Vítor Gaspar. Dizem que o ministro das Finanças é um crânio, que é detentor de excelentes modelos académicos, que é imensamente considerado no exterior, sobretudo onde o capitalismo decide como sugar os países mais pobres e tornar miserável o povo português. Em Portugal, e neste governo (e é isso que nos interessa), é a maior desilusão, política e técnica. Não consegue acertar uma previsão; as suas contas nunca batem certo; prevê o aumento das receitas fiscais, em situações em que até um merceeiro consegue prever a sua diminuição; enfim, a realidade não tem nada a ver com as suas teses mirabolantes. E essa coisa concreta chamada povo português não é capaz de encaixar nas folhas de excell com que acha que pode gerir financeiramente Portugal.
Pode, na verdade, ser um crânio, em teoria, mas na prática é o que se chama um aborto, um fracasso, um malogro, uma nódoa.
Pode um país estar à mercê de gente assim sem experiência, sem conhecimento, sem capacidade, sem competência e que tem denotado até agora não ter a mais pálida ideia de como tirar Portugal do pântano em que o está a enterrar?

2. Quando pensávamos que tínhamos visto tudo, e não é nada edificante, eis senão quando volta à tona essa abencerragem do anedotário nacional, chamada António Borges. Aquele mesmo que há uns meses afirmava, sem que lhe caísse um penedo na cabeça, como bem merecia, que a diminuição dos ordenados dos trabalhadores portugueses – que já são dos mais ridículos e desvalorizados da União Europeia – não era apenas uma necessidade, era uma exigência.
E quem sustenta uma bacorada destas é um inteligente que ganha 25 000 euros do erário público, quer dizer, pago por todos os contribuintes, para executar uma tarefa que não passa de vender o país ao retalho, a que acrescenta possivelmente outro tanto como membro da administração da Jerónimo Martins, uma empresa cujo presidente, Alexandre Soares dos Santos, se declarou este domingo “violentamente contra” a política dos baixos salários dentro das empresas, porque “uma pessoa que ganha menos de 500 euros não tem vontade nenhuma de ir trabalhar”.
O mesmo que avançou com a ideia da concessão da RTP aos amigalhaços do Passos Coelho, há dois meses atrás.
O mesmíssimo consultor do Governo para as privatizações defendeu, no passado sábado, no Algarve, com grande retumbância, que a Taxa Social Única, a famosa TSU, é uma medida «inteligente» e teve o atrevimento de insultar os empresários que a criticaram de serem «ignorantes».
Vincou bem: ignorantes!
Disse o pesporrente Borges: «Que a medida é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas».
Sobre ser um absoluto imbecil, o que não é incompatível com um professor universitário, que diz ser, Borges demonstrou uma arrogância que deveria merecer uma imediata acção do primeiro-ministro, se estivesse à altura do momento histórico que Portugal atravessa. E não está, claramente! Aliás, dá a ideia que o funcionário que o FMI despediu não passa da lebre que o infeliz Passos Coelho, que não tem a hombridade de assumir o opróbrio, lança, para ver como a sociedade reage. Se não diz nada, a medida avança; se se opõe, foi uma “infelicidade” de um inteligente que não sabe o que diz, quando diz, onde diz.
É claro que todo o país se indignou com os disparates e insultos inaceitáveis do personagem. Desde os empresários, que afirmaram que não o contratariam, até gente da direita, como Bagão Félix, Miguel Frasquilho, Ângelo Correia, ou Rui Moreira, todos lamentaram a inépcia do homem que a Confederação do Comércio disse que não tem «perfil para o lugar que ocupa». E tem razão!
Pedro Marques Lopes, militante do PSD e comentador do “Eixo do Mal” (SIC), considerou-o “bronco e ignorante”. Até na inominável declaração de que o programa de ajustamento, que está a empobrecer tragicamente os portugueses, “está a ser um enorme êxito, um caso de estudo”.
Mas onde é que este inteligente vive?

3. A questão que se coloca, face a tais despautérios, é saber se Passos Coelho avaliza as estúpidas declarações de Borges, ou se não. Neste caso, só pode demiti-lo, por incompetência, arrogância e lesão dos interesses nacionais, além de ganhar demasiado para a pulhice das ideias que produz.
Em caso afirmativo, estamos perante a necessidade e a urgência de mandar o governo para a rua, pela ofensa que faz aos empresários e aos portugueses em geral.
Mais uma vez se exigiria a intervenção do Presidente da República, se não estivesse alheado da miserável situação. Mas Cavaco não diz nada, não fala, não se demarca, diz umas babosices que não interessam nem ao Menino Jesus, mas aos grandes problemas nacionais diz nada!...
É a consagração de um monstruoso fiasco!

2 comentários:

victor simoes disse...

Artur, gostei muito desta sua explanação sobre a classe política que nos (des)governa.
Irei publicar este seu texto com os devidos créditos no blogue em que participo de A Voz do Povo. Gostaria de lhe endereçar um convite à sua participação neste blogue.
Poderá contactar-me por e-mail: victorvalesimoes@gmail.com

Tenha um bom fim de semana.
Cumps.

ARTUR COIMBRA disse...


Muito grato ao Victor Simões pela sua apreciação e pelo convite.
Um grande abraço do
Artur Coimbra