domingo, 2 de janeiro de 2011

ANO NOVO, VIDA DIFÍCIL

Morto e enterrado o ano velho, ao bater da meia-noite do que se convencionou chamar artisticamente “reveillon”, seleccionamos as passas, afivelamos um ar entre o compenetrado e o lunático, e formulamos mentalmente os desejos correspondentes. Uns mais ilusórios, outros absolutamente utópicos, escassos deles realistas. Por norma, anelamos mais o que gostaríamos que acontecesse, não o que prevemos que possa acontecer. Exemplos: que nos saísse o euromilhões, ou até o totoloto; que a Madeira e os Açores saíssem da órbita dos gastos públicos nacionais, tornando-se independentes por uma vez ou ligando-se à Cochinchina; que no caso BPN os criminosos do seu afundamento e da submersão das nossas finanças fossem punidos, como merecem; enfim, que o meu Benfica voltasse a ser campeão. Claro que estamos no reino fabuloso da utopia!...
Porque o que nos vai acontecer já sabemos: vamos continuar a gramar com o Cavaco mais à esquerda e o Sócrates mais à direita; os aumentos de tudo o que mexe e de que necessitamos como do pão para a boca já estão a sentir-se na pele, valha-nos Deus; os “principescos” ordenados dos trabalhadores em funções públicas vão levar pela medida grande, porque esses e os restantes trabalhadores é que provocaram a crise em que o país está enterrado; os “ricaços” que ganham mais do que 485 euros por mês, a partir de hoje, vão começar a sentir na pele o que é ter o desplante de ganhar mais que o salário mínimo nacional: nos hospitais, nos centros de saúde, na segurança social, entre outros retiros espirituais, vão pagar mais e descontar menos, que é para saberem o que custa a vida!
Enfim, para 2011, que está, muito bebé ainda, a dar os primeiros gemidos, os votos que o português médio enuncia são muito pragmáticos: que haja muita saúde, para não ter que recorrer às listas de espera das urgências; a possível alegria, no meio deste estendal de negrume; um emprego (o trabalho que fique à espera dos desempregados); algum dinheiro no bolso, mas não muito, porque se sua excelência o ministro Teixeira dos Santos sabe inventa mais uns PEC para depenar as nossas fracas finanças, até nos deixar de tanga.
Sobretudo, que possamos manter ao longo do ano alguma boa disposição e um optimismo moderado, para evitar o naufrágio nos consultórios e nos hospitais psiquiátricos.
Tenham os meus dois leitores um feliz 2011! Já não será mau!


1 comentário:

Luísa disse...

Caminhemos, passo a passo, rumo ao dia seguinte...O ano é muito comprido!
Beijinhos