Primeira obra do ano de 2011 |
Metade das obras são livros de estreia!
Os leitores não fazem a mínima ideia da quantidade de livros de autores fafenses ou sobre temática local que se publicaram até ao momento em Fafe, ao longo deste ano de 2011.
Em mais nenhuma cidade deste país, tenho a certeza, exceptuando Lisboa e talvez o Porto, se publicaram num único ano tantas obras de autores locais, ou aqui radicados, o que dá a dimensão da produtividade, da criatividade e da qualidade dos autores fafenses, que estão, obviamente, de parabéns.
Até ao momento contam-se nada menos do que 19 títulos, dos 20 até agora apresentados em diferentes locais do concelho, mas sobretudo na Biblioteca Municipal.
De realçar ainda que uma dezena das obras apresentadas são livros de estreia, o que é francamente animador e altamente positivo para a cultura local.
Vamos, então, brevemente, a uma viagem pelos livros de autores locais, ou aqui radicados e também pelos temas fafenses, publicados em livro em 2011.
É a primeira parte.
A segunda segue oportunamente.
Apresentação da obra de estreia de Manuel Barros |
Logo em Janeiro, no dia 4, teve lugar na Biblioteca Municipal de Fafe a sessão de lançamento da obra Salpicos de Ideias, Reparos e… algumas Histórias, do professor Manuel Barros, que teve a apresentação do dr. Ribeiro Cardoso, director do jornal Povo de Fafe e um prelúdio musical pelo pianista José Miguel Dias. Trata-se de uma obra que reúne mais de duas dezenas de textos do autor publicados sobretudo no Povo de Fafe e outros inéditos. São assumidamente croniquetas e historietas que apresentam algum sentido para reflexão, como quer o autor, que se espraia por temas ligados à problemática da vida, à humanização, socialização e outras, “fantasiados com alguns raciocínios que me ocupam o pensamento”. O livro foi um sonho do autor, que felizmente se concretizou.
Ainda em Janeiro, a 22, teve lugar no lotado Teatro-Cinema de Fafe o lançamento da obra Fafe – Estudos de História Contemporânea, do jovem historiador Daniel Bastos.
O livro inicial do autor integra diversos artigos, qual deles o mais consistente, inovador e relevante para o conhecimento da historiografia do município nos últimos decénios. Referimo-nos, concretamente, aos textos “As visitas do rei D. Carlos I ao município de Fafe em 1906 e 1907: análise e contexto político, económico e social”; “A participação portuguesa na I Guerra Mundial. Reflexos políticos e sociais: o exemplo de Fafe”; “As Eleições Presidenciais no Estado autoritário português. Processos e actores políticos no concelho de Fafe em 1949 e 1958” e “Visitas de governantes do Estado Novo ao concelho de Fafe (1933-1974): economia, ideologia e política estadonovista num contexto local”.
Outra obra de estreia: do historiador Daniel Bastos |
Todavia, verdadeiramente inovadores, pela pesquisa bibliográfica e pelo aparato metodológico, são os dois grandes marcos que pontuam a arquitectura desta obra. Refiro-me aos artigos que têm como título “O concelho de Fafe durante a Primeira República (1910-1926): actores, processo político e conjuntura socioeconómica”, de uma actualidade vibrante, dado estarmos em plena comemoração do Centenário da República, bem como “A Revolução de Abril entre 1974 e 1976 num contexto local: a transição política, partidos políticos, comícios e as primeiras eleições autárquicas democráticas em Fafe”.
O interessante livro seria (re)apresentado no Consulado Geral de Portugal em Paris, em 23 de Setembro.
No dia 28 de Janeiro, no auditório da Biblioteca Municipal, a recém-criada Kairos – Produções Culturais promoveu o lançamento do audiolivro e livro digital A Dança dos Alcatruzes, de Oceano Andrade (personagem literário de José Rui Rocha). A obra foi apresentada por Ângela Lopes.
A Dança dos Alcatruzes é o ficcional percurso de Cândido Makalani, escritor, e das espirais por si vividas e desejadas. É o encontro entre as partes distantes que formam o individuum. É um quase esquecido narrar de percursos e decisões. É um olhar sobre os gestos dos actores que se cumprem e adiam no palco onde se representa a dramaturgia do Tempo.
Mais uma obra de José Augusto Gonçalves |
Em 25 de Fevereiro, José Augusto Gonçalves, professor da Escola Secundária e escritor, apresentou, na Biblioteca Municipal, o seu mais recente livro, Viagens pelas Sendas da Alma Humana II, que é a continuação da sua saga autobiográfica, iniciada em Dezembro de 2009, com a publicação o primeiro volume.
A obra foi apresentada, uma vez mais, pelo também docente da Secundária e escritor, Carlos Afonso.
Em Março, no âmbito das II Jornadas Literárias, teve lugar a apresentação de duas obras literárias.
No dia 17, na Biblioteca Municipal, foi lançado o excelente livro de poesia de Almeida Mattos, A Ilusão do Breve.
A Ilusão do Breve: um excelente e livro maior de poemas do poeta fafense residente no Porto e que regressa à publicação vinte anos após a sua obra anterior, Conjuntivo Presente (1991).
António Almeida Mattos regressou à publicação, 20 anos depois |
A obra foi apresentada pela Professora Isabel Pires de Lima, grande amiga do autor e também de Fafe, onde voltou mais uma vez.
No dia seguinte, no Teatro-Cinema, teve lugar a apresentação da obra Antigo & Futuro, um excelente repertório das vivências de outrora no espaço pedagógico do Agrupamento de Escolas de Arões, coordenado magistralmente pela professora Orlanda Silva.
As vivências agrícolas, as vindimas, as janeiras e os reis, a cura das doenças e maleitas, as crenças e mezinhas, os jogos tradicionais, as cantigas, a casa, vidas, testemunhos.
Uma obra-prima da cultura imaterial daquela zona do concelho, que engloba as freguesias de Arões Santa Cristina e S. Romão, Cepães e Fareja.
Em 18 de Abril, no âmbito da comemoração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a Biblioteca Municipal foi palco do lançamento da obra Águas Públicas e a sua utilização no concelho de Fafe, da autoria do professor Francisco da Silva Costa, docente do departamento de Geografia da Universidade do Minho.
A apresentação foi do signatário, que assinou também o prefácio da obra, editada pela Câmara Municipal de Fafe.
O corpo da obra desenvolve-se em torno dos usos e ocupação do domínio público hídrico neste concelho, desdobrado nas mais importantes utilizações da água, nos seus cursos mais relevantes, sobretudo o Vizela, o Ferro, o Bugio e o Torto.
Fala-se, assim, da importância da rega dos campos, da cultura do linho, do papel dos moinhos de rodízio e azenhas, como espaços de actividade moageira, mas também de outros engenhos ligados ao aproveitamento das águas públicas como a serração e os lagares de azeite.
O Prof. Dr. Francisco Costa estudou o uso das águas públicas no Vale do Ave e em Fafe |
A obra aborda ainda o aproveitamento hídrico no contexto da indústria local, sobretudo a têxtil (fábricas de fiação e tecidos), bem como nas fábricas de papel, em Fareja e em Fafe, hoje desaparecidas, depois de cumprirem a sua missão histórica. Algumas linhas são, de igual modo, dedicadas ao papel das pequenas centrais hidroeléctricas, como a de Santa Rita, mas também as das fábricas do Ferro e do Bugio, necessárias à laboração daquelas importantes indústrias, cujo auge decorreu em grande parte do século passado.
Em 7 de Maio, no auditório da Junta de Freguesia de Arões S. Romão, o talentoso escritor João Ricardo Lopes apresentou o seu mais recente livro, com o título reflexões à boca de cena.
A obra, apresentada pelo conterrâneo César Freitas, professor e investigador no Instituto de Estudos Superiores de Fafe, assinala o regresso do escritor aos escaparates, depois de uma ausência de quase quatro anos. O título agora dado à estampa (pela editora Labirinto) compila 50 poemas, traduzidos para inglês por Bernarda Esteves, docente de Literatura e Linguística Inglesa na Universidade do Minho.
João Ricardo Lopes, em mais um excelente livro de poemas, a sua arte maior |
O autor, recorde-se, conta na sua bibliografia com diversas obras poéticas (premiadas já, a nível nacional) e com um livro de crónicas. Em 2011, ano em que comemora uma década de vida literária, surpreende com um volume de composições poéticas, alicerçadas em torno do espaço metafórico do teatro. De acordo com o posfácio, assinado pelo também poeta Daniel Gonçalves, “os poemas deste livro têm uma vida que vai acender aos confins do universo a última gota de silêncio primordial.”
Depois da Vila de Arões, seguiu-se uma apresentação na Feira do Livro de Braga (por Sérgio Sousa, docente na Universidade do Minho), em Lisboa e no Porto.
Em 17 de Junho, teve lugar na Biblioteca Municipal a apresentação dos livros Tempo e Reflexos, de Richard Towers, pseudónimo do artista e músico Martinho Torres.
Trata-se de dois livros-objecto, actos criativos editados pela Neoma Produções, editora do próprio escritor. Trata-se de um conceito novo, inovador e diferente, “livros com arte”, produtos com valor acrescentado que estão já no mercado e que o autor se empenha em explicar aos seus leitores, um pouco por todo o país, como aconteceu na cidade de Fafe!
Martinho Torres, mais uma estreia e logo com dois livros de ficção |
Num ambiente intimista, que incluiu a leitura de trechos dos livros, por Carlos Afonso e Artur Coimbra, acompanhado à viola pelo autor-músico Martinho Torres, foi proposta aos presentes uma incursão pelo inovador mundo literário do autor, através de duas obras.
É um orgulho termos este autor a viver entre nós, e a trabalhar em Fafe, concretamente na freguesia de Travassós.
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