sábado, 10 de dezembro de 2011

Fafe é terra de literatura: este ano já foram apresentados 19 livros de autores ou de temática local (Conclusão)

Num primeiro post, abordámos a dezena de obras apresentadas em Fafe por autores locais ou aqui radicados e uma delas de temática local.
Concluímos a apresentação.
Em 1 de Julho, à entrada do Verão, o Núcleo de Artes e Letras de Fafe promoveu, no Auditório da Casa das Associações, uma sessão cultural para a apresentação do livro Palavras de Cristal, colectânea de textos e imagens  de diversos  autores associados.
No decorrer da sessão foram declamados alguns poemas que integram a obra.
Palavras de Cristal publica poemas de Acácio Almeida, António Almeida Mattos, Artur Ferreira Coimbra, Artur Magalhães Leite, Benedita Stingl, João Ricardo Lopes, Pompeu Miguel Martins e Valdemar Gonçalves.
A colectânea inclui textos em prosa dos associados Carlos Afonso, Catarina Ribeiro Noval, José Emídio Lopes, José Salgado Leite, Maria Arlete Gonçalves e Tiago Magalhães, sendo enriquecida por ilustrações dos artistas Ana Stingl, Belmira Guimarães, Fina Rosa, Luís Gonzaga e Orlando Pompeu. 

Em 22 de Julho, foi apresentada, na Biblioteca Municipal, a obra Major Miguel Ferreira – Uma Lição de Liberdade (2ª edição, revista e aumentada), do autor deste blogue, edição da Câmara Municipal de Fafe. Na ocasião, o investigador e amigo Artur Sá da Costa, enquadrou o movimento de oposição ao Estado Novo “Democratas de Braga”, de que Miguel Ferreira (1878-1961) foi um precursor.
Sendo a mesma, esta é uma obra diferente, mais rica de conteúdo e de informação, sendo acrescentada com mais meia centena de páginas.
Com o recurso a mais funda investigação e à leitura da preciosa imprensa local, conseguimos ampliar consideravelmente os capítulos da vida de Miguel Ferreira, sobretudo o relativo ao período da 1ª República (1910-1926).
Miguel Ferreira foi uma referência enorme de republicano histórico, de homem de bem, de homem íntegro, combatente pela Liberdade durante toda a sua vida.
Há 100 anos atrás era deputado às Constituintes. Foi vereador e governador civil na 1ª República. Lutou depois contra o Estado Novo e Salazar, em concreto. Teve uma grandiosa homenagem nacional em 1958, quando comemorou 80 anos de vida. Há 50 anos, falecia (1961), com 83 anos de idade.
Não sendo natural de Fafe, é um dos fafenses adoptivos mais prestigiados e notáveis, que honrou esta terra e os seus valores.
A obra seria reapresentada na Junta de Freguesia de Antime em 17 de Setembro.

Em Setembro, teve lugar a apresentação de três obras, todas na Biblioteca Municipal, e de carácter completamente diverso. 
Na noite de 23, foi apresentada a obra A Reabilitação como Processo de Preservação Cultural e Patrimonial: A herança arquitectónica e urbana da cidade de Fafe, do jovem arquitecto fafense António Póvoas (edição Kairos – Edições Culturais).
O livro resulta da dissertação para a obtenção do grau de mestre em arquitectura na Universidade do Minho, em 2009, e foi apresentado por Jorge Correia, da Escola de Arquitectura daquela academia, antigo docente e orientador da dissertação.
A obra reveste-se de enorme interesse para a cidade e para os fafenses, pela síntese que faz da sua evolução histórica e pelas propostas que formula para a criação de um centro histórico.
A Reabilitação como Processo de Preservação Cultural e Patrimonial pretende ser uma reflexão crítica sobre a forma como todo um património, arquitectónico e urbano, é pensado, e um olhar sobre a protecção desse legado tendo como foco de análise a cidade de Fafe. Concretamente, através da formulação de propostas de instituição de um centro histórico na cidade de Fafe, que preserve a mancha urbana constituída pelas “casas brasileiras”, na perspectiva, muito correcta, de “salvaguardar a sua herança histórica, os valores arquitectónicos e urbanos que permitam um melhor entendimento e compreensão da mesma”.
O livro teria depois outras apresentações, entre as quais (dia 9 de Novembro) em Guimarães, no âmbito da comemoração do 15º Aniversário da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho, onde o autor estudou.

Na tarde do dia seguinte, 24, tive a honra de fazer uma breve apresentação da obra poética Esvoaços 2, de Acácio Almeida.
Dedicado aos seus amigos e amigas, Esvoaços 2 integra 50 poemas, basicamente datados de um arco temporal entre 2008 e 2011.
Dir-se-á que continua a haver uma louvável evolução na escrita poética de Acácio Almeida, ao longo dos seus três livros (o primeiro de 1988 e o segundo de 2008).
Se o primeiro é assumidamente mais de intervenção, de preocupação social, obra de pendor mais realista, os dois seguintes inscrevem uma poesia mais trabalhada, mais madura, mais moderna, mais “literária”, no que isso tem de louvável esforço de depuração imagética e estilística.
Por um lado, evidenciando uma oficina poética que investe sobre o trabalho linguístico, literário.
Mas, por outro, uma preocupação sempre presente pelos dramas do quotidiano, com o que se aproxima da temática social da sua primeira obra.
Um poeta que não podemos perder de vista.

No dia 30, Ângelo Santos publicou um auspicioso romance de estreia, de que acabou por não se falar muito, com o sugestivo título Do Éden ao Inferno.
Não podendo estar presente na apresentação, não dispomos de mais elementos para aprofundar algo sobre esta obra, o que lamentamos.

Em Outubro foram apresentados mais dois livros na Biblioteca Municipal de Fafe, que está transformada no local de apresentação de obras literárias por excelência.
No dia 15, um sábado à tarde, registou-se a apresentação do primeiro romance de Conceição Antunes, com o título A que cheiram as giestas. É mais um(a) autor(a) fafense que emerge no panorama literário e cultural local, o que é uma fabulosa notícia.
A autora nasceu nesta cidade em 1952 e aqui reside. De 1954 a 1975 viveu em Luanda (Angola).
Tem os cursos de modelista e design de moda, na Academia de Artes do Porto; modelação de cerâmica e azulejaria, na Escola Soares dos Reis no Porto e de pintura e desenho, na Escola Superior Artística do Porto. Serviu a carreira da moda.
Além da sua actividade profissional, desenvolve relevante actividade artística, designadamente na área da pintura, desde os seus tempos de África, sob o pseudónimo de “Cloé”, tendo efectuado diversas exposições individuais e colectivas em diversos locais, Fafe incluído.

No dia 27, teve lugar a apresentação da obra Escola/Comunidade – Perspectivas e Racionalidades (edição Labirinto), assinado por Joaquim Paulo Lopes Teixeira, docente da Escola Secundária de Fafe.
Trata-se da edição em livro da dissertação de mestrado do autor em Administração Educacional pelo Instituto Superior de Educação e Trabalho do Porto, em 2011.
A obra tem 200 páginas de texto e divide-se em quatro capítulos com os títulos “A Escola como organização educativa”, “Os interesses, os consensos e os conflitos na administração das Escolas”, “A comunidade local nas escolas públicas: entre a legislação e a prática” e, finalmente, “Um estudo das Escolas do concelho de Fafe”.
A apresentação contou com a presença da conhecida professora Manuela Teixeira, dirigente da FNE há alguns anos atrás e orientadora do mestrado de Paulo Teixeira, que apresentou a obra.


A mais recente obra a ser apresentada aconteceu no passado dia 4 de Novembro. Trata-se do romance Ocaso, da autoria do jovem escritor radicado há alguns anos em Fafe José Rui Rocha (neste caso, na personagem Inês Pedro Guerra) e à qual não pude assistir por não me encontrar nessa noite em Fafe. É a terceira edição da Kairos deste ano, a segunda do mesmo e intenso autor, depois do audiolivro do início do ano.

Finalmente…


Na tarde de 26 de Novembro, a Junta de Freguesia de Fafe promoveu a apresentação, na Biblioteca Municipal da cidade, da obra Cruz de Chumbo e Outros Poemas (176 p., edição da J. F. Fafe) do poeta Augusto Fera, edição organizada e prefaciada por Artur F. Coimbra, presidente do Núcleo de Artes e Letras de Fafe.
A sala encheu de familiares, conterrâneos e amigos de Augusto Ferreira, seu nome de baptismo, poeta invisual, natural de Armil (1939) e residente na zona da Fábrica do Ferro, que concretizou assim, através da louvável iniciativa da Junta fafense, o sonho de editar um livro de poesia, que compila a sua produção literária de meio século, a partir de 1961.
A obra foi apresentada pelo organizador, que leu alguns excertos do prefácio feito expressamente para Cruz de Chumbo e Outros Poemas e onde refere, a propósito do projecto de vários anos para a publicação da poesia de Fera, que muito admira: “A oportunidade acaba de surgir com a iniciativa do Presidente da Junta de Freguesia de Fafe de editar a obra de Augusto Fera num único volume. Bem andou José Mário Silva (mais uma vez…) em concretizar esta aspiração sua (que sempre foi também nossa…) de homenagear um poeta até agora impublicado em livro e que nos habituámos a fruir, lentamente, à medida que o seu estro ia debitando poemas para as páginas dos ansiosos jornais.
Um poeta popular que faz parte da identidade literária fafense, sem dúvida! E que agora, finalmente, vê a luz da publicação, apesar da sua repetida renitência em o fazer…”.

Quanto às editoras, de referir que a Labirinto publicou cerca de metade de todas as edições apresentadas em Fafe. Nada menos que oito. A jovem Kairos encarregou-se de mais três edições. A Câmara Municipal e a Neoma Produções editaram cada qual dois livros. As restantes obras, distribuem-se por outras tantas editoras.

De evidenciar ainda que, no total, foram apresentados em Fafe 21 obras literárias, sendo que apenas duas não são de autores ou de temática fafense: os livros Terra de Chiculate, em Agosto, e  Memórias da Vida e da Rádio dos Afectos, do conhecido homem da rádio António Sala, na passada quarta-feira.
É obra, meus amigos!...

Sem comentários: