O Núcleo de Artes e Letras de Fafe homenageou este sábado, 29 de Setembro, no Club Fafense, a figura do professor fafense Laurentino Alves Monteiro que, na sua obra literária e poética, assinou com o pseudónimo de Ruy Monte.
Trata-se de um autor que nasceu há 110 anos, exactamente em 24 de Julho de 1902, e que faleceu em 1986, com a idade de 84 anos. No ano do seu falecimento, foi incluído na toponímia de Fafe, Póvoa de Varzim e Vila Praia de Âncora, os locais onde escreveu primordialmente a sua vida e a sua obra.
A figura de Ruy Monte foi recriada pelo jovem actor Rafael Leite, do Teatro Vitrine, que foi o fio condutor da narrativa do espectáculo que levou ao Club Fafense várias dezenas de amigos e familiares do distinto professor do ensino secundário (particular) ao longo de 55 anos, leccionando nos Colégios do Carmo, em Penafiel, D. Nuno, na Póvoa de Varzim (durante 25 anos), de Belinho, em Esposende, Santa Rita (Caminha) e de Campos (Vila Nova de Cerveira).
Ao longo de mais de uma hora, foram pontuadas as várias facetas do ilustre fafense, como a actividade docente, a ligação à música e a diversos orfeões (de Fafe e de Vila Praia de Âncora) e a poesia, que foi uma das suas maiores paixões e que exerceu durante mais de meio século. Na poesia ressaltam os temas de todos os tempos: a mulher, o amor, a religião, a morte, os heróis pátrios, a terra, a gente anónima, o quotidiano. Mas também a crítica social, o humor, a caricatura. “Um poeta de imensa qualidade e de enormes recursos. Um clássico, pelos temas e pela forma, sobretudo o soneto” – como salientou Artur Coimbra, presidente da Direcção do Núcleo de Artes e Letras, que conduziu a tertúlia e que reuniu a belíssima obra poética de Ruy Monte e as suas saborosas crónicas dispersas por jornais e revistas dos locais onde viveu e trabalhou, publicadas em 2007 em dois volumes: um de poesia, outro de prosa.
Carlos Afonso, Acácio Almeida, João Castro e João Marques leram poemas de Ruy Monte.
O deputado Laurentino Dias, sobrinho e afilhado de Laurentino Monteiro, agradeceu ao Núcleo de Artes e Letras mais esta homenagem ao seu familiar e aludiu a diversos episódios da vida do inesquecível professor, ressaltando a sua forte intervenção social na Póvoa de Varzim e no Alto Minho, onde fundou associações e pertenceu a diversas agremiações desportivas e culturais. Leu dois poemas de Ruy Monte e evidenciou que Laurentino Monteiro trabalhou muito na vida, comeu o pão que o diabo amassou e “foi das pessoas que não passaram na vida de forma indiferente”.
Também o decano Francisco Oliveira Alves ajuntou um testemunho do seu relacionamento com o homenageado.
Também o decano Francisco Oliveira Alves ajuntou um testemunho do seu relacionamento com o homenageado.
No final, Artur Coimbra fez os agradecimentos a todos os intervenientes e reafirmou que o objectivo das tertúlias literárias é redescobrir alguns dos valores literários e culturais de Fafe, já desaparecidos (Ruy Monte, Soledade Summavielle, Manuel Ribeiro, Vaz Monteiro, Euclides Sotto Mayor, Inocêncio Carneiro de Sá, entre outros nomes da cultura fafense que importa desvendar).
A sessão foi iniciada e culminada com a actuação do Coral de Antime, sob a direcção artística de Aníbal Marinho e que interpretou diversos temas do cancioneiro tradicional, ligadas às actividades agrícolas e terminou com a interpretação o tema “Num só corpo e alma, irmãos”, com letra de Laurentino Monteiro.
A sessão foi iniciada e culminada com a actuação do Coral de Antime, sob a direcção artística de Aníbal Marinho e que interpretou diversos temas do cancioneiro tradicional, ligadas às actividades agrícolas e terminou com a interpretação o tema “Num só corpo e alma, irmãos”, com letra de Laurentino Monteiro.
* Próximas iniciativas do Núcleo de Artes e Letras de Fafe
O presidente da direcção aproveitou para falar de duas iniciativas próximas do Núcleo de Artes e Letras de Fafe.
Assim, na noite de 12 de Outubro, no Salão Nobre do Teatro-Cinema vai lançar o livro A Primeira República em Fafe – Elementos para a sua história, uma obra de quase 400 páginas que tem a assinatura dos historiadores Artur Ferreira Coimbra, Daniel Bastos e Artur Magalhães Leite e que será apresentada por Maria Alice Samara, investigadora do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que assina o prefácio.
Depois, aquela associação cultural vai promover uma oficina de escrita criativa dirigida ao público em geral e orientada pelo escritor Carlos Afonso, membro da direcção do Núcleo de Artes e Letras.
Começa com uma acção de motivação, em 19 de Outubro, na Sala Manoel de Oliveira, com poetas e escritores locais e prossegue com três sessões na Biblioteca Municipal, nas manhãs dos sábados 3, 10 e 17 de Novembro.
É uma acção para despertar o gosto pela escrita e para aperfeiçoar as técnicas e os modos de melhor escrever, um conto ou um poema.
As inscrições serão abertas no mês de Outubro para quem pretenda participar.
Fotos: Manuel Meira Correia
Fotos: Manuel Meira Correia
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