É incontornável que continuemos a falar do colossal massacre de que os portugueses estão a ser alvo por parte de um governo sem alma e sem qualquer sensibilidade, que corta ordenados e subsídios, aumenta a carga fiscal para níveis insuportáveis e anuncia as mais gravosas medidas com a displicência de quem vê o mundo através de uma mera e académica folha de excell, como o faz essa estátua sonolenta sem ligação à realidade que é Vítor Gaspar. Ou encara o mundo laranja nas falinhas mansas de Passos Coelho, que cada vez os portugueses (mesmo os que o elegeram, nanja eu!...) quer ver longe da vista, dos ecrãs e das carteiras!...
Gerou-se um consenso social e económico contra o clima de espoliação em que se transformou a relação do Estado para com o cidadão (e ainda falam dos governos socialistas: quem mais gama os bolsos dos cidadãos do que esta cambada?), e que vai originar um agravamento da conflitualidade e da justa crispação contra os governantes.
Os portugueses estão a ser barbaramente massacrados por um governo insensível, que não olha a meios para atingir os fins, a pretexto do cumprimento de um memorando de entendimento cujos termos há muito foram ultrapassados e desvirtuados, por este governo e pela troika. O PS, que o assinou, já nada tem a ver com ele, claramente, tão alterado ele está. É como classificarmos um edifício que, depois de alterado, já nem se reconhece. Sendo o mesmo, já nada tem a ver!...
É impossível não atendermos a que, da esquerda à direita, das centrais sindicais às confederações patronais, ninguém apoia as medidas anunciadas pelo governo, desde logo essa saloiice de obrigar os trabalhadores a encher os bolsos das grandes empresas, aumentando as suas contribuições para a Segurança Social, enquanto aqueles vêem reduzida a Taxa Social Única, a pretexto de “combater as altas taxas de desemprego”, o que não passa de pura tanga.
Nenhuma empresa vai admitir funcionários neste período sem futuro, em que não há escoamento dos produtos, porque o consumo está em queda, e mais restrito ficará em 2013, como qualquer merceeiro é capaz de prever, o que não seguramente não acontecerá com o ministro das Finanças, a não ser que a realidade venha a encaixar no seu modelo teórico. Não é o modelo que tem de se adaptar à realidade e à pobreza dos portugueses!....
É impossível não ficar indignado quando se vem a saber que, enquanto os trabalhadores são coagidos a vender a sua força de trabalho cada vez mais barata, trabalhando mais dias pelo mesmo ou menos dinheiro, as grandes empresas lucram 800 milhões de euros com os cortes nos salários, e nem satisfeitas ficam.
Mais: é inacreditável que a própria troika venha declarar que não foi ela a autora da ideia da criação dessa monstruosidade que ninguém quer adoptar, e não interessa a ninguém, a não ser ao fisco: os trabalhadores ficam sem parte do seu magro salário e as empresas engordam a tesouraria mas não criam qualquer posto de trabalho.
* Como é possível? O governo “pediu seis vezes mais do que precisa cortar para a nova meta do défice”
É impossível não concordar com Manuela Ferreira Leite, e bem nos custa ter de fazê-lo, quando afirma que “só por teimosia se pode insistir numa receita que não está a dar resultados”, por um governo que actua com base em “modelos que estão a ser perniciosos e não têm nenhuma adesão à realidade”.
Um governo de loucos é o que é este executivo de Passos Coelho: incompetente, impreparado, a navegar à bolina, ao sabor das ondas, sem estratégia, sem rumo definido, sem uma luz ao fundo do túnel!
Os jornais desta semana, referem, para grande revolta e indignação dos portugueses, que o governo “pediu seis vezes mais do que precisa cortar para a nova meta do défice”. O Governo está a pedir aos portugueses um esforço de redução do défice "na ordem dos 4,9 mil milhões de euros", valor quase seis vezes superior à redução necessária combinada com a troika.
O défice deste ano deverá ser de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e terá de cair para 4,5% em 2013, o que dá uma descida de "apenas" 850 milhões de euros, aproximadamente.
Que governo é este que massacra o seu povo, com doses cavalares de austeridade, ultrapassando em seis vezes o que a troika impõe, por mero tacticismo político? Merece respeito um governo assim, que gere o país sem qualquer pingo de sentimento perante o sofrimento que provoca ao seu povo? Merece algum apoio quem assim nos assalta os bolsos, abusando infamemente do poder que detém?
E ainda vem Vítor Gaspar ofender-nos colectivamente, afirmando que “os portugueses estão dispostos a fazer sacrifícios”! É preciso ter lata!...
Como já escrevi em outras ocasiões, o povo português tem de acordar definitivamente do seu marasmo, da sua brandura, da sua passividade! Chega de um povo acocorado, vencido, de rabo entre as pernas!
É preciso protestar, contestar, reclamar, encher as ruas de manifestações. Para marcar uma posição de dignidade, em defesa do presente e do futuro, contra os abutres de direita que não passam de feitores dos interesses dos grandes grupos económicos internos e externos, dos especuladores financeiros, dos burgueses capitalistas que dominam, silenciosamente, os cordelinhos do poder.
Em Portugal, na Europa e no mundo!
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