Ilse Losa é nome de uma enorme e inolvidável escritora nascida na
Alemanha em Março de 1913, fez agora 100 anos e que, por ser judia, se refugiou
em Portugal, com apenas 21 anos, nos anos de brasa do nazismo.
Nos anos 80 e 90 tive a honra de por várias vezes privar com ela e de ter
diversas obras suas autografadas.Cheguei a publicar uma entrevista exclusiva com Ilse Losa no diário Correio do Minho de 26 de Junho de 1988, há 25 anos, que é um enorme testemunho humano.
Marcou uma geração de jovens, nas últimas décadas do século XX, sobretudo, pelas suas sugestivas obras para o público infanto-juvenil, mas está hoje muito esquecida. Apesar de ser autora também de obras fantásticas de ficção (para o público em geral) como “O Mundo em que Vivi”, “Rio sem Ponte” ou “Sob Céus Estranhos”.
A Biblioteca Nacional tem presentemente patente (e até 16 de Novembro) uma mostra sobre a vida e obra da conhecida escritora.
Durante o ano de 1930, em Inglaterra, teve os primeiros contactos com
escolas infantis e com os problemas das crianças. Sendo judia, foi forçada a
sair definitivamente da Alemanha em 1934, refugiando-se em Portugal, onde casou
com o arquitecto Arménio Losa, adquirindo a nacionalidade portuguesa.
A sua vastíssima obra inclui romances, contos, crónicas, trabalhos
pedagógicos e literatura para crianças. Colaborou em diversos jornais e revistas,
alemães e portugueses. Está representada em várias antologias de autores
portugueses e colaborou na organização de selectas e na tradução de obras
portuguesas publicadas na Alemanha. Verteu do alemão algumas obras dos mais
consagrados autores, nomeadamente o conhecido Diário de Anne Frank.
Em 1984 recebeu o Grande Prémio Gulbenkian, premiando o conjunto da sua
obra para crianças. Em 1990 foi editado na Alemanha o seu romance O mundo em
que vivi, o mesmo acontecendo em 1992 com o livro de contos Caminhos sem
destino.
Para além das obras já citadas, publicou, entre outras: À flor do tempo;
Encontro no Outono; Grades brancas e Retta. Na literatura
para crianças destacamos: Miguel, o expositor; A Visita ao padrinho e
outras histórias; Silka; O Senhor Pechincha seguido de O
Bonifácio; A adivinha: peça em quatro quadros; O Príncipe Nabo;
O quadro roubado; Na quinta das cerejeiras; O fidalgo das
pernas curtas; Beatriz e o plátano e Faísca conta a sua história.
Morreria no Porto em 6 de Janeiro de 2006, com a vetusta idade de 93 anos.
É uma autora mais portuguesa que alemã (viveu no Porto 72 dos seus 93
anos…) que não deve ser esquecida.
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