Na noite da pretérita sexta-feira, 23 de Setembro, na Biblioteca Municipal de Fafe, foi feita a apresentação da obra A Reabilitação como Processo de Preservação Cultural e Patrimonial: A herança arquitectónica e urbana da cidade de Fafe, do jovem arquitecto (25 anos) fafense António Póvoas (edição Kairos – Edições Culturais).
O livro resulta da dissertação para a obtenção do grau de mestre em arquitectura na Universidade do Minho, em 2009, e foi apresentado pelo Professor Jorge Correia, da Escola de Arquitectura daquela academia, antigo docente e orientador da dissertação.
Na mesa, estiveram ainda o responsável da Kairos, José Rui Rocha, o vereador da Cultura do município, Pompeu Martins e o signatário. Mais de três dezenas de amigos emolduraram a sala (apesar da forte concorrência do equilibrado FC Porto - SL Benfica), num evento que constituiu um excelente momento cultural para a cidade.
Foi exactamente por mim que começou a sessão. O que posso resumir, neste breve post, é que me sinto parte do livro do António Póvoas, dada a grande referência a algumas das minhas obras de investigação por parte do autor, na parte da contextualização histórica da cidade, o que me deixa imensamente feliz.
Mesa de honra da sessão |
Devo salientar que acho a obra de enorme interesse para a cidade e para os fafenses, pela síntese que faz da sua evolução histórica e pelas propostas que formula para a criação de um centro histórico.
Póvoas enquadra geográfica e historicamente a cidade, detendo-se na importância dos “brasileiros de torna –viagem” para o desenvolvimento económico, social e cultural de Fafe e para a implantação de uma nova arquitectura urbana.
A Reabilitação como Processo de Preservação Cultural e Patrimonial pretende ser uma reflexão crítica sobre a forma como todo um património, arquitectónico e urbano, é pensado, e um olhar sobre a protecção desse legado tendo como foco de análise a cidade de Fafe.
A segunda parte da obra é, assim, uma proposta de revalorização da cidade antiga, estudando o fenómeno da reabilitação urbana do centro histórico de Guimarães e passando depois para a formulação de propostas de instituição de um centro histórico na cidade de Fafe, que preserve a mancha urbana constituída pelas “casas brasileiras”, na perspectiva, muito correcta, de “salvaguardar a sua herança histórica, os valores arquitectónicos e urbanos que permitam um melhor entendimento e compreensão da mesma”.
O autor propõe, desta forma, na sua tese, a criação de um organismo do tipo do Gabinete Técnico Local (de Guimarães) e a adopção de mecanismos que permitam definir claramente uma área de interesse patrimonial, “onde a manutenção e preservação não só dos edifícios classificados mas também do espaço público onde estes se inserem, seja uma prioridade”. O que deverá pressupor a elaboração de um regulamento especifico a aplicar à referida área e a todos os edifícios nela inseridos, visando a salvaguarda do património arquitectónico e urbano ligado aos “brasileiros” que é o que, no fundo, diferencia e singulariza a cidade de Fafe. Os “brasileiros” são, afinal, a sua identidade e, como tal, devem ser defendidos e preservados.
Fafe deve lutar por obter a sua própria marca, neste caso, a dos “brasileiros de torna viagem”. Fafe deverá vir a instituir-se como a “capital da arquitectura dos brasileiros”!
De todas estas (e de outras) ideias falaram os vários intervenientes, num serão extremamente profícuo e proveitoso para quem a ele teve o privilégio de assistir (mas que merecia muito mais gente a assistir).
Aliás, julgo que este livro contem propostas e pretextos para um bom debate sobre as questões da reabilitação urbana de Fafe, que deve interessar o poder autárquico, mas também a oposição com assento no executivo e na assembleia municipal e os particulares, detentores da grande maioria do património existente neste domínio no centro urbano.
Culmino com duas palavras: a primeira, de felicitações sentidas e profundas ao jovem arquitecto António Póvoas, por este seu excelente trabalho e pelas suas relevantes propostas de intervenção na defesa do património “brasileiro” da cidade; a segunda, de parabéns à Kairos – Edições Culturais por esta edição bibliográfica, que se segue a outras experiências na área. Aliás, a Kairos, para quem não saiba, está a revelar-se uma lufada de ar fresco na cultura local, com a promoção de interessantes concertos musicais em palcos alternativos ao Teatro-Cinema, na dinamização de iniciativas culturais diversas e na realização de oficinas, como a que realiza na próxima semana (28 e 29 de Setembro) sobre o acordo ortográfico, na Biblioteca Municipal.
A Kairos merece todo o nosso apoio, incentivo e admiração!
Fotos: Kairos
Fotos: Kairos
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