sábado, 26 de março de 2011

PADRE JOAQUIM FLORES ANTUNES: QUATRO ANOS DE SAUDADE

Passando hoje por um placar onde se publicam os assuntos necrológicos, dei-me conta de um aviso sobre o quarto aniversário do falecimento do nosso amigo e enorme fafense adoptivo, Padre Joaquim Flores Antunes. Já passaram quatro anos, e ainda parece que foi ontem que o grande obreiro da escola de Revelhe foi a sepultar, entre manifestações de grande pesar e perda incontornável.
Gostaria assim de aqui lembrar a saudade deste homem bom, activista do progresso do concelho e sobretudo de Revelhe, amigo de tantos amigos, líder natural da comunidade que o perdeu.
Relembro que o P.e Joaquim Flores nasceu em 24 de Maio de 1944 na freguesia de Rossas, do vizinho concelho de Vieira do Minho. Em 15/09/68 foi nomeado pároco da freguesia de Revelhe, onde começou a sua importante acção pastoral.
Revelhe era então uma freguesia rural, tendo como subsistência unicamente a agricultura. Sem água canalizada, sem luz eléctrica, a primeira preocupação deste jovem pároco foi criar condições humanas de viver para as populações. Começou por criar uma comissão na freguesia, da qual era presidente e que iria angariar dinheiro para a instalação da luz eléctrica, o que veio a efectuar-se em 24/05/70.
Com a instalação da luz eléctrica, começa o Padre Flores a pensar no ensino. Em Outubro de 1970 fundou o ensino particular no salão paroquial. No ano lectivo de 1972/73 transformou o ensino particular em Telescola e três anos depois, em 1975/76, transformou a Telescola em Escola Preparatória, que passou a Escola C+S em 1986/87. Em 2000, passou a ser sede de Agrupamento constituído por todas as escolas das 18 freguesias situadas entre as estradas Fafe-Póvoa de Lanhoso e Fafe-Cabeceiras de Basto. Joaquim Flores esteve na Direcção ao longo de todas estas transformações, todas elas tendo o seu “dedo”.
Em 1969, assumiu a condução da pastoral das paróquias de Felgueiras, Pedraído e Medelo. Em 1979, completou os seus estudos em Língua Francesa na Alliance Française. No ano seguinte, matriculou-se no Conservatório de Música na Escola Musical Calouste Gulbenkian, tendo terminado o Curso em Educação Musical, composição e canto em 1983, para logo frequentar o Curso Superior.
Em 1994, fundou o Centro Social e Paroquial de Medelo, que veio a concluir em 1995, ano em que deixou a paróquia de Medelo e fundou o Centro Social e Paroquial de Revelhe, mais conhecido por Lar da Criança, destinado a receber crianças em risco ou em abandono que foi inaugurado em 23-06-96, nas bodas de prata da Escola C+S de Revelhe.
Por toda a sua acção e dinamismo em prol das populações e do desenvolvimento da região, a Câmara Municipal de Fafe condecorou-o em 5 de Outubro de 1996 com a Medalha de Prata de Mérito Concelhio.
De referir, finalmente, que em 1999 foi-lhe confiada a paróquia de Queimadela.
Em 30 de Janeiro de 2006, preenchidos os requisitos e formalidades legais, o Governo Português, através do Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, determinou que a Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de Revelhe e o Agrupamento Vertical de Escolas de Revelhe passassem a denominar-se, respectivamente, por Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Padre Joaquim Flores e Agrupamento Vertical de Escolas Padre Joaquim Flores. É a melhor homenagem que pode ter sido prestada ao homem que mais contribuiu para a instalação do ensino básico e secundário na zona norte do concelho.
Em 29 de Abril seguinte, o Padre Joaquim Flores foi objecto de uma grandiosa homenagem, a que se associaram as forças vivas do município, bem como Laurentino Dias, Secretário de Estado da Juventude e Desporto e presidente da Assembleia Municipal de Fafe e o Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Ortiga. Na ocasião, foi descerrada a placa com o novo nome da escola, bem como o busto do homenageado. O momento alto, seria a sessão solene de homenagem, durante a qual foram passados em revista os grandes momentos da vida de Joaquim Flores, enriquecidos por testemunhos de amigos e colegas e foi lançada a obra Padre Joaquim Flores: Uma Vida ao Serviço do próximo, que tive a honra de organizar e que contém uma longa entrevista com o Padre Flores, alguns poemas e textos em prosa do homenageado, assim como testemunhos de familiares e amigos.

Capa da obra que tive o prazer de organizar em honra
do Padre Joaquim Flores, em 2006, já lá vão cinco anos...
A somar ao sacerdote, ao educador e ao homem solidário, há a destacar o escutista, tendo chegado a ser o responsável maior e depois assistente da Junta de Núcleo de Fafe. Em 2003, pela sua brilhante e continuada actividade, foi galardoado com a Medalha de Cruz de S. Jorge Grau 1ª Classe Ouro.
Além de apicultor, o Padre Joaquim Flores foi também poeta e cronista na imprensa regional, em especial no semanário Povo de Fafe.
Inesperadamente, o Padre Joaquim Flores foi vítima de doença incurável e faleceu em 26 de Março de 2007.

Bibliografia: Artur Ferreira Coimbra, Padre Joaquim Flores: Uma Vida ao Serviço do próximo (Edição Labirinto, 2006).

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