sábado, 6 de agosto de 2011

A chegada da Volta a Portugal em Bicicleta a Fafe nos anos 60


José Manuel Leite Dantas

A meio desta semana, no âmbito do programa “Há Volta” da RTP, o fafense José Manuel Leite Dantas foi convidado a falar sobre as chegadas da Volta a Portugal a Fafe, nos anos 60, quando eram organizadas pelo Grupo Nun’Álvares, do qual era presidente.
A propósito, cedeu-nos um pequeno apontamento sobre o assunto, que queremos aqui partilhar com os nossos leitores.

O APREÇO DOS FAFENSES
A integração no Programa das Festas da então Vila de Fafe de uma prova ciclista denominada “Circuito a Fafe”, na qual sempre estiveram presentes os grandes clubes que praticavam a modalidade, casos do Porto, Benfica, Sporting, Sangalhos, Tavira e outros, e em cujas equipas se integravam os grandes nomes do ciclismo de então, é a demonstração do elevado apreço que os fafenses nutriam pelo ciclismo.

FINAIS DE ETAPAS EM FAFE ORGANIZADAS PELO GRUPO NUN’ÁLVARES
- 7 de Agosto de 1963
- 16 de Agosto de 1964
- 1966

- Também em Abril de 1974 o Grupo Nun’Álvares oficiou ao Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo a informar da sua disponibilidade para organizar, em Fafe, a final de uma etapa da Volta desse ano, mas o propósito gorou-se, pois o senhor Jorge Lara, então Presidente da Federação, exigiu-nos um pagamento de 60.000$00.

A marcação do final da etapa da Volta de 1963, para Fafe, deveu-se ao amor bairrista dos desportistas fafenses Manuel Coelho de Barros (Nelo Barros) e Aristeu Alves e também de Aurélio Márcio que, dada a sua grande influência nos meios desportistas de Lisboa, conseguiu junto do então Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Vicente Paula Martins, a sua anuência à organização desta final de etapa, por Fafe, através do Grupo Nun’Álvares.

NA LOGÍSTICA, AS GRANDES DIFICULDADES A ULTRAPASSAR

ALOJAMENTOS – Dada a grande escassez de alojamento existente na terra, na altura, em Fafe apenas havia um hotel e algumas pequenas pensões que somente poderiam alojar uma diminuta parcela das gentes da caravana, houve que ultrapassar esta dificuldade. Para tal, recorreu-se à disponibilidade de alguns proprietários de imóveis que estavam devolutos para neles se albergarem alguns elementos da caravana, desde os ciclistas aos acompanhantes. Não foi fácil esta tarefa pois, para além das limpezas que foi necessário fazer naqueles dias, também houve que arranjar camas e roupas, o que foi conseguido junto do Quartel Militar de Braga que gentilmente nos cederam aqueles equipamentos.
Foi um trabalho imenso, mas tudo se conseguiu e a contento de todos.

ALIMENTAÇÃO (Hotelaria) – Foi bem mais fácil esta componente da organização, pois todos ou quase todos os hoteleiros de Fafe, desde os mais bem apetrechados aos mais modestos, se prontificaram a colaborar com a organização fornecendo todas as refeições necessárias não só nas suas instalações como nas casas onde ficaram instalados os elementos da caravana.

OUTROS ELEMENTOS
- A montagem de um gabinete de imprensa;
- Os prémios, tanto para os ciclistas como para os acompanhantes;
- O lanche – merenda de confraternização, tanto para os directores e membros da corrida como para jornalistas e entidades convidadas (uma organização de um grupo de jovens femininas de Fafe).

Enfim, uma organização algo amadora e artesanal, vivendo de parcos recursos e muitas boas vontades locais, que contrasta vivamente com o profissionalismo, o “sponsorismo”, o investimento financeiro e o espectáculo que caracterizam a Volta nos dias que correm!
Que diferença, santo Deus!...

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