Augusto, grande Fera
A convite do presidente da Junta de Freguesia de Fafe, o meu grande amigo José Mário Silva, estou a ultimar a organização em um volume da poesia dispersa de Augusto Fera, o poeta invisual que "vê" a poesia. Uma obra a lançar lá para Setembro ou Outubro.
Estou a fazê-lo com o maior prazer, dada a insuspeita e inacreditável qualidade estética e criativa da poesia de Augusto Ferreira (seu nome de origem), que me surpreende pela litertura que nela se inscreve. Os leitores interessados vão ter oportunidade de confirmar esta asserção.
A obra reúne largas dezenas de poemas que foram publicados nos jornais locais nos últimos 50 anos, para os "livros" que não chegaram a ser publicados (sê-lo-ão dentro de meses...) Cruz de Chumbo, Remígios e Poemas Soltos, entre outros.
Para já, aqui fica o primeiro poema do livro, editado vai fazer meio século, nas páginas do semanário Povo de Fafe.
Noite Eterna
Lacrimoso, o olhar circunvaguei.
Vi em tudo o porquê da mágoa minha.
A noite merencória que espezinha
Quem busca o que me nega ignota lei.
Onde a lua das noites que varei?
O luar a que meu ser pueril se atinha,
Quando o caminho meu mais dúbio tinha
O rumo que perder jamais julguei?
Os astros que há três lustros num céu vário
Eu vi da terra mãe o campanário
Também contar com algo humano e forte?
Só sei que é frio e tredo o labirinto
E que das noites idas nada sinto,
No fundo espectral desta meia morte.
Augusto Ferreira
(cego armilense)
Povo de Fafe, 16/09/1961
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