Grandes romarias de Fafe culminam este fim-de-semana
Santuário de Nª Sª das Neves, na Lagoa |
Este fim-de-semana vai ser de arromba no município de Fafe, sobretudo nas localidades de Lagoa e de Travassós. Celebram-se as maiores romarias de Agosto, neste concelho.
Na sexta-feira (e no domingo), a Lagoa volta a acolher milhares de fafenses e de forasteiros que se deslocam, ao longo do dia, ao santuário de Nª Sª das Neves, não apenas para “tirar o diabo”, como é tradição popular, para exorcizar os demónios e os fantasmas mentais, mas também para rezar à Virgem, numa manifestação de fé que os católicos muito apreciam, num dos templos marianos mais importantes do distrito. Trata-se de uma romaria que vem já de há séculos e que tem atraído inúmeros forasteiros a esta localidade fafense, numa devoção que anualmente se repete, por esta altura.
Procissões, actos litúrgicos, bandas de música, folclore, venda ambulante e foguetório são alguns dos motivos de interesse que levam tantos romeiros às longínquas paragens de Aboim e de Várzea Cova, freguesias por que se divide o lugar da Lagoa.
No sábado e no domingo, é a vez da celebração das grandes festas em honra de Nª Sª das Graças, em Travassós, tradicional romaria do último domingo de Agosto. Espectáculos, cerimónias litúrgicas e muita alegria são igualmente os números fortes do programa desta que é uma das mais importantes romarias de Fafe, a última grande romaria do mês em curso e que leva a Travassós milhares de pessoas. Como a anterior, e todas as romarias populares, nela se misturam e fundem, harmoniosamente, as instâncias religiosa e profana, tão do agrado do povo, que sabe distinguir as águas e separar os campos.
A propósito, deixamos aqui no “Sala de Visitas do Minho” um belo poema, já com 25 anos, da autoria de um poeta fafense já falecido, Sousa Machado, e que é do seguinte teor:
Nossa Senhora das Graças
Ao Dr. António de Barros e Vasconcelos
-com admiração e estima
Nossa Senhora das Graças
Dá-me a Esperança que perdi
Agradeço que assim faças
- Nem sempre a vida sorri...
Nossa Senhora das Graças
Que manto tão bonitinho...
Levantei as mãos aos Céus
Numa sincera oração
E fitei os olhos Teus
Abri-Te o meu coração.
Nossa Senhora das Graças
Que olhar tão terno e tão doce!
O mundo à volta é abismo
Nada de bom pode dar
Pois por isso eu penso e cismo
Mesmo aqui junto ao altar.
Nossa Senhora das Graças
Que linda Imagem, Senhora!
Os sonhos vão acabando
Que não acabe a Esperança
Que a Senhora abençoando
Dá-nos a fé e a bonança.
Janeiro, 1986
(Justiça de Fafe, 30/01/1986, p. 1).
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