Após um almoço camiliano realizado no parque de lazer de Pardelhas, apoiado pela Junta de Freguesia de Fafe e envolvendo os participantes na ação de formação, no âmbito das III Jornadas Literárias, na tarde do passado sábado, centenas de pessoas rumaram à Quinta do Ermo, em Paços, onde foi feita a recriação de trechos camilianos e percorrido, com emoção, o caminho camiliano.
Os Restauradores da Granja delinearam o percurso e colaboraram na encenação de páginas da obra Memórias do Cárcere, em que Camilo Castelo Branco relata a sua chegada e estadia na casa do Ermo, do seu amigo José Cardoso Vieira de Castro, entre Junho e Julho de 1860.
As Juntas de Freguesia de Paços e de Golães esmeraram-se na reconstituição da pacata vida rural de há décadas atrás. Ao longo do trajecto que nos levou do Ermo à Ponte do Barroco, e regresso à casa dos Vieiras de Castro, pudemos deliciar-nos com a reconstituição das principais actividades agrícolas da região, como a poda, a lavra e sementeira das terras, as ceifas, as colheitas, as malhadas do milho e do centeio, a confecção dos artigos em palha (chapéus e outros artefactos), o artesanato, os trajes dos fidalgos e do povo, as brincadeiras das crianças daqueles tempos, entre muitos outros motivos de interesse e de regalo para os olhos e para a memória dos mais velhos, e aprendizagem dos mais novos.
Também as danças e a festa não foram esquecidas, por acção do Rancho Folclórico de Paços, que tão bem se houve no caminho e, ao final da tarde, na eira do Ermo.
De parabéns estão todos os que se empenharam nesta fabulosa reconstituição histórica: as Juntas de Freguesia, os Restauradores da Granja, os extraordinários figurantes das personagens Camilo Castelo Branco, José Cardoso Vieira de Castro e sua esposa Claudina Guimarães (com excelentes encenações quer no Ermo, quer no Barroco), o grande animador Carlos Afonso e tantos outros colaboradores.
Tive a honra de apresentar algumas considerações sobre as relações, na vida e na literatura, entre o então proprietário da casa, José Cardoso Vieira de Castro, a sua vida desventurada em busca da glória e o seu amigo Camilo, que aqui esteve fugido à justiça, pelo crime de adultério com Ana Plácido, com base nas páginas que o grande romancista de Ceide nos legou. Quer nas Memórias do Cárcere, quer nos Mistérios de Fafe, obra maior da bibliografia camiliana, quer nas conhecidas comédias teatrais em torno do Morgado de Fafe.
Uma tarde inesquecível, que honrou as Jornadas Literárias de Fafe e enriqueceu extraordinariamente quem a elas teve o privilégio de assistir.
Aqui ficam algumas fotos destes momentos de magia, pela máquina do Jesus Martinho!
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