quinta-feira, 21 de junho de 2012

“Recordações de Fafe”: obra musical de Arthur Napoleão dedicada ao Comendador Albino de Oliveira Guimarães (Séc. XIX)

Há perto de três décadas, a mão amiga do grande António Fernandes de Barros fez-nos chegar esta raridade, “sacada” de uma biblioteca musical de S. Paulo, no Brasil. Nada mais nada menos que a obra “Recordações de Fafe (Souvenir de Fafe)”, op. 69, para piano, do compositor portuense Arthur Napoleão, editada no Rio de Janeiro em finais do século XIX e dedicada ao Comendador Albino de Oliveira Guimarães (1834-1908), um ilustre brasileiro fafense profundamente ligado aos mais significativos empreendimentos levados a cabo em Fafe, nos finais do século XIX e primeiros anos do seguinte. Aqui ficam algumas breves notas sobre este fafense que importa divulgar.
Aquando da fundação dos Bombeiros, em Abril de 1890, contribuiu com a avultada quantia de 100 mil réis para a corporação. Em 1892, era inaugurado festivamente o Jardim do Calvário, de que Albino Guimarães foi o principal impulsionador. Pertenceu, depois, à Comissão Iniciadora da Igreja Nova, cujos trabalhos começaram em 1895 e para a qual contribuiu com avultada quantia. Antes, havia-se empenhado na construção do Hospital (1863) e foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia, beneficiando-o imensamente durante o período em que exerceu o cargo.
Em 1907, participou nas festividades comemorativas da chegada do comboio a Fafe, com outros brasileiros ilustres da então vila, emigrados no Rio de Janeiro.
Em Fafe, construiu, na Avenida da Estação, a sua casa urbana, em 1908, a chamada “Casa do Comendador”, onde actualmente se encontra instalada a Repartição de Finanças. Apesar disso, a modéstia era a melhor coroa de triunfo que lhe assentava, como escrevia o jornal O Desforço, por altura do seu falecimento, em 6 de Março de 1908, com 74 anos de idade.
Voltando a Arthur Napoleão dos Santos, que nos trouxe cá: nasceu no Porto, em 8 de Março de 1843 e faleceu no Rio de Janeiro em 12 de Maio de 1925.
Foi pianista, concertista, professor, compositor e editor de música.
Aos 7 anos de idade, em companhia do pai e de dois irmãos, deu o seu primeiro concerto de piano que obteve grande repercussão no meio musical europeu. Actuou para os grandes monarcas europeus da época (rainha Vitória de Inglaterra, rei da Prússia e Napoleão III de França).
Em 1857, com 14 anos, partiu com o pai para o Brasil, onde fez uma estrondosa tournée que se estendeu ao Uruguai e à Argentina. Voltou ao Porto no ano seguinte para actuar no Teatro S. João e em 1865 para a inauguração do Palácio de Cristal.
Apaixonado pelo Brasil, pela música (e pelo xadrez), fixou-se definitivamente nesse país. Em 1868, abre um grande estabelecimento de pianos e músicas, funda uma revista musical e conhece o escritor Machado de Assis. Foi professor de Chiquinha Gonzaga, notável compositora brasileira, abolicionista e republicana.
Compôs e publicou mais de uma centena de obras, entre as quais destacamos Camões, Arco de Santana, Romance e Abanera, A Brasileira, Murmúrios do Tejo e Recordações de Fafe.
Ainda hoje é o patrono da cadeira número 18 da Academia Brasileira de Música e o patrono da Academia de Enxadristas do Brasil.
É ainda hoje considerado um dos maiores músicos luso-brasileiros do seu tempo!
Junta-se a partitura do "capricho caracteristico para piano", para os interessados e estudiosos:








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