Pela primeira vez, em trinta anos de vida activa, fui espoliado do meu direito ao subsídio de férias. Tal como 600 mil funcionários públicos, que vão dos professores aos juízes e dos polícias aos médicos e aos militares. Que, pelo que me informam blogues e redes sociais, mas me recuso a acreditar, os deputados de todas as bancadas, se recusam a abdicar. Ou seja, recebem o subsídio, como se estivéssemos em tempo de vacas gordas e como se os trabalhadores em funções públicas que auferem vencimentos acima dos 600 euros não estivessem sujeitos a cortes graduais, que se transformam em totais a partir dos 1 100 euros.
Estava eu a pensar nisso e a ouvir na televisão que os trabalhadores portugueses (não todos, certamente, porque estes cortes apenas atingem os funcionários públicos, que acumulam ainda cortes progressivos do vencimento mensal, a partir de determinado valor, que é para não terem a mania de pensar que estão ao serviço da coisa pública, numa altura em que o que é privado é que é fixe, e o resto que se lixe…) perderam qualquer coisa como 23% do poder de compra desde 2010, o que é uma enormidade, sem qualquer dúvida.
E ainda vem o imbecil do Cadilhe propor um imposto de 4% ao ano sobre o rendimento de todos os portugueses, “a bem da Nação”: que o pague ele e os seus mui amigos do BPN e afins. Que paguem as grandes fortunas, que não têm contribuído nada para minorar a crise. Que paguem os Belmiros, os Mellos, os Alexandres Soares dos Santos, os Paulos Teixeira Pinto, os António Borges., os Jardim Gonçalves e tantos outros que têm muito por onde expressar a sua “solidariedade activa” neste momento difícil que o país atravessa, sem ser apenas o 31 de boca.
Eu para esse peditório já dou e mais que dou: além de um corte mensal injustificado, dois subsídios saqueados pelo seu amigo de Massamá a partir deste ano. Ainda quer mais? Vá ao Totta, ao BPP ou ao BPN. Se pensa que sou a Santa Casa da Misericórdia bateu à porta errada. Está lá o seu companheiro Santana Lopes.
O secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, prometeu esta semana que os subsídios serão repostos «logo que possível». É claro que isto não quer dizer nada. É apenas para enganar meninos e comer-lhe as papas na cabeça. Como nada quis dizer quando o ministro Vítor Gaspar primeiro anunciou que os subsídios começariam a ser repostos a partir de 2015, mas depois já só eram 25%, gradualmente, até 2018. Tudo aldrabice. Posteriormente, recusou-se já com uma data específica para o regresso destas prestações, que foram suspensas para funcionários públicos e pensionistas, afirmando (como se não se soubesse isso dias antes) que há uma «considerável incerteza» à volta da evolução da economia portuguesa e da europeia. Que grande novidade!...
Mais disse o supersónico ministro Gaspar: «Não é possível de forma definitiva projectar o que vai acontecer nos anos seguintes», pelo que a hipótese de repor 25% dos subsídios em 2015 é uma mera «perspectiva técnica» e não «um compromisso».
Estamos conversados. É tudo treta. Conversa fiada. Os funcionários públicos que esperem sentados, para não ganharem varizes, que com este governo nem em 2020 lá vão!...
Parafraseando o secretário Hélder Rosalino, julgo que está na altura de os funcionários públicos também começarem a tomar posição e afiançarem, sem qualquer receio: votaremos, “logo que possível”!
Esta gente merece o respeito que merece.
Assaltam-nos as carteiras e ainda têm o desplante de nos querem de cara alegre, bem dispostos, cheios de optimismo como se apenas houvesse amanhã. É preciso muita cara de pau!...
1 comentário:
Dr. Artur Coimbra, boa noite!
Claro que com este governo os subsídios nunca serão repostos. O meu marido, como agente da P.S.P., também sofreu um corte mensal e ficou sem os dois subsídios. Somos "roubados" descaradamente e ainda querem mais.
Em relação aos deputados de todas as bancadas se recusarem a abdicar dos seus subsídios, muito tenho lido sobre o assunto e, sim, é verdade.
Beijinho,
Ana Martins
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