sexta-feira, 22 de junho de 2012

Votaremos, “logo que possível”!

Pela primeira vez, em trinta anos de vida activa, fui espoliado do meu direito ao subsídio de férias. Tal como 600 mil funcionários públicos, que vão dos professores aos juízes e dos polícias aos médicos e aos militares. Que, pelo que me informam blogues e redes sociais, mas me recuso a acreditar, os deputados de todas as bancadas, se recusam a abdicar. Ou seja, recebem o subsídio, como se estivéssemos em tempo de vacas gordas e como se os trabalhadores em funções públicas que auferem vencimentos acima dos 600 euros não estivessem sujeitos a cortes graduais, que se transformam em totais a partir dos 1 100 euros.
Estava eu a pensar nisso e a ouvir na televisão que os trabalhadores portugueses (não todos, certamente, porque estes cortes apenas atingem os funcionários públicos, que acumulam ainda cortes progressivos do vencimento mensal, a partir de determinado valor, que é para não terem a mania de pensar que estão ao serviço da coisa pública, numa altura em que o que é privado é que é fixe, e o resto que se lixe…) perderam qualquer coisa como 23% do poder de compra desde 2010, o que é uma enormidade, sem qualquer dúvida.
E ainda vem o imbecil do Cadilhe propor um imposto de 4% ao ano sobre o rendimento de todos os portugueses, “a bem da Nação”: que o pague ele e os seus mui amigos do BPN e afins. Que paguem as grandes fortunas, que não têm contribuído nada para minorar a crise. Que paguem os Belmiros, os Mellos, os Alexandres Soares dos Santos, os Paulos Teixeira Pinto, os António Borges., os Jardim Gonçalves e tantos outros que têm muito por onde expressar a sua “solidariedade activa” neste momento difícil que o país atravessa, sem ser apenas o 31 de boca.
Eu para esse peditório já dou e mais que dou: além de um corte mensal injustificado, dois subsídios saqueados pelo seu amigo de Massamá a partir deste ano. Ainda quer mais? Vá ao Totta, ao BPP ou ao BPN. Se pensa que sou a Santa Casa da Misericórdia bateu à porta errada. Está lá o seu companheiro Santana Lopes.
O secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, prometeu esta semana que os subsídios serão repostos «logo que possível». É claro que isto não quer dizer nada. É apenas para enganar meninos e comer-lhe as papas na cabeça. Como nada quis dizer quando o ministro Vítor Gaspar primeiro anunciou que os subsídios começariam a ser repostos a partir de 2015, mas depois já só eram 25%, gradualmente, até 2018. Tudo aldrabice. Posteriormente, recusou-se já com uma data específica para o regresso destas prestações, que foram suspensas para funcionários públicos e pensionistas, afirmando (como se não se soubesse isso dias antes) que há uma «considerável incerteza» à volta da evolução da economia portuguesa e da europeia. Que grande novidade!...
Mais disse o supersónico ministro Gaspar: «Não é possível de forma definitiva projectar o que vai acontecer nos anos seguintes», pelo que a hipótese de repor 25% dos subsídios em 2015 é uma mera «perspectiva técnica» e não «um compromisso».
Estamos conversados. É tudo treta. Conversa fiada. Os funcionários públicos que esperem sentados, para não ganharem varizes, que com este governo nem em 2020 lá vão!...
Parafraseando o secretário Hélder Rosalino, julgo que está na altura de os funcionários públicos também começarem a tomar posição e afiançarem, sem qualquer receio: votaremos, “logo que possível”!
Esta gente merece o respeito que merece.
Assaltam-nos as carteiras e ainda têm o desplante de nos querem de cara alegre, bem dispostos, cheios de optimismo como se apenas houvesse amanhã. É preciso muita cara de pau!...

1 comentário:

Unknown disse...

Dr. Artur Coimbra, boa noite!
Claro que com este governo os subsídios nunca serão repostos. O meu marido, como agente da P.S.P., também sofreu um corte mensal e ficou sem os dois subsídios. Somos "roubados" descaradamente e ainda querem mais.
Em relação aos deputados de todas as bancadas se recusarem a abdicar dos seus subsídios, muito tenho lido sobre o assunto e, sim, é verdade.

Beijinho,
Ana Martins